domingo, 13 de abril de 2014

FUI AO CONCERTO..


O público vai-se sentando, a sala vai ficando cada vez mais composta, Os músicos ensaiam os instrumentos, naquele fraseado desorganizado dos múltiplos sons que deles saem, quase parece uma conversa, em que todos falam e ninguém ouve. É todo um ruído que dá para observar e pensar como se constrói e se vive a música. O público e músicos, afinal ambientam-se e preparam-se para o concerto. É um ambiente único. De repente o silêncio, O chefe de orquestra entra..e todos os músicos se levantam, Palmas e silêncio... começa o encanto.
A música tem uma linguagem sofisticada de comunicação. O cérebro entende a sua abstracção, e não se conseguem encontrar as palavras que descrevam, ou expliquem o que nós percebemos, ou sentimos, naquele jogo de notas musicais que nos fazem viajar mentalmente a diversos lugares, com diferentes paisagens e ambientes. Por vezes flutuamos, outras entramos bem terra dentro, outras ainda ficamos num limbo do qual nos custa sair.

Não sou um aficionado pelos concertos musicais, não, por que não goste da música, ou do ambiente, mas porque me disperso em relação ao importante, a escuta. Perco-me na leitura de cada instrumento e seu músico, fico fascinado pela forma como ele se envolve com a música e consegue tirar de um objecto morto, todos aqueles sons.
O meu olhar por vezes faz-me abstrair de tal modo, que só acordo para o conjunto da peça quando o maestro, faz entrar na composição os violinos ou a repercussão de forma intensa. De qualquer modo, mesmo assim, são muito mais os momentos em ouço a todos naquele jogo harmonioso e sedutor da orquestra, não sem que o pensamento de quando em vez traia a minha escuta e me faça pensar nos pormenores...”Como consegue o maestro dirigir a orquestra e levar aqueles, indivíduos todos através da batuta? Como é que ele consegue memorizar milhares de notas, para cada instrumento? Como é que músicos e maestro, mesmo com a pauta à frente conseguem manter na memória a vibração de cada nota e a forma como ela se entrelaça com as outras?”.
É claro que a música ao vivo trás uma qualidade de som mais pura e natural, não existe a correcção, tudo sai como tem de sair, com as afinações, o toque do maestro, a disposição com que cada um encara de diferentes formas o concerto, inclusive os que ouvem e só. Como uma boa colheita do melhor vinho, é única. É ali no concerto que a orquestra e todos os seus componentes são submetidos a julgamento pelo público, quanto ao objectivo e qualidade.

Assim me perco eu, ouvindo e observando, mas ainda mais motivado para chegar a casa e ligar o aparelho de som, e voltar a ouvir as mesmas músicas, Agora sentado no sofá de olhos fechados e deixando-me ir pelo universo que ela me vai transportado.

Uma coisa é certa, a partir de agora antes de ir a um concerto, vou
primeiro ouvir o reportório em casa, podendo observar sem me perder quanto à qualidade de execução do que ouço.

DC

>UM pPensamento depois de ter assistido ao concerto de celebração dos 500 anos do Foral de Matosinhos, na Casa da Música