O Setembro definha, perpassado pela chuva que presenteou os dias. Parte, é arrumando para um qualquer canto escuro da cave do calendário, marcando o ano que decorre sem que reste saudade. Fina-se, como um Verão sem glória.
O Sol não chegou para colorir os lábios de sorrisos, não descansou os corpos, alimentou as angústias trazidas nos cinzentos da economia de crise.
Eis-nos chegados ao Outono, sem que as folhas tenham conseguido ainda as colorações quentes das tonalidades terra. Não tiveram tempo de se fatigarem de existir nos galhos das árvores, nem obtiveram o bronzeado bonito de um verão quente e aconchegante.
As crianças que se estreiam nos caminhos da escola, sentem-se mais perdidas, pela insuficiência do mar e da areia da praia, pela ausência das brincadeiras no meio das matas e arvoredos, das brincadeiras no parque exuberante de um verão a sério. Também todas as outras gentes se sentem incompletas, fatigadas para recomeçar um novo ano, e mais inconformadas pelos sacrifícios a que têm sido submetidas pela governação da pátria.
Resta-nos encarar o espelho e observar o estafermo que se nos depara, afivelar um sorriso que nos faça rir por dentro, nos tempere os humores e alimente a força que nos faz acreditar, que ainda há muito coisa porque vale a pena lutar.
DC
terça-feira, 23 de setembro de 2014
Um Verão sem glória.
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Foto: Diamantino Carvalho
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