quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

GRAFITE



Olho os grafites nas paredes, e fico embevecido pela criatividade daqueles que se empolgam criando assinaturas “tags” e imagens.

Penso no desperdício daquelas pessoas, que se dedicam a “sujar as paredes” com cor, formas e mensagens quase subliminares.
Sabe-se que os grafiteiros, actuam em contravenção. Nisso encontram a “gozo”, mas seria bem melhor para todos e com ganho de espaço para actuarem, se eles aproveitassem a sua criatividade para desenvolver acções em locais, em que a visibilidade seria muito maior e contribuiriam para embelezar o ambiente da cidade como já fazem alguns por esse mundo fora. Muito ganhariam em colorido, paredes, até agora despidas, e outras tornar-se-iam mais interessantes, usando o chamado “Tromp de oeil”.


Grafite ou Graffiti (do italiano graffiti, plural de graffito, "marca ou inscrição feita em um muro") é o nome dado às inscrições feitas em paredes, desde o Império Romano. Considera-se grafite uma inscrição caligrafada ou um desenho pintado ou gravado sobre um suporte que não é normalmente previsto para esta finalidade - normalmente em espaço público.



terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Às vezes a noite diz-nos isto



A noite ainda não evoluíra o suficiente para fechar os olhos e descansar. De repente lembrou-se de lhe escrever. dar-lhe uma palavrinha.

“Sabes gostava de fazer amor, do teu amor. gostava de navegar no mar do teu corpo sentindo a ondulação do teu desejo, de ouvir a tua voz apelando urgência...e depois olhos fechados, um sorriso aflorando o teu rosto e a voz morna soando nos meus ouvidos num murmúrio desconexo.

Vivia-te na distância como se perto estivesses, temendo perder esses momentos que marcaram o prazer de te conhecer.

Por vezes, a tua voz arrefecia meu ânimo, mas não arrefecia a beleza das imagens que possuía na minha mente, nem o entusiasmo de te querer. Sabia da inconsciência do teu feito. Pensando teres o mesmo querer que eu tinha no meu peito”.

Pensava...agora o que resta...um vazio enorme, e a percepção de que as frivolidades  se sobrepõem à doença do gostar, adorar, amar...

“Nesta era em que tudo é fabricado, em que nada é natural, em que nada é puro; em que os primeiros beijos se trocam por telemóvel, se fala por sms e os ditos «encontros românticos» acontecem no cinema, entre um balde de pipocas e um copo de coca-cola, nesta era, que já não é minha, já não é tua, já nem é nossa; deixa-me falar-te de amor. Não quero falar deste «amor» novo, feito de «roda-bota-fora», que nasce podre e é vazio. Não te quero falar do amor para passar tempo, que se joga na Internet; nem daquele que se conhece num bar ou numa discoteca.” ...

“O amor que me ensinaste é puro, é natural, é biológico, sem corantes nem conservantes. Mas deixa-me contar-te um segredo: nesta era, que já não é minha, já não é tua, já nem é nossa; o nosso amor, ainda encanta! “

Ana Rita da Silva Freitas Rocha, in 'Textos de Amor – Museu Nacional da Imprensa'

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

ESTÓRIA DE VIDA A 13


Decidira procurar outro lugar, para me poder encontrar como os meus pensamentos e fazer uma pausa para ler. Escolhi aquele jardim nas traseiras da igreja das Sete Bica, onde existia uma esplanada muito agradável. Ali fiquei, “curtindo”, o ruído dos pássaros, o sussurrar das árvores despidas, deixando a mente livre de pensamentos. Após algum tempo deste, retiro ao qual dei algum espaço à leitura, decidi voltar para casa. No caminho lembrei-me de que tinha de comprar, algo para o almoço. Tinha na ideia de que mais à frente havia um talho e iria lá.


Olhei da esquina, pensando que o talho já tinha desaparecido, não tinha qualquer reclamo exterior, mas afinal estava lá. Entrei e esperei alguns momentos durante o quais, mesmo sem querer, ouvi aquela conversa. O talhante que presumi ser o dono, dirigia-se ao outro individuo, mais ou menos com estas palavras: “Olhe traga-me a factura para semana para pagar, porque é a última para liquidar, e fica tudo arrumado, já que vai fechar, acaba-se com isso.”. O outro sujeito fez um qualquer comentário de anuência e foi-se embora. A minha curiosidade aguçou-se, perante o que tinha ouvido. vendo as montras frigorificas quase vazias, e o talhante, com um ar entristecido, fiz-lhe a pergunta: Desculpe, mas não pude deixar de ouvir a conversa, o talho vai fechar? Ele prontamente me respondeu, vai sim... Nem deixei acabar a resposta, e fiz nova pergunta: Mas por quê, falta de clientes? Não, não é, eu já estou cansado disto, não tenho vontade para continuar sozinho a aguentar isto, sem a minha mulher. Eu já tinha reparado que ele vestia um pólo preto e de facto os seus olhos estavam brilhantes e tristes. Perguntei-lhe, por quê ela morreu? Foi sim, perdi todo o prazer nisto, tudo, ela ajudava-me imenso, aqui e não só. Perguntei novamente mas e os clientes? Os clientes...desculpe dizer o que vou dizer, mas ela roubou-mos todos! Não porque fosse velhaca, ou má pessoa, pelo contrário, ela era excepcional, com eles, as senhoras adoravam-na, ela falava muito com elas e leva-lhes as encomendas, servias aqui, etc, e agora por causa disso eles não querem vir cá, porque têm saudades dela e tem pena de não encontrarem aqui.. então perdi quase setenta por cento da minha clientela... com a crise... decidi deixar isto, e é engraçado, se, se pode dizer isso, imagine que ela fazia anos a treze, casamos a treze, abrimos o talho num dia treze, e vamos fechar quando faz treze anos de existência.
De facto não era bem a falta de clientes. Tinha sido sim, a falta de alguém, que amava e era amada, pelos seus clientes, que originara o fecho.

