sábado, 31 de julho de 2021

Entre lá e cá

 

Só nos apercebemos que a vida nos envelhece, quando acordamos para o dia com esperança de que o inusitado aconteça, quebre a rotina e que o lugar dos sonhamos se torne a realidade futura. Talvez até, que aquele sentimento, a que alguns, mais conhecedores, chamam de amor, surja num piscar de olhos, ou num sorriso vindo do nada, e o possamos sentir bem fundo. Ao olhar aquele corpo jovem com colar de pequenas pérolas, desenhando o colo do seu pescoço esguio, ele se pergunta, porque não eu, ser razão merecedora do seu olhar do seu desejo, da sua alegria e presença na sua vida? As pérolas que no peito baloiçam o hipnotizam, durante breve instante. Entre a vontade, o desejo e as subtilezas da esperança, adormeceu, inclinando a cabeça sobre o peito, ao jeito de corpo morto e tudo se confundiu numa espécie de limbo, sem que a materialidade se tornasse palpável.
As ondas vão-se espraiando no areal e o vento forte traz os borrifos, que caem sobre o seu corpo despertando-o. Absorto olha em volta, o areal está deserto, esfrega os olhos enquanto pensa que faço aqui só?

 

dc

 


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