quinta-feira, 21 de março de 2013

A PrimaVera



Entrou a primavera, que nem é prima nem vera. Entrou com o frio e sol intermitente. As plantas quase não se atrevem a florir com medo de enregelar e morrerem antes de nascerem.
Já nada é como dantes – saudosista ?– as estações do ano vão-se alterando como as nossas vivências, que se têm de adaptar aos novos ventos que sopram da Europa.

É pena que a alegria morra nos lábios, cerrados de raiva contida, de fome sentida, de impotência perante a violência moral social, politica e económica, com que somos premiados, neste cantinho plantado à beira mar.


Não entramos na primavera, porque a prima, é vera e não deixa. mataram-nos o amor, a alegria, e querem que os lábios se abram em sorrisos de plástico. Eles não sabem que se abríssemos os lábios escorreria sangue da língua trilhada pela raiva, dos pulmões doentes, do coração ferido, da contenção e da fome.


Esta seria a estação do ano em que gostaríamos de ver os pássaros em agitação, as plantas a florir, as crianças a encher o ar de gritos de alegria, os corpos a largarem as roupas pesadas do inverno, bebermos um café na esplanada do jardim, sentir a energia e prazer da vida. E porque não? O que nos impede, de gritar bem alto a nossa primavera para que se cumpra?


Abril está aí a chegar carregado de memórias. Aproveitemos para recapitular o que se passou, que nos fez sorrir, ter esperança e acreditar em cravos a florir. De nós depende semear e colher o seu aroma, a sua beleza e de com eles enfeitar novas vontades, nova esperança, uma outra alegria, uma Pátria que deve renascer.

DC

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