domingo, 26 de julho de 2020

Ela ama o sol e o mar


 Ela falava adivinhando pensamentos. Um dia conhecera-o, mais de perto e com alguma intimidade, mas assustou-se com o que descobriu e fugiu. Prendeu o olhar debaixo dos óculos escuros que dominavam o rosto. Os lábios tinham perdido o sorriso e ficaram presos a uma linha inexpressiva. Ele ficou retido na paragem que a viu partir, sem ter a inteligência e sabedoria para desvendar a origem do acontecido. Talvez ela pensasse que ele seria o príncipe encantado, surgido do beijo, mas na realidade a magia não aconteceu, continuou sapo fora da história. Anos mais tarde, se confessou, sorrindo na serenidade dos dias, só, vivendo no seu timing, amando o mar, e o sol que não traía as suas expectativas, trazendo-lhe vida e alegria, mesmo quando as nuvens o mascaravam. Ela adorava acordar com o sol e o seu adormecer vermelho, quente, enchendo o céu repousando sobre o mar, abrindo a porta à lua que chegava. Adorava adormecer com a lua beijando-lhe o corpo e a brisa fresca que o sossegava. O outro não era o príncipe, mas não ficou sapo para sempre, era agora uma referência amiga com o qual as falas e a liberdade se expressavam, mantendo aberta a porta às histórias dos dias. Longa era distância, perto a apreciação do mar e o sol que a ambos fazia feliz.

dc

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