segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

NO COMEÇO DO NOVO ANO


 
O mar na sua cor verde escura, realça o branco das pequenas ondas que de onde em onde se vão formando e desfazendo. A sua cor é reflexo do céu brumoso deste primeiro dia do ano de 2012.
As gaivotas, com a sua cor clara, pousadas nas rochas, criam uma pintura pontilhista na paisagem.
O vento sopra vergando as pequenas árvores que existem no limite do areal, como sempre acontece nas nortadas deste zona minhota.
Dentro do carro observo atentamente, quase sem perceber que o faço deixando-me levar como que hipnotizado, entrando num estado, em que a realidade e a inconsciência se tornam intermitentes.
As imagens misturam-se, tão depressa sentindo a pele da anca roliça, como de repente a espuma da onda que bate na rocha, metáfora de um orgasmo. De seguida, o silêncio das imagens, somente o ruído do vento e do mar, numa osmose perfeita, entre dois mundos.
O sorriso fugaz surge sugerido pela nuvem que no céu apareceu, rosto enquadrado pelo cabelo palha, como sendo escovado lentamente pelo vento que fustiga a costa. Tudo se desenvolvendo no mesmo momento. Nem nuvem, nem rosto. O stress vai-se diluindo e há uma paragem no tempo, entre a realidade e o inconsciente. O vazio.
A gaivota em voo picado sobre o areal, de repente se endireita e fica suspensa no ar pela força do vento. As asas, em ligeiro agitar, suspendem a imagem como se em pose para ser fotografada, do mesmo modo, o meu olhar fica parado e tudo na mente deixa de existir, só respiração, vento, mar e gaivota. O mundo, a vida, desaparecem fica só a terceira dimensão.

O novo ano começou e na realidade me perco, não sei onde estou.

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