Descarregou a noite no disco rígido dos dias,
como se quisesse manter eternamente guardada a escuridão, preservando o dia. A noite trazia-lhe os cansaços, as tristezas, a vida
com seus embaraços, os ruídos nitidos, vigorosos, como todos os sons na calada
da noite, tudo isto preso a uma certeza que se fundia com o pior das memórias.
Prendia os olhos no monitor, a sua luz referenciava o espaço em volta, assim se deixava ir agarrando palavras, imagens e estórias que se confundiam com as que ía inventando. Não se queria preso às paredes manchadas de figuras fantasmagóricas, que conformavam o habitáculo. Fugia, mantendo-se no mesmo lugar, alimentando a falsa ideia de que tudo mudava, para que o dia chegasse mais depressa.
Já houve um tempo, em que as noites se preenchiam em volta de uma mesa, em tertúlias de amigos, vivas e participadas, que acabavam pela madrugada sentados na borda de um qualquer passeio das ruas da cidade, Houve outras, que decorriam na observação do luar iluminando a terra, onde o seu silêncio só era interrompido com as vozes sussurradas no amor, que se fazia debaixo das estrelas correndo o céu.
Anseia que o dia chegue, trazendo-lhe o céu azul, a luz do sol afastando-o das paredes fechadas de penumbra, a brisa beijando-lhe a face e o ruído das vozes indistintas, coladas ao trinar dos pássaros, que enchem o ar. Nesse momento se rejuvenesce e tudo tem outro sentido. E volta a esperança de que o seu rosto surja a qualquer momento de entre um virar do dia. Não que a realidade não seja crua, por vezes, até as nuvens cinzentas perturbam, mas é muito mais visível e sem fantasmas. Vê o amigo e o inimigo, percebe o mexer dos lábios com as palavras que deles saem, olha nos olhos e lê as pessoas, Sente o prazer da leitura, na esplanada de um qualquer café, ou o prazer de um passeio à beira mar. Sente o mundo com a cor e brilho que a noite não possui. É a paz entrando em si, como o soro no sangue ajudando a superar a doença, Por isso, quando o dia nasce, a vida acontece.
dc
Prendia os olhos no monitor, a sua luz referenciava o espaço em volta, assim se deixava ir agarrando palavras, imagens e estórias que se confundiam com as que ía inventando. Não se queria preso às paredes manchadas de figuras fantasmagóricas, que conformavam o habitáculo. Fugia, mantendo-se no mesmo lugar, alimentando a falsa ideia de que tudo mudava, para que o dia chegasse mais depressa.
Já houve um tempo, em que as noites se preenchiam em volta de uma mesa, em tertúlias de amigos, vivas e participadas, que acabavam pela madrugada sentados na borda de um qualquer passeio das ruas da cidade, Houve outras, que decorriam na observação do luar iluminando a terra, onde o seu silêncio só era interrompido com as vozes sussurradas no amor, que se fazia debaixo das estrelas correndo o céu.
Anseia que o dia chegue, trazendo-lhe o céu azul, a luz do sol afastando-o das paredes fechadas de penumbra, a brisa beijando-lhe a face e o ruído das vozes indistintas, coladas ao trinar dos pássaros, que enchem o ar. Nesse momento se rejuvenesce e tudo tem outro sentido. E volta a esperança de que o seu rosto surja a qualquer momento de entre um virar do dia. Não que a realidade não seja crua, por vezes, até as nuvens cinzentas perturbam, mas é muito mais visível e sem fantasmas. Vê o amigo e o inimigo, percebe o mexer dos lábios com as palavras que deles saem, olha nos olhos e lê as pessoas, Sente o prazer da leitura, na esplanada de um qualquer café, ou o prazer de um passeio à beira mar. Sente o mundo com a cor e brilho que a noite não possui. É a paz entrando em si, como o soro no sangue ajudando a superar a doença, Por isso, quando o dia nasce, a vida acontece.
dc
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