quarta-feira, 24 de abril de 2019

Aos "Tóxicos"


Somos um intervalo, no tempo que decorre na vida de alguns. O intervalo, em que preenchem as dúvidas, enquanto o tempo corre apressado. Um espaço aberto, dado como certo para o desabafo. Espaço de excelência, onde descansam e dividem a consciência. Um depósito onde deixam as suas angústias e as suas dores.
Somos quem querem que mude, porque não modificam quem queriam que mudasse, laboratório de experiência, das suas análises, das suas dúvidas, das suas crenças.
Somos tudo e nada, perante as suas razões, que estão acima de todos.
Nós somos, quem somos, nesse intervalo de todos, sem que procurem saberem nada de nós. Alguns chamam a isso confiança, porque lhes convém, outros chamam-lhe afinidade para tentar chamar-nos para o seu campo de interesses. Alguns até nos chamam irmãos, primos, pais, amigos, anjos, e todos os adjectivos colados para o justificarem. Na realidade esses muitos, para quem “somos”, não são mais que uns quantos indiferentes, incapazes de assumirem os seus próprios erros, virtudes e defeitos, que procuram sobrecarregar as nossas consciências, com as preocupações que os acometem, assim dividindo.
Cansamos de ser espaço morto, no tempo que decorre na vida de alguns que se lembram de chorar no ombro as putices que cometem para aliviar a sua própria carga. Cansamos de ser um intervalo, das suas memórias, quando à sua volta, já nada nem ninguém abre o seu peito e os seus ouvidos, às suas dores desgraças ou alegrias. Cansamo-nos de ser tão maus como eles próprios, passando por compreensivo, experiente, social, amável, bom escutador, ou até cofre de segredos.
Os meus amigos verdadeiros são menos que os dedos de uma mão, para esses eu sou o que existe, visto a pele do que são e vivo as sua vidas como se da minha fosse. Esses outros, os tais outros para quem somos, que vão à merda nem no Natal têm perdão.

dc

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