Hoje fico feliz porque nasceste, não no meio da guerra dos homens, nem no meio da fome que assolam outras pátrias. Nasceste forte e seguro e com muito amor à tua volta. Hoje és o grande amor de teus pais e avós, com que preenches o seu tempo. És criança a brincar no meio de outras crianças e tens o sorriso e alegria do teu olhar, que a todos fazes amar. Sabes que te adoro. E todas as vezes que estamos junto eu cresço contigo, fazes-me falta, pelo muito que me dás.
Parabéns.
Beijo e um XI do Avô
Para ti este texto, para leres um dia mais tarde
Fecha-se o sorriso, o olhar fundo se perde no tempo, que não vive criança.
Por dentro, estranha-se, nos porquês que de forma variada, lhe surgem na sua mente ainda inocente, da percepção da maldade dos homens.
Uns violam a sua privacidade de crianças, outros enganam-nos hipotecando o futuro.
No peso imenso, em seu corpo franzino, das mochilas de livros, pretendem formatá-los, rápido, na sociedade de exploração e tiram-lhes a possibilidades de serem crianças.
Usam palavras ”estrangeiras”, para explicar a violência nas escolas, e não arranjam palavras portuguesas, para explicar a falta de tempo e capacidade, de muitos pais para acompanharem o dia à dia dos seus filhos.
Os pais, escravos do trabalho na sociedade que diz protegê-los, explorados até ao limite alienante nos locais de trabalho. diz quem pode e tem poder, para salvar a economia e o país. Eles assim ficam, sem capacidade para serem humanos e pais
Há pais que correm, correm, correm e não lhes sobra tempo para os mimarem,
Há pais que os deixam partir dos estudos, para brutalidade da oficina, para aprendizagem boçal de uma profissão, para que o pão lhes caia na mesa.
O que esperamos para dar dignidade às crianças de terem pais, de serem crianças?
Quanto mais aguentaremos, um presente tão difícil e um futuro tão obscuro?
O
som da esplanada tornou-se distante. A cor azulada do mar, e o marulhar
da sua ondulação batendo nas rochas cobertas pelo musgo das algas, foi
mais forte. O sol marcava fortemente as sombras fazendo dos
relevos da areia pequenas montanhas, destruídas pelas crianças, que
entre gritos de alegria, correm esticando os fios do seu papagaio, que
vai esvoaçando a cada rabanada de vento. O pensamento torna-se mais abstracto, a noção de organização perde-se, esvazia-se. Para
traz, ficavam aqueles pensamentos que lhe traziam à memoria caminhos
percorridos em buscas inglórias, do tesouro outrora roubado. As
indecisões quanto ao futuro, perdem-se naquele quadro vivo, que
afastando-o das palavras do livro, levando-o para longe da angústia que o
absorvia. O mar, com o seu horizonte longínquo, fizera mais uma
vez parar os juízos errados, devolvendo-lhe a crença perdida, em
resgatar o pecúlio desse roubo, que lhe gelara a alma. Roubaram-lhe a crença no amor romântico, guerrilheiro, livre, intenso. Tiraram-lhe a inocência, quando mais amava a vida e acreditava na Revolução dos Cravos. Longe
ia o tempo da “outra senhora”, em que se perdiam as horas madrugada
dentro sentados, numa qualquer calçada, conversando com companheiros da
mesma luta, falando de um outro mundo, livre, onde o amor teria espaço
em todas as suas latitudes. Falava-se de bem estar social, politico
económico, cultural. Falava-se de participar nos nossos futuros, fora de
guerras, de egoísmos, do poder dos mais ricos. Falava-se na necessidade
de participar trabalhando enriquecendo o País e o seu futuro,
trabalhando para aglutinar vontades no exercício de uma liberdade comum a
todos. Falava-se de futuro, lealdade, justeza. Falava-se de flores, de
paz, de fraternidade, de amor livre.
