quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

HOJE FAZ CINCO ANOS





O tempo passa e não nos apercebemos. De um dia para o outro, trocamos a fralda pela cueca e de repente, mal damos fé, já estamos novamente na fralda e eles crescem ao nosso lado enquanto nós vamos diminuindo.

Eles são a nossa segunda vida, e com eles renovamos emoções e vivemos novas infâncias. Eles são fruto de preocupação e muita dedicação, e exploram os nossos últimos resquícios da paciência, porque sabem o quanto os adoramos, e quanto prazer sentimos ao recebermos o seu sorriso e a sua atenção.

Há dias que a emoção se exalta, a voz tem outra entoação, e a reprimenda sai, mas nunca por nossa causa, mas pela causa maior. A preocupação de os salvar dos mesmos erros que nós, filhos, que nós pais e agora avós, cometemos ao longo da vida. Umas vezes por ouvirmos mal as vozes dos outros, outras porque nem tivemos os tais pais ou os tais avós que tanto importantes seriam.

Hoje fazes cinco anos.

Ainda foi não passou muito tempo em que te banhavas dentro da barriga da mãe e davas pontapés, nesse teu nadar vigoroso, que tantas emoções trazia a todos nós, agora já corres livremente e escolhes outras águas outras formas físicas de manifestares; um choro, uma birra, um sorriso aberto, uma gargalhada plena de olhos brilhantes, um titubear de frases com que te comunicas, o teu prazer de saborear aquele bolo de chocolate com que pintas os lábios e as bochechas, quando juntos nos nossos encontros.

Hoje não vou fazer juízos, nem do presente, nem para o futuro, só quero que gozes a tua festa, e que mais uma vez nos preenchas com a tua alegria na recepção dos presentes e com a festa da celebração que tanto gostas de viver e cantar.

Um Beijo e um Xi enorme do avô.

DC

domingo, 3 de fevereiro de 2013

NUNCA DEIXAREI DE SONHAR


Por que acredito nos Homens e não preciso de ir à missa confessar-me porque não sofro do pecado da gula, não cobiço a mulher do outro, não roubo, e sempre honrei pai e mãe, etc etc.

Nunca deixarei de sonhar com um mundo, em que todos juntos sejamos mais de que a soma das partes. Em que todos teremos direito a olhar a vida de cabeça levantada e de olhos nos olhos.

sábado, 2 de fevereiro de 2013

NAS SOMBRAS DA NOITE



Escorrego pelas sombras da noite, deixo-me ir com os seus fantasmas preenchendo o silêncio e vazio das palavras com pensamentos que transformam e intuem outras realidades, que se registam nas células como marcas no subconsciente.

Sem vozes nas entrelinhas, muda-se o objecto de escuta, deixando que as sombras tomem o seu lugar. Resta esperar que a noite se vá e que elas se desvaneçam num novo dia límpido e brilhante. Aparentemente assim acontece, mas na realidade as marcas deixadas, surgem na pele num qualquer momento da realidade que atravessa o dia.

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

O PRIMEIRO DIA DO MÊS




Hoje, é o primeiro dia, do mês mais pequeno de todos do calendário.
Nele se celebra o dia dos namorados, que serve
(dizem)para revitalizar, as relações entre casais. E sendo o mês mais curto, será também aquele, em que à partida, os gastos económicos serão menores e o dinheiro talvez chegue, fazendo-nos esquecer um pouco o slogan “Sobra a mês e falta dinheiro”, e ficando um pouco mais optimistas pensando, “Neste mês de Fevereiro ainda chega o dinheiro”.

Fica-nos a esperança que a chuva intensa, com que o inverno nos tem premiado, seja mais espaçada e possamos celebrar o mês com um prazer redobrado. Namoro bem vivido com flores e prendas adequadas, e poupanças preciosas para enfrentar estes tempos conturbados.

