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terça-feira, 25 de julho de 2017

amores quase perfeitos




Ele, mais do que tudo na vida, tem estação própria para surgir, empolgado, vivo, cheio de energia, capaz de fazer ultrapassar todos os obstáculos, Sobrepor-se às incertezas, às dificuldades e, percorrendo caminhos e distâncias sem temor.


Rompe pelo meio dos nadas, cria brechas intermináveis, alimenta-se do sal da terra, e floresce em cores brilhantes e variadas. Mima os olhares, com as suas cores e formas harmoniosas, dá alma aos jardins das emoções.

É sempre tempo de vi’vermos um amor quase perfeito.

dc

domingo, 23 de abril de 2017

Não só silêncio




Não só silêncio

Um inexplicável
Silêncio se instalou
E não só a voz se calou

Foi-se o sorriso
O olho brilhando
A boca mordiscando
As mãos inquietas
As vontades irrequietas
Os momentos instantes
Os cheiros dos amantes
O leito desarrumado

Foi-se a osmose pela pele
No desejo impreciso
No ciúme sem jeito
No exagero de juízo
Na usura das palavras


Silêncio trás a saudade

Nela o avivar da memória
E a dura realidade
De que acabou a nossa estória.

dc






sexta-feira, 31 de março de 2017

Toda a rosa...




Sei que o deixaste percorrer o caminho das sombras para que não tivesses de te comprometer. Fazias sempre um longo silêncio, para que a tua voz não se instala-se como hábito. Não falavas de ti para que não se descobrisse, qual a realidade por baixo das palavras e das estórias efabuladas.
A vida é mais que o retrato espelhado da realidade, vai mais fundo, fura-nos as entranhas e deixa-nos agoniados, na injustiça e mentira que se faz presente, na voz dos que nos dizem amar.


dc

domingo, 1 de janeiro de 2017

O amor não cede





Ainda és a dor
Que eu sinto
Não te minto.

Foste o último amor
Um aroma de flor
Uma esperança

Na vida que nos cansa
O alimento
Contra o tormento

Na presença
A diferença
Na ausência

Te penso todo o dia
Agora o velho ano se vai
E o novo acontece

O vinho arrefece
A celebração se perde
E o amor não cede

dc



terça-feira, 30 de agosto de 2016

Barba & Cabelo




Mãos ágeis se mexem, escova cabelo, cabelo escova, tesoura cabelo, cabelo tesoura. Das sua mãos rápidas certeiras, se vai moldando o cabelo, desenhando-lhe a forma. Já fora lavado escorrido, agora está pronto a ser invólucro do rosto, do que sentado na cadeira espera como milagre o resultado do seu trabalho. Cabelo espigado, gorduroso, fino, grosso, branco, loiro, castanho, preto...ruivo, não importa, das suas mãos, assim queira o cliente, nascerá e acrescentará, algo novo, à expressão do rosto, onde o cabelo habita, mesmo quando se reduz à simples nudez, de quem quer retirar qualquer vestígio da sua existência de pilosidade.
Horas a fio num repetir constante de gestos, de tesoura e cabelo, de escova e cabelo, e a criatividade, sem cansaço moldando cabeças, rompendo rotinas e amorfismo visual. Lava, dá-lhe cor, enrola, corta, apara, acerta, escova-o, acaricia-o, todo um realizar dos dias na profissão, que se alicerça no prazer e que todos os dias se reconstrói. Rostos que se querem escanhoados, barbas desenhadas, aparadas. Cabeças de pessoas diferentes, na escala social, na cultura, na profissão, todas tábua rasa nas suas mãos, todas florescem no seu trabalho.
Trabalho enriquecido pela escuta atenta, sem preferência de onde vem. Como que ruídos de fundo, na razão das palavras frases se soltam, fazendo cuidar seus ouvidos, perante politiquices, desmandos, enganações, traições, e muitas outras estórias cabeludas, entremeadas pelas piadas carregadas de humor, de um ou outro atirar de boca. Ali soube de acontecimentos antecipados, vidas sofridas, políticas descomandadas, amantes desconfiadas, cornudos empertigados, calotes imensuráveis, etc ..etc; tudo arrecadado na memória, com o cuidado das coisas frágeis. Tudo se faz dentro do “caldo”, em que se desenvolve o seu trabalho, e o confessionário, que alguns assumidamente procuram, para catarse, das suas preocupações.
Alindar a cabeça, aqui não se resume ao cabelo e barba, mas também à lavagem que por dentro se vai fazendo, com largas melhores no estado de espírito de quem procura a barbearia; uma autêntico anti-stress, um saco fundo em que se despeja tudo o que vai na alma. Ganha o barbeiro enriquecendo seu trabalho, ganha o cliente saindo aperaltado e evitando a consulta ao psicólogo..

