domingo, 17 de novembro de 2019

A estória segue dentro de momentos


Na pausa, olho a janela onde a água da chuva escorre, imagino o frio e a humidade que se deve sentir lá fora. Sinto um arrepio de prazer e dou uma olhada ao quarto. No chão um montão de coisas, roupas, sapatos, carteira, chaves, um tabuleiro com chávenas. Penso para mim, não, não vou começar o dia antecipando a morte da noite. Deixarei que o resto do dia decorrer sem planos, como quem escreve ao correr da pena, assim farei com os minutos e as horas que virão. Tudo acontecerá como tiver de acontecer. Se agora estamos no bem-bom, no meio dos cobertores térmicos, desnecessários, tal é o calor dos nossos corpos, para que temer onde acabaremos o dia, como será a noite, ou se não é para durar? O melhor é viver as delícias do reencontro, fazer o aqui e agora. Não vale a pena sofrer de antecipação, pensando se surgirão as discussões do costume. Se rirmos livremente, deixarmos o corpo solto, entre prazer e interlúdios, até que o cansaço nos apele ao sono, talvez seja mais saudável. O fim da estória, só é escrito depois dos acontecimentos, caso contrário é um fim de um romance qualquer. Eu acho que as coisas entre nós, nunca se repetem, são sempre diferentes, mesmo que o fim possa ter contornos idênticos, existe até a hipótese dele não surgir. Livres daquela questão, de que temos que fazer o que está certo, ou o que esperam de nós, assim a nossa estória, segue dentro de momentos e pode durar num eterno reencontro.

dc

Sem comentários:

Enviar um comentário