Talvez, desencontrados no tempo, pensa ele, enquanto a observa, uma mistura de sentimento lhe inunda o peito. Se angustia de não saber, quando aconteceu de se cruzarem e não chegarem à fala. Enquanto isso, a música, com a sua sonoridade, sublinha as imagens, que surgem em pano de fundo na sua mente, embaciadas, sem a nitidez necessária, para identificar pessoas e lugares. Ela é alguém que existe dentro de si, como destinada a fazer parte do seu percurso, como um registo ancestral, dos fazedores de destinos, Como um dejá vu, que ele busca incessantemente entender, onde surgiu e porquê. A voz, nem sempre audível, faz difícil saber se existe, e se existe, onde vive e como vive e em que lugar do planeta, ou até se sonha e o que a emociona. Ela está lá, algures, bem dentro si, como parte do cenário que as imagens difusas vão desenhando. Ela é pensamento activo, que a todo o momento se desenrola, agregando sensações várias, físicas, mentais e emocionais, que provocam sobressalto e fazem as pulsações acelerarem. As borboletas no estômago são factuais, os espasmos no peito esmagam. Sente o aguar dos seus olhos, que o faz lembrar, com tristeza, o tempo e espaço, como algo que se dissipa, sem permitir que realidade conclua e esclareça onde tudo começou. O certo, é que se instala um silêncio e um frenesim contraditório, de busca, em todos os olhares, que surgem cruzando o caminho dos dias, numa espécie de procura duma peça do puzzle, necessária para completar o propósito de estar aqui entre os mortais.
dc
Gracinda Ferreira
ResponderEliminarÉ muito bonito o teu texto... todos sabemos que, em algum lugar de nós, existe um alguém a quem tanto queremos, mas a dificuldade que a vida nos traz é de procurá-lo sempre fora... às vezes, está tão próximo que nem notamos, outras, apenas passam por nós, num breve momento, e o rastro que deixam é inesquecível. Imaginamos, questionamos, sonhamos com esse ser que, muitas vezes, chega a ser "difícil saber se existe, e se existe, onde vive e como vive e em que lugar do planeta[...]" e por que não estamos juntos? São as caprichosas contingências da vida... lindo o texto... amei!! 🙂
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