dc



sábado, 9 de julho de 2016

Um lugar de espera





Seus olhos cor de mar, levaram-na para longe da origem de nascimento.
Queria pôr seus pés no areal imenso, com o mar se chegando de vez em quando para que sentisse o seu afago.
De quando em quando, olhos perdidos no horizonte, sem pensar na razão de estar ali, ia caminhando, sentindo o prazer dos pés penetrando a areia no seu pousar, e aquele cocegar das suas mil partículas, que lhe transmitiam segredos daquele mar imenso.Soltou o cabelo e deixou-o esvoaçar, queria que ele voasse ao sabor da brisa roçando o seu rosto de maneira desordenada, como uma caricia de um amor descontrolado usufruindo a liberdade de gozar e amar. Tinha a boca humedecida pelo beijo molhado do rebentar das ondas. O vestido comprido de tecido fino e florido, colava-se-lhe nas coxas, revelando-a, toda ela ondulando a cada movimento do corpo. O cheiro do mar entrava-lhe pelas narinas e as gaivotas marcavam o compasso nesse seu arfar. Era ela um ser sem tempo, sem encontro marcado, sem lugar de permanecer, um coração saltimbanco procurando abrigo em outra terra, melhor, em um outro mar, para se afastar desse outro mundo sem resposta, que fora seu lugar de habitar durante tanto tempo. 
Partir fora importante, deixara tudo para trás, cansara de viver em “Banho Maria”, precisava de estar viva. Queria mais que segurança e materialidade, queria emoção, sentimento, prazer de se sentir importante, amada, no cantinho recatado de alguém, onde fosse pensamento primeiro das sua escolhas.
Chegara àquele lugar que lhe abria uma porta de esperança, mais não fosse, no reencontro consigo própria, naquele passear quotidiano, pelos limites entre os pinheiros mansos e as dunas, pelo areal imenso, pelo beijo do mar, pelo ar repleto cheiros diversos.. todo um sentir dos elementos com que a natureza a bafejava, deixando-a com todo o tempo do mundo se desenrolando, sem pressa, sem objectivo pré-determinado, com o acaso como perspectiva.

Viver seria a perspectiva...sentir seria o possível... o agora, razão do seu estar.

dc


sexta-feira, 24 de junho de 2016

Beijo de chuva




Beijo sôfrego
Boca na boca
Língua na língua
Oh, vontade louca.

O corpo endurece
Trôpego
Espesso.

Será  da ausência
Da chuva
Da vida que se tece
Da memória
Que persiste
Ou de um alguém
Que não desiste?

Na sua estória
Tudo o que importa
É que acabou a revolta
Se amam e desejam
E por isso...celebrando
À chuva.. se beijam.

dc



domingo, 19 de junho de 2016

Quando nada se tem..




Sentas-te  pensativa
Olhando sem ver
Sem conseguir descobrir
A razão do coração doer.
Não penses meu bem
Nada se perde
Quando nada se tem.
Para quê tanta tristeza
Se não querias de verdade
Que esse outro alguém
Te deixasse saudade.

dc




terça-feira, 31 de maio de 2016

NOITE, última




Nem sempre a noite tem o breu das emoções, nem sempre é a alegria de alguns.. Usamos a noite como lugar de choro, pela privacidade que nos confere, ou como noctívagos que se arrastam pelas ruas entre cigarros e bebida, num eternizar de perguntas e respostas que não temos, ou ainda, colados às sombras, passando despercebidos, agarrando o seu silêncio e cantarolamos as nossas mensagens subliminares, na procura da audição algures em outro lugar. Na noite damos lugar ao Fado, às emoções, às realidades da vida feitas na claridade dos dias.
Há coisas que são acontecimento na noite, que superam a agressividade do lobisomem, em noite de lua cheia, O foguetório e seu estrelejar em celebração, ou festa de alegria e sucesso, baile de rua, A noite refúgio dos amantes que se possuem na semiobscuridade rente às paredes, das vielas difusas da toponímia da cidade. Para alguns a noite só tem uma voz que fecha o dia, como um ponto e vírgula da sua existência, lembrança de que não são prioridade, deixando-os no abrigo da soleira da porta, ou lugar ermo consumidos  pela solidão.

Enquanto isso o gato, amigo do sol e da noite, indiferente à mundanice, no correr dos telhados procura resposta aos seus miados, Quando não, arranha suavemente a porta entreaberta do quarto de seu dono, esperando não ser censurado, no seu entrar, indo ao encontro da caricia e prazer de ronronar na cama.
dc

quinta-feira, 26 de maio de 2016

NOITE, primeira




Deixei-me levar pela noite, agarrou-me ao seu silêncio, com garras de sombra desenhadas pela lua. Levou-me nesse seu abismo, nesse horizonte que flutua no limbo vaporoso que sai das entranhas da terra, nesse cemitério em que se instalam os dias que se não resolvem. Não anseio o dia, temo que me traga a claridade, com a sua crueza definida da realidade. É a miserabilidade sobressaindo no choro convulso, a incapacidade de dar o passo em frente para um novo percurso, de assumir outros cenários  e diferentes vivências. É um agarrar estúpido, inconfesso, a algo que já não sobrevive à mais simples aragem que o reduziria a pó. Porque temer o amanhã só porque o hoje não foi brilhante, como se desconhecesse que a evolução está no erro e acerto?
O telemóvel tocou, e um arrepio trespassa todo o corpo, os fantasmas surgem arrastados pelas memórias, quais as razões da sua intromissão naquela noite? Que outra realidade teria de enfrentar para além da que temia e o fazia prolongar o silêncio em que se refugiava? Mal desperto do pesadelo recente, ouviu a voz do outro lado que chegava maviosa: Aceita a chamada a pagar no destino? Na dúvida pensando algo urgente e temível disse: Sim claro! E de seguida ao seu alô, entra a voz, pesada, anasalada de uma mulher: “Desculpa, já percebi que não és o Roberto, errei o número mas gostei de te acordar!”
Pior era impossível. Puta noite.

dc