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domingo, 21 de outubro de 2018

De trás da cortina



Existe um sonho, dentro de um o sonho  que alimentamos. Ele cresce e domina a nossa realidade, mesmo quando esta não o realiza de todo. O sonho, desalinhado, incoerente, funciona como “brainstorm”, perspectivando o que a realidade tem dificuldade em desenvolver, ou descobrir. Há sonhos que dominam a noite do sono e morrem no clarear do dia, deixando a semente. Há outros sonhos que sustentam o enfrentar dos dias. Naquele dizer popular, de que temos de assentar os pés no chão e enfrentar a realidade, querem amordaçar-nos o sonho, na verdade se ele morresse dentro de nós, alteraríamos um elemento precioso do adn da vida.


dc




segunda-feira, 7 de maio de 2018

Enquanto durou, foi para sempre





Viu-se isolada, suspensa aos olhos de todos. Não se envaidecia, ou tinha desgosto, pela cor da pele, isso era o menos importante. O seu corpo era como um cálice, que sugeria beber beleza, quando perante nós. Ela sentia-se uma força da natureza, pela exuberância como desafiava todos os obstáculos, resistindo ao abandono, ao desprezo, tantas vezes revelado em alguns dos rostos, que com ela cruzavam. O nascimento humilde, não a impediram de aprender com decorrer do tempo, mesmo sabendo-se efémera. Ela sabia-se um marco temporário, na alegria de muitos outros, nada seria suficiente para a travar, nessa capacidade de se dar aos que com ela conviviam. Foi isso que o fez perder o tino, apaixonar-se loucamente, e permitir o sustentar de um amor calmo, que só terminou com a sua morte precoce. Nunca houve arrependimento, nem se mediu a eternidade do que existia. Enquanto durou, foi para sempre. Nada podia ser mais intenso e belo, nada poderia ser diferente, dois se amando de igual modo. Independentemente da tristeza, da sua ausência, um sentimento de paz e amor ficara-lhe nas veias, dando-lhe a capacidade de sobreviver e ajudar outros a acreditar, que a vida sempre nos surpreende e não existem limites de tempo, ou espaço, para que isso aconteça. 

sábado, 5 de maio de 2018

Labirinto e silêncio



No silêncio que abraçamos, criamos os nossos próprios labirintos, com sabedoria poderíamos dizer, ancestral, confiantes de que, sendo seus criadores, seremos capazes de os atravessar, com mais, ou menos facilidade. No entanto, mal nos precatamos, criamos um monstro dentro de nós próprios. Estamos presos no centro, sem nos apercebermos como lá chegamos, e como sair. Pior de tudo é que temos consciência, de partida, que a mente nos atraiçoa e nos prega partidas, e como tal as pistas que aceitamos partilhar e construir, na vã esperança de que se de ultrapassam, será só uma questão de tempo, deixam de depender de nós e ganham vida própria. Mais difícil quando não fazemos o percurso a sós e esquecemos, na euforia das emoções, que o labirinto fora construído num roseiral, onde o cheiro, a beleza e a cor, nos inebriam e escondem os espinhos. Assim, a chegada ao outro lado, à saída alegre e feliz, depende muito da capacidade de se confiarem. Da tentativa de acerto e erro, de ultrapassar os pequenos rasgões na pele, com os cuidados intensivos de quem prefere a permanência das emoções pelo tempo fora do que ao inebriante e efémero momento da paixão do começo.


dc





domingo, 22 de abril de 2018

O domingo não era o seu melhor dia





A noite está negra sem o luar e céu brilhante das noites de verão. Será a mente que o atraiçoa e existe luz fora de si, ou está mesmo escuro? Sente cheiros, ouve ruídos, até sente a brisa que se arrasta na pele da face, O absurdo é olhar e não ver. Nem as palavras, que sabe que estão lá, tantas vezes surgindo alinhadas e expressivas, como gosta de ler nos livros, nos jornais, ou até no monitor do computador. Nada, tudo negro, mesmo de olhos abertos. O que se passa nesta noite escura, que se atravessa como um labirinto sem que veja saída. Não cegou, mas não enxerga. Qual a razão desse receio que fecha o cérebro ao conhecimento, ao acto de ver? A que se fecha ele, o que não quer ver? Qual a razão da fuga à realidade, que o atormenta neste desafio de viver, neste aterrar na crueza da vida que macera a pele e os ossos, porquê se sempre tem sido isso mesmo? Que erros foram cometidos, quais os sonhos corrompidos, quem magoou? Por que razão, o frio gelado desta escuridão o assola? Dá passos errantes, naquele bosque de arranha-céus, sem saber onde parar, nem como descansar, ou encontrar um colírio, que lhe permita novamente ver com o mesmo olhar de outrora que lhe trazia as cores e os sorrisos. Talvez a cegueira tivesse como razão, esse silêncio de raciocínios ininterruptos, num diálogo surdo, entre ideias gastas e palavras sem sorrisos. A vida só lhe oferecera a existência, ninguém lhe distribuíra à nascença o manual de instruções. Ao contrário do que dizem, não tinha o destino traçado, todos os dias tinha de desenhar e inventar as formas de resistir e sobreviver ao tédio. Na prática, o que lhe estava a acontecer, não seria fruto do cansaço? A repetição dos raciocínios e a cegueira se mantinha ininterrupta. Domingo não era o seu melhor dia.

dc

domingo, 8 de abril de 2018

DESPEDIDA





Só quero um abracinho
Disse ela com olhos d’água
E seu cabelo loirinho

Eu só quero um beijinho
Não quero esta mágoa
De te deixar sozinho

Eu só quero ficar aqui
Sempre ao teu lado
Bem encostadinha a ti

Esta é a cor do meu amar
Neste meu tempo limitado
Vou partir querendo ficar


dc