domingo, 21 de abril de 2019

Quanto tempo mais?



Corre contra a corrente, se nadasse afogava-se rapidamente. A espera é dolorosa quando deixamos ao outro a capacidade de decidir, no seu tempo, quando quer, ou não, dar o passo para o patamar seguinte. Ficamos sem força de decisão, para avançar, ou parar, e, inexoravelmente, vamos deixando a chama diminuir na sua intensidade, quando reparamos só restam as cinzas e o calor desapareceu.
Há marcas que não se apagam, vão-se desvanecendo, como um calo ósseo que vai sendo absorvido no correr dos meses, mas a cada variação atmosférica nos vai lembrando o que aconteceu, com aquela sensação aborrecida que nos traz à memória o que não queremos reviver.
O calor doentio, e a humidade a ele colada, se faz presente nesta data da chamada ressurreição, que todos os anos se repete. Comunica o falar da morte, seca a garganta, afasta as palavras e o cérebro fica como pasta gelatinosa que não encontra caminho para se fazer sentir, somente se molda aos momentos. É nesta apatia, como se dum coma social se tratasse, que se deixa ficar olhando a quebra do rio e os espelhar nas águas, lembrando que muita água correrá debaixo das pontes até que a paciência se esgote junto com a esperança
.

dc

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