terça-feira, 27 de março de 2012

UM DE NÓS TINHA PARTIDO


A tarde chega, com o sol na sua brandura, iluminando as árvores de cores suaves. um arrepio percorre-me o corpo. apetece-me abraça-las e sentir a sua seiva correr, alimentando as folhas nas extremidades. sentindo como teu corpo vivo em meus braços.
Penso em ti. distante, sem palavras, sem o aconchego da tua voz na melodia dos sentidos. sem o teu cheiro, sem o teu cabelo roçando-me as faces, sem os teus lábios saboreando os meus, sem as mãos entrelaçadas, de igual modo sentindo a vida em nós.

Uma espécie de melancolia primaveril se vai instalando, enquanto percorro o caminho, entre as árvores. Os pássaros, no seu chilrear intenso recolhem aos seus ninhos, como se fossemos nós regressando a casa. A mente perde-se em nenhures, como se em cada passo dado, entrasse em transe meditativo, cada vez mais profundo, esquecendo o que me rodeia.

A noite assenhorou-se do dia, e de mim, deixando-me navegar sem rumo. Apercebi-me de repente que tinha chegado a casa. casa onde não queria entrar, porque sabia que faltavas tu. Há muito tinhas partido, com a promessa de voltar, mas nunca mais o fizeras. deixaste espalhadas as lembranças, que marcaram o teu tempo e a tua presença, sem nunca perceber o por quê. A sensação de vazio, fazia-me crer que o meu amor, não era o teu amor.

Entrei, sentei-me no sofá, e fiquei quieto, no lusco-fusco que cobria a sala, deixando que a escuridão me fosse inundando. Não sei como aconteceu, mas de repente vi-te, como suspensa no ar, toda vestida de negro, com corpo de costas para mim, rodando a cabeça em silêncio, olhando-me fixamente e... de repente abro os olhos. tinha adormecido. a minha visão, tinha sido um sonho, que me dizia, que um de nós tinha partido.

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