quinta-feira, 30 de setembro de 2021

Mutismo

 


O Mutismo, era para si, uma morte das falas, na escrita, no pensamento criativo. Não o temor da folha em branco, mas o desencanto, a insuficiência, incapacidade de sair de dentro do próprio labirinto por si criado. O mutismo crescia de horas a fio, balançando entre o tudo e o nada, criando muros, num solilóquio entre desejos acumulados, esperando melhores dias, ou sentidos sonhos amordaçados, e pela falta de vontade, ou amorfia, de realizar. Entendia que o seu mutismo só se destravaria, quando alguém, despretensioso e livre de juízos de valor, entendesse para além do que mostrava, e colocasse o seu ouvido atento, na recolha do escutado, com respeito tumular. Caso isso não acontecesse, o mutismo se iria incrustando cada vez mais no limbo e na desnecessidade de o interromper.

 

dc

 

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