domingo, 11 de janeiro de 2015

Humana Quanto possível




As cores quentes envolviam-na, eram um apelo a libertar-se, mas ainda era cedo para o fazer. A natureza a protegera dando-lhe meios de defesa. O seu futuro seria multiplicar-se distribuindo sua semente por terrenos férteis, na altura adequada e no tempo certo. Sabia da sua beleza e da tentação que provocava, mas refugiava-se. Ficava ali apanhando o sol, perante o qual não se fazia rogada expondo toda a sua magnitude. Não descurava a guarda e deixava bem evidente os pequenos apêndices que a protegiam e a levaria a rolar para outras paragens. Com o correr dos tempos perderia a cor exuberante e tornar-se-ia mais vulnerável, nessa altura esperava encontrar o lugar certo para os derradeiros momentos, legando à terra todos os seus bens esperando que eles proliferassem dando origem a novas vidas e esperanças.
A vida era isso mesmo, humana quanto possível, tão simples e despida de si própria, quanto a natureza onde se refugiava para se reencontrar.

DC

Sem comentários:

Enviar um comentário