DC


quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

OS "APOLÍTICOS"



No nosso dia a dia perante a crise que nos caiu em cima o tema de conversa é comum a todos: austeridade e política. Política, que na prática, está subjacente nas diversas ideias que se expressam nas diferentes áreas da convivência, social, económica, cultural e até por vezes de carácter individual. Mais ainda, nos tempos que correm, a austeridade que forçosamente nos querem impor, tem como principio, abdicarmos de valores fundamentais de vida, a favor do lucro. 
Há pessoas que evitam expressar ideias e opiniões, dizendo-se apolíticas, quando pura e simplesmente querem dizer que são apartidárias, pois só fogem ás questões quando não se sentem atacadas, (quando lhes toca na pele é um prazer ouvi-los) muitas das vezes por incultura e outras por acordo tácito

Falar da casa dos segredos, de futebol, de uma peça de teatro ou de uma obra de arte, não pode resumir-se à observação factual; mas também das razões sociais, económicas e culturais que estão na origem, ou não, desses fenómenos; por isso tomamos partido. Tem surgido ultimamente um discurso de certos sectores das elites pensadoras da intelectualidade, que aproveitando o descontentamento das pessoas em relação à classe política, vão extremando e falando em nome dos “sem partido”, ou seja, em vez de um apelo à participação politica nos seio dos partidos, ou até, na criação de outros que consideram mais abrangentes na defesa dos seus objectivos que nunca são colectivos e sociais, quando muito representam um interesse de classe bem restrito. Esta atitude oportunista, que não tem tido resultados visíveis, tem objectivos escamoteados, que se poderão a médio prazo observar: A não participação das pessoas nos actos eleitorais, pela crença de que nada adianta; a convicção de que todos os políticos e partidos são corruptos e só defendem os seus interesses dentro dos seus grupos, e por fim, o maior desinteresse das pessoas pela coisa politica, permite que os políticos corruptos se possam governar.

Aproximam-se as eleições autárquicas, e começa novamente, no seio da sociedade, a surgir a ideia “em quem votar”?, Com medo de votar em forças politicas que nunca estiveram no poder. A desculpa é a de sempre: “são todos iguais”, logo, porque não votar nos mesmos de sempre? Este, talvez, o mal maior que se consegue com o apartidarismo e o medo de fazer politica quando falamos das coisas que reais que nos afectam.

O que temos de fazer é não sermos meros votantes, mas sim participantes exigentes no cumprimento dos objectivos anunciados, tendo em conta o nosso trabalho, a nossa saúde, a nossa cultura e bem estar social, enfim a nossa felicidade colectiva.

quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

ABRAÇANDO A NOITE FRIA



Abraçando a noite fria temporizo
Enregelando a alma
sinto a dor
como agulhadas de granizo
na superfície da pele
deixando-me num torpor

Assim ficarei
Até que novas noites
de sangue nas veias a circular
sejam os suores e cansaço
o resto de um outro saborear
de dois corpos
em longo abraçar

Neste viver a dois tempos
frio e calor em seus momentos
os estados que os medeiam
são nacos de prosa por escrever
de estórias e pensamentos
que gostaríamos de reviver
em outras noites a acontecer

DC

A VIDA APENAS, SEM MISTIFICAÇÃO



Raras vezes o faço, mas ao ler o blog de alguém que me é muito querido, senti uma urgência em copiar o poema e colocá-lo aqui, com ele o poeta me toca chegando bem fundo.

OS OMBROS SUPORTAM O MUNDO

Chega um tempo em que não se diz mais: meu Deus.
Tempo de absoluta depuração.
Tempo em que não se diz mais: meu amor.
Porque o amor resultou inútil.
E os olhos não choram.
E as mãos tecem apenas o rude trabalho.
E o coração está seco.

Em vão mulheres batem à porta, não abrirás.
Ficaste sozinho, a luz apagou-se,
mas na sombra teus olhos resplandecem enormes.
És todo certeza, já não sabes sofrer.
E nada esperas de teus amigos.

Pouco importa venha a velhice, que é a velhice?
Teu ombros suportam o mundo
e ele não pesa mais que a mão de uma criança.
As guerras, as fomes, as discussões dentro dos edifícios
provam apenas que a vida prossegue
e nem todos se libertaram ainda.
Alguns, achando bárbaro o espetáculo,
prefeririam (os delicados) morrer.
Chegou um tempo em que não adianta morrer.
Chegou um tempo em que a vida é uma ordem.
A vida apenas, sem mistificação.

Carlos Drummond de Andrade