Onde andas tu Pátria, que me mataste o amor e me roubas o futuro? Matosinhos 03MAI2011
As noites são vigília esperando o teu chegar Tens a distância, o tempo, o silêncio, podes esvoaçar Corre pelo espaço, da marginal ao horizonte do mar dá palavra ao teu querer, sem medo de te perderes Livra teu voo, livra teu argumentar
Os dias roem por dentro, pela demora do teu dizer. Não servem música e seus poemas, Em língua desconhecida, que se carece entender muito menos se alguém destinas tanto do teu querer
Usa a razão na verdade da tua escrita, ou da voz que rompe e grita Exprime a rota de teu voo, seu espaço a percorrer sem limites no teu querer Tens distância, tempo e silêncio, para o teu voar
e aprenderes a pronunciar o verbo amar
Há dias assim, em que ao menor descuido as lágrimas saltam-nos dos olhos. Tudo o que nos envolve, alimenta lágrimas e emoções.
Há dias, em que a brisa disfarça esse mar rasgado, que humedece o rosto e em que só o olhar a natureza, o brilho do sol, nos deixam um estertor comovido.
Há dias, em que a angústia nos nasce no peito e não sabemos como
Há dias assim, em que o simples sorriso de uma criança nos comove, nos trás outros risos, cheiros, semelhanças e infindas memórias.
Há dias, que a notícia de um medalhado olímpico, torna pungente o nacionalismo e nos comove como se ele fosse um povo inteiro.
Há olhos, em dias assim. Pedaços de alma, que não nos saem da memória, tiram-nos perspectiva, espaço de vida e fazendo-nos ruir por dentro.
Há dias assim, em que as dores, de todos os amores e desamores, rompem pelos olhos, são gelo da alma, esmagam-nos o peito, e deixam na mente interrogações sobre os seus porquês.
Há olhos de crianças, de abstracta tristeza, desproporcionados, pendurados num rosto e num corpo que não vemos, consumido pela fome. Olhos sem censura, porque não sabem a razão da crueldade dos homens.
Há os olhos dos sem-abrigo, que desenham dores, nos marcam a pele, fazendo-nos esquecer as curvas do rosto, o cheiro infecto, o corpo de farrapos e nos transportam para lá do absurdo.
Há dias assim, governos e senhores abastados, passeiam indiferentes no caviar, nos banhos de champanhe, no glamour. Santificando, ou purificando consciências, nas domingueiras missas, de um qualquer igreja de condomínio fechado; não vá o diabo tecê-las.
Sim. Há dias assim, que passamos transversais, ao que ocorre e decorre ante os nossos olhos, tentando fugir das lágrimas que nos nascem no canto do olho.
Há dias, em que a amizade não chega, mesmo que nos ouça, mesmo que seja ombro, mesmo que seja abraço. Só o silêncio é nosso refúgio.
Há dias assim, em que o poeta escreve versos de rima transparente com canetas de tinta das lágrimas.
E porque há dias assim, não devíamos tomar decisões, fazer promessas, dar conselhos, ou ralhar. É imperioso fazer cama no silêncio.
Nos dias assim, procuremos um espaço límpido, talvez verdura, talvez mar, talvez chão e libertemos esse caudal do espelho da alma. Que o seu rio corra, que encontre mares e se dilua.
Nos dias assim, façamos o rejuvenescimento da vida, encontremo-nos e depois...... tudo o que dantes fugíamos voltaremos a enfrentar de olhos límpidos e soberana coragem.
Cerca das 02.30 da manhã , liguei a televisão para ver algo que ajudasse a que o sono chegasse. As imagens televisivas, que se me deparam fazem-me estremecer de terror e tristeza e tiram-me definitivamente o sono. Mulheres árabes e crianças, com rostos estropiados, pela brutalidade de pessoas, por crenças religiosas, princípios absurdos, ou por rejeitarem algum pretendente. Estes actos são cometidos, na maioria dos casos, por homens com H minúsculo.
Mulheres e crianças, tiveram de passar rejeição, que em alguns casos procuraram o suicido, como solução para porem fim ao seu sofrimentos, que lutam pela sua dignidade e que ganham novamente coragem para viver. Aquelas dondocas, que vulgarmente gastam fortunas para fazerem plásticas, por causa de uma ligeira rugazinha, que perdem horas em frente ao espelho, e que se aperaltam todos dias, coitadinhas para andarem todas lindinhas, quantas vezes com um cérebro cheia de caca. Talvez ao ver o vídeo, percebam de facto o que é mais importante, para que se sintam dignas, como mulheres.
Filme: Feito por Milt Alverez www.planetblue.com, Depilex Smileagain Foundation é uma organização sem fins lucrativos para ajudar as mulheres e crianças que foram queimadas intencionalmente por ácido ou querosene. www.depilexsmileagain.co