Adorava que toda ela tivesse
aquela cor, transparente, do mel. Apaixonara-se pelo seu rosto de olhos
rasgados, de um preto profundo, e pelo seu cabelo negro, que no seu esvoaçar,
lhe realçava as linhas das faces. A sua boca era carnuda de lábios rubros, entreaberta
num sorriso ténue, descobrindo levemente a brancura dos seus dentes. Todo o seu
corpo sinuoso insinuava grandes voos, os pés pequenos harmoniosos, apetecendo
beijar, as mãos de dedos delicados, completando a palma da mão, sugeriam a seda
e sinfonias de carícias. O ventre liso, desenhava e realçava as coxas roliças
perfeitas, e um afrodisíaco odor, acicatado pelo desejo, que de si, trazia a
promessa incalculável de sensualidade e prazer. A imagem permanecia, no disco
rígido. O caminho faz-se caminhando. A realização dos sonhos faz-se, quando nos
disponibilizamos para ultrapassar distâncias e continentes se necessário, para
que, nos mistérios do “karma”, se encontrar aquele ser que povoa os nossos sonhos
e insónias, de modo repetitivo, como se dum dom trazido desde o lugar de
nascença, aquele lugar. Agora abraçados, desfilávamos falas, entrecortadas pela
repetição dos gestos, que nos enleavam levando-nos cada vez mais longe na
descoberta. O relógio deixara de contar o tempo, nada de mais importante havia
para fazer se não aquele permanecer.
dc
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