sábado, 22 de dezembro de 2012

A NOITE TRÁS OS MEDOS

 


A noite trás os medos
A noite revela a nossa vida mais escura
No meio dos sonhos e seus segredos
Escondidos na lonjura

Na noite tememos, se difícil é o acordar
Que no dia-à-dia que percorremos
Se perca o que queremos acreditar
Com tanto pesadelo que vivemos 
Ao deitar, o dia e o seu labor pesam
Porque nem sempre de feição
Não chegam as preces que se rezam
Tem de seguir o coração

Adormecer sem mau madrugar
Está na génese da vida
O que temos é de acreditar
Na oportunidade de ser vivida

DC

HÁ CRIANÇAS COM FOME

    Quantas mais crianças terão de morrer com fome??


Vivo num país em que me recuso
a aceitar quem manda por abuso
Sinto-me um pária da vida
Desde que perdi o fio à meada
De uma pátria que morre na madrugada

Vivo a dor de muitos nesta pátria assolada
Por gente vagabunda que a diz governada
Com a austeridade da Troika que o povo anda a pagar
Dizem eles terem vindo só para ajudar o que não é de fiar
Pois gente que sempre “enricou” com grande facilidade
Passa a vida discursar falando em liberdade

Um fim tem de ser dado a tanto desaforo
Dos ladrões que à pátria roubam sem qualquer decoro
Tudo o que nela se construiu foi trabalho das suas gentes
Não a podemos deixar agora à mão de incompetentes

Gente a quem liberdade e democracia
Há mais de trinta anos pelo povo lhes foi dada
Sem nunca deles receber nada
Ao povo foi prometido o paraíso
Um futuro, uma vida melhor
Mas o que recebeu foi sempre do pior
Não somos povo nem pátria
Somos escravos sem opinião
Trabalhando, ganhando pouco, para ter algum pão

Oh! Meu Povo não te deixes enganar
Tens de perder o medo e sair à rua para lutar

Hoje diria como outrora o revolucionário
Pátria ou Morte venceremos?

DC

sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

TODOS OS DIAS



Todos os dias nascem crianças, que não são “Jesus”
Todos os dias morrem crianças mal enxergam a luz
Todos os dias morrem Homens bons, que não são santos
Todos os dias no mundo, o povo tem seus prantos
Todos os dias perdemos parte da vida para bem de uns quantos
Todos os dias, muitos de nós enfrentamos o Poder sorrindo
Todos os dias escondemos a revolta que estamos sentindo
Todos os dias acordamos a pensar no bem e no mal
Todos os dias gostaríamos de ter o amor de um dia de
Natal



DC

segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

Hoje fui PASSEAR AS CANETAS





Tenho uma espécie de obsessão por canetas, esferográficas, lapiseiras e outros riscadores. tenho uma colecção de razoável qualidade. Todos estes bolígrafos, me estimulam de diferentes maneiras nas funções técnico práticas, ou na motivação criativa.

Em tempos idos, quando concluía um trabalho profissional como “free lancer”, era meu hábito, compensar o meu esforço de realização, criando novo estímulo, comprando uma nova esferográfica ou lapiseira. A minha receptividade à sua estética e funcionalidade ditavam a duração das suas múltiplas performances e o desejo de realizar novos projectos.


Ainda hoje o acto de escolher uma caneta, esferográfica, ou lápis funciona como uma espécie de sedução, experimentando várias, até encontrar afinidade do bolígrafo com o tema da escrita, ou o desenho que pretendo executar.

A opção caneta de “tinta permanente”, era quase sempre para escrever. Ela permitia-me a velocidade do raciocínio e da escrita. por vezes, também para desenhar nas mesas de café com outra expressividade, aguarelando os desenhos com um pouco de água ou café.
A esferográfica, com a carga de esfera fina, era o bolígrafo por excelência para tomar notas em reuniões, ou fazer listas de compras, me permitia-me usar letra pequena e rapidez.
Houve um largo período, que me dei de amores por um bolígrafo multifunções da Rotring, com diferentes espessuras de lápis, e com uma variante, esferográfica. Gostava tanto dela, que usava uma das suas funções de lápis, para escrever cartas, obrigando-me, a pedir desculpa às pessoas a quem as dirigia por assim fazer.


Os computadores apareceram e foram-nos afastando desse prazer. Talvez para alguns de nós os “mais antigos”, não todos, antes de executarmos na “máquina”, esboçamos as ideias usando um qualquer bolígrafo.


Sentir a textura, os efeitos do riscar sobre o suporte, a liberdade da mão circulando em diferentes velocidades e os efeitos inesperados que por vezes acontecem. são sensações únicas que alimentam o acto de criativo. Usar o lápis deitado ou na vertical. trabalhar com o bico da caneta ao contrário para obter linhas mais finas, usar a esferográfica para fazer sombreados, tudo isso provoca um gozo enorme, e uma das razões, porque gosto, por vezes, de comer em restaurantes com toalhas de papel sobre as mesas.

Parece um disparate, mas na verdade de vez em quando vou fazer uma “visita” aos meus bolígrafos. Pego num e noutro e escolho um ou dois, para durante uns dias escrever desenhar ou tirar notas com eles, quase como se levasse o cachorro à rua. A isto eu chamo passear as canetas. Tiro-as do ranço estático da gaveta para me deliciar com o seu toque e prazer de rabiscar.

DC



sábado, 15 de dezembro de 2012

SÓ TU MULHER


Desenho rendilhados em teus pés com a ternura dos meus sonhos, com a certeza do quanto amo a tua natureza, mulher.

Em cada flor, em cada encadeado do desenho que se forma, está um pedaço de meu, para ti, para que te sintas rainha no seio da existência dos homens.

DC


quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

SEM TÍTULO



Desapercebi-me da escrita, deixei de ver sair dos dedos a força necessária à construção das palavras e das frases, que transmitem significados, ideias, opiniões, criatividade (?). Somos levados pela corrente gerada pela sociedade que nos envolve, pela crise gerada pelos muito ricos, pelo cheiro no ar de tanta pobreza, pela hipocrisia e da caridadezinha que nos magoa bem fundo de nós. Nós gentes que sempre fizemos do trabalho forma de estar e de dignidade. Tudo isto nos vai tragando as forças, deixando-nos por vezes tão pressionados, tão cheios de tudo, que nos sentamos num qualquer espaço neutro, que nos deixe perdidos no tempo sem raciocínios ou vontades. Quantos de nós nos inibimos de sair de casa, de tomar um café, de estar com os amigos? Quantos de nós vemos passar sorrisos e pensamos lágrimas? quantos de nós vemos comida e pensamos fome?
Como os animais, quando encurralados, a nós Homens nada mais resta do que lutar pela sobrevivência, jugo que assim faremos não tarda.

DC

terça-feira, 4 de dezembro de 2012

OS OLHOS FALAM



Os olhos falam mesmo quando calados

Os olhos falam, quando muito ou pouco amados
Os olhos interrogam e não fazem perguntas
Os olhos respondem sem ser questionados
Os olhos falam mesmo quando estamos cansados
Os olhos têm cor e brilho de encantar
Os olhos dizem palavras difíceis de pronunciar
Os seres que possuem olhos, vêm sem pensar
Os olhos espelho da alma aos olhos dos outros são
E deixam em cada um asas e imaginação.

DC