Ao ouvir isto recordei-me de como o falecido, Fernando Pessa, acabava as suas reportagens: “E esta, hein?”

Saí matutando na crise, ao mesmo tempo que pensava, que a forma de atendimento tradicional, personalizado e de proximidade com o cliente, destes pequenos estabelecimentos, era o único meio de sobrevivência perante a concorrência desigual com as grandes superfícies. Não havendo isto, dificilmente se resiste.

domingo, 26 de fevereiro de 2012

Oh, CHUVA.. na Timidez


Hoje substitui a minha fala por outras falas.

TIMIDEZ
"Invento-te num sonho só meu e sem pudor, desvendo-te os segredos que minha alma ainda encerra… Mostro-te sem rodeios os desejos sentidos, expostos nos arrepios que só teu olhar consegue provocar. Seguindo sem medo, as estradas traçadas na pele para te levar ao mais infinito sentido de prazer…


Dispo-me das incertezas para abraçar a cor da paixão que me envolve o corpo com seu manto quente, feito de vontades urgentes. E em gestos inquietos, guio-te nesse fogo que me queima por dentro…

Revelo-te na minha nudez, o desejo da entrega que me assalta como uma tempestade e num último esgar de lucidez, diante desta loucura que é amar-te, transparece toda a timidez deste meu ser!"
 
Tirado do blog
http://emsegredo.blogs.sapo.pt/

POR VEZES... AS PALAVRAS CERTAS...

Por vezes, mesmo quando dizemos as palavras certas, nem sempre elas estão certas. Nem sempre vemos para além do que está à nossa frente, ajuizando da pior maneira, quem nos deseja o melhor, e nos dá o seu melhor.

Tem vezes que as palavras certas, que parecem incertas, dizem mais do que aparentam e vão mais longe do que os nossos pensamentos, caminhando bem a par com o que queremos.


Ter palavras certas, para as pessoas certas, em momentos certos, sem acreditar no erro, é deixar de ser gente. São o erro e o acerto, que fazem evoluir o mundo, se assim não fosse, nem a roda teria sido descoberta nem o fogo teria aquecido as almas.


E como podemos saber do erro, ou do certo? Nem juízos apressados, nem interpretações desajustadas nos ajudam, penso eu. E que pensas tu?


“O algodão não engana”, diz a publicidade, digo eu. Para alguns de nós a dignidade e honestidade de comportamento ainda são um valores a cumprir, preferindo perecer a deixar que os subvertam. Quando postos em causa magoam.

"Enquanto houver um louco, um poeta e um amante haverá sonho, amor e fantasia. E enquanto houver sonho, amor e fantasia, haverá esperança." (William Shakespeare)
"SE NUNCA FALHASTE NUNCA VIVESTE"
facebook Frases sentidas

sábado, 25 de fevereiro de 2012

TRÊS PEÇAS


Três peças ficaram
Duas marcam um tempo
Uma o perfume do momento
Duas ficaram das três
Derrubadas em sítios escusos
Outra colada na pele
aroma, memória, encontro
As três tem uma história
Da qual não vou agora falar
Se não ficaram por acaso
É motivo para pensar
Se haverá um prazo
Para tudo se explicar

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

ÁRVORES COM ALMA


Olhei-as altas esguias recortadas no céu, sem a decoração que as referencia. Só os pássaros as aconchegam, no vazio da espera. São poderosas, porque nuas, oferecidas ao sol que as beija, como um corpo de mulher que se desnuda aos nossos olhos em majestosa volúpia e derruba todas as nossas tibiezas.

Fico parado, e nostálgico me perco em memórias. Cada galho vazio, outrora preenchido de coloridas folhas, era agora uma súplica aos céus para que regressasse a primavera de flores rosadas, que amadurecidas em cor verde vivo, a sombreassem.

O céu dava-lhe o recorte, as sombras decoravam suas reentrâncias, os nódulos marcavam cada nascimento, como em nós humanos o crescimento.

Ela continuava majestosa, despida de seus enfeites, projectando-se no espaço com orgulho de si. sem artifícios de conquista. com a singeleza das coisas belas. tornando-se figura do meu pensamento, que como ela se encorajava em novo renascimento.

O que ali se lhe deparava, seguia a ordem natural das coisas, não como a sua alma perdida em galhos secos, sem regaço e empedernida pelo cansaço.
 
Apeteceu-me nelas me abraçar, tocar a sua pele, sentindo a seiva alimentando o seu crescer, e com elas esperar, a primavera acontecer.