domingo, 4 de novembro de 2012

GRAFITE SIMBÓLICO

Um galo de Barcelos, durante tantos anos considerado uma espécie de símbolo do nosso país, aparece numa das ruas da cidade do Porto, estilizado como um peixe? Talvez. As texturas parecem sugerir escamas e os desenhos da base sugerem água, ou peixes. Até parece que o autor nos querer dizer, que neste país os governantes responsáveis metem tanta água que o galo virou peixe. Digo eu.

Seja o que quer que seja, que o autor da imagem pretenda comunicar, na verdade o que interessa é que o seu efeito visual não passa despercebido a quem passa, e funciona como meio de fazer esquecer uma parede,  num local que sugere abandono e "velhice".

sábado, 3 de novembro de 2012

SÁBADO COM SABOR A TROIKA



A chuva foi o cair da folha no Outono, entrou forte intensa, corrida a vento talvez antecipando um Inverno que ainda não se sabe.

No cidadão comum o inverno já se instalou há muito, com o negrume de uma austeridade que o massacra. Todos os dias têm chuvido medidas que lhe escurecem a alma, que regelam o estomago, e que o fazem tossir de raiva. Diz o povo “abife-se, avinhe-se, abafe-se, para curtir a gripe. Neste caso eu diria agite-se, revolte-se e faça com que eles caiam antes de maduros, porque se não quem cai somos nós, sem curar esta maldita invernia governamental, cheia de estafilococos, do capital financeiro e com o vírus da Troika.



Bom sábado, se possível 

quarta-feira, 31 de outubro de 2012

NÃO EXISTE UM ADEUS QUANDO PARTE

Não existe um adeus quando parte, somente um até já mais prolongado do que as suas vontades pretenderiam.

São condicionados pelo tempo, pelo dia-a-dia, pela austeridade, tudo o que não dominam para além do que sentem.

Resiste a vontade férrea de que seja bom enquanto dure, vivendo com intensidade o momento que os intervalos, a espaços, desse tempo, dessa austeridade, desse dia-a-dia lhes permitem.

Fazem que cada hora seja um dia e cada dia uma semana, para que seja mais curta a ausência entre os beijos, as mãos e suas carícias, os desejos e o seu acontecer.

Na sua mente voam para além da velocidade da luz e todos os dias desenham o presente entre o sussurro dos ventos, entre os gritos de alerta aos sentidos, não deixando que as pequenas areias se transformem em montanhas, ou que os sonhos se percam por falta de ousadia.

segunda-feira, 29 de outubro de 2012

ImPASSE



Devo ter sofrido uma lobotomia que me deixou sem saber que teclas escolher para aquilo que quero dizer.

Passei para o papel e esferográfica, foi pior, não sabia como parar de acumular rascunhos com palavras e frases inacabadas. O cesto foi-se enchendo de folhas esmagadas abruptamente, como se quisesse destruir em vez de construir.

Enfrentei novas folhas brancas, tão brancas quanto a minha mente e nelas deixando que o marcador, lápis ou caneta, corressem livremente sem me concentrar nem relacionar com qualquer objectivo. Traçar linhas, formas, preencher espaços e rimando, afastando cagaços. Se habilidade não abunda a ignorância é mais funda.

É o acto de riscar uma forma de gozo especial, que não dimensiona responsabilidade, não se procura encontra-se, é a paz na abstracção do que se vai produzindo.

Não era do papel, nem dos lápis, nem qualquer outro material riscador, a razão de tanta incompetência ou dificuldade. A razão estava na preocupação de não falhar na comunicação, pensar no resultado para os outros e não o resultado em si próprio.

Ultrapassado o impasse tudo fluiu. As folhas rabiscadas deixei-as numa pasta sem tempo, pode ser que um dia lhes descubra sentido.

Bom dia.

sexta-feira, 26 de outubro de 2012

Os SONS da GUITARRA


Os sons vão saindo da guitarra, a alma se despega sem destino vogando no impulso dos ventos. A música que não leio, os sons que desconheço, sugam-me todos os sentimentos para a superfície da pele, inebriam-me os sentidos.

Há coisas que nos tocam tão fundo e por tão abstractas que são, me deixam confuso, sem resposta, ou explicação. Procuro a razão, para a minha capacidade de ouvir, de sentir as emoções que surgem como do nada, de perceber como a conjugação dos sons e suas tonalidades se conformam em melodias e não encontro respostas. Será essa a explicação para aquilo a que se chama arte? Não sei, no entanto toca-me, sensibiliza-me, faz-me sonhar, voar bem longe e relembrar momentos, uns dolorosos que me abrem feridas, outros inesquecíveis porque bons. Tudo se me aflora nesses momentos em que os sons da guitarra golpeiam o ar, tudo me faz acreditar que a arte é algo que mexe com os sentidos em toda a sua plenitude, por isso, não é facilmente explicável, ela é isso mesmo, abstracta ou figurativa, ela vai mais fundo que aquilo que algum dia podíamos imaginar que seria possível, ela faz parte do nosso ADN, da nossa genética.

quinta-feira, 25 de outubro de 2012

QUANDO PASSA PELA RUA


Delicioso movimento de seu corpo
construído com martelo e escopro
Rodando as ancas a cada momento
Da espiral que parte do centro

Abana a cabeça ondeando seu cabelo
O sorriso sonho de água no deserto
No corpo se move como ave em céu aberto

O seu perfume se arrasta pelo ar
Marcando o espaço onde caminha
Todo mundo fica a suspirar
O amor que nela se adivinha

Assim ela vai como voando
Desfazendo sonhos partindo corações
Sem saber que alguém a amando
Por ela se perde em ilusões.

quarta-feira, 24 de outubro de 2012

UMA FOTO



Impressionou-me a estrutura de ferro a suportar a alvenaria deste antigo casarão de lavrador rico. Alguém se preocupara em evitar que o tempo e a intempérie o fossem destruindo. Só me fez confusão, que depois de tantos anos, continuasse esperando que alguém o salvasse efectivamente. Problemas de herdeiros, abandono por dificuldades económicas? Nunca saberei, não estava a fazer trabalho de repórter, ou qualquer levantamento arquitectónico, para me dar ao trabalho de investigar. Esteticamente a imagem continuava a impressionar-me e a atrair o meu olhar. Naquele momento só isso me bastava, a razão porque se mantinha naquele estado, talvez fosse mais complicado descobrir, como tal fiquei-me por aqui, registei o momento.