Perdemo-nos no significado das palavras e desejos, não atendendo aos sinais e só damos conta do logro, quando é tarde de mais. Deixamos passar as informações dadas pelo corpo e seus gestos, Fechamos os olhos às frases ditas fora de tempo e imprecisas, às justificações esfarrapadas que trazem coladas a si, Não ouvimos a entoação, a adequação ao momento, não ligamos às ausências, aos silêncios que escondem outras verdades e pensamentos.
Adentrando a noite, no tempo da espera, acumulam-se juízos, fazem-se censuras, especula-se sobre o que devia ter sido feito e não se fez, e o que foi feito e não se devia fazer, Nota-se que a voz se proclamou no silêncio, Que a mensagem não passou de forma eficiente, ou não fora ouvida, no tempo nem hora certas. Um deve e haver que não se dimensiona, mas existe e é argumento na dor da partida, quando submetido ao escrutínio das emoções.
É mais fácil controlar as vontades e os desejos no sonho em que nos revemos, do que a verdade que não se controla.
DC"A vida é canalha, às vezes, lhe dá a ilusão de um sonho e você se preocupa com a realidade."
Silvana Stremiz
segunda-feira, 10 de junho de 2013
A VIDA É CANALHA
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domingo, 9 de junho de 2013
SONHO, esse LUGAR ÚNICO de realização.
Nunca se alheou do que via, percorria sempre atento o sinuoso desenho que a evidenciava, Nunca se perdia em fantasmas que desconhecia, agarrava a realidade, que de quando em quando, até ele chegava. Atentava, por natureza própria, mais na forma, Mais no aroma e no sabor a frutos maduros, do que no perfume da rosa.
Vivia o presente com a intensidade de quem vai partir, sem saber quanto o tempo, ou quanto a distância, o deixaria sem esses passeios ao longo das linhas onduladas onde seus dedos a procuravam, Ficava preso no sabor da sua boca, que beijava no espaço entre as palavras, curtas e expressivas, ditas na intimidade de sentidos.
Tentava tudo reter na memória, para não flutuar no vazio da sua ausência, Ausência esse mar inóspito que nos deixa a vogar ao sabor da saudade.
Não havia prisão, nem espaço de engano, somente acontecia, como num sonho, Sonho, esse lugar único de realização.
Uma noite, a realidade matara o sonho, e este apareceu atrás das grades.
DC
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sábado, 8 de junho de 2013
AGONIA DA ALMA
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NÃO SOMOS APENAS
Um homem não pode fazer o certo numa área da vida, enquanto está ocupado em fazer o errado em outra. A vida é um todo indivisível.
Mahatma Gandhi
Vi, li com atenção, nada mais apropriado aquilo que em muitos de nós subsiste.
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segunda-feira, 3 de junho de 2013
DISTÂNCIA NÃO É RAZÃO
Pensa! O pensamento tem poder.
Mas não adianta só pensar.
Você também tem que dizer!
Diz! Porque as palavras têm poder
Mas não adianta só dizer.
Você também tem que fazer!
Faz!
Porque você só vai saber
se o final vai ser feliz
depois de tudo acontecer.
Gabriel "O Pensador"
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QUASE AMOR À PRIMEIRA VISTA
Íamos os dois caminhando no jardim arborizado quando aconteceu. Ela saiu-nos ao caminho, deixando-nos espantados. Ele ainda pequenito, não acreditando no que via, olhando para mim com o seu ar meio admirado. Eu adulto sorria-me vendo as diferentes reacções, O que nós víamos à nossa frente, era bela figura, com uma espécie de juba preta, ondulando as ancas com ar atrevido, olhar vivo, e rabo espetado, Parecia ter-se atravessado ao caminho, como a convidar-nos a segui-la. Ela parecia adivinhar que havia ali “alguém” precisando de companhia. Rimo-nos, eu não estava virado para ali, por isso procurei dirigir-me, noutro sentido, conversando com ele animadamente, e mostrando-lhes os vários recantos do jardim, onde proliferavam várias espécies de flores e árvores, que sobressaiam do verde, dos relvados com o sol que se lhes projectava, Mal nos precatamos, e aí tínhamos novamente a fulana à nossa frente, como se nos quisesse convidar, Não parecia ter vergonha e insinuava-se, na seu elegância e com o seu olhar felino. O miúdo, olhava para mim com ar maroto e parecia começar a simpatizar com a ideia de nos meter-mos com ela e convidá-la a vir connosco. Fomos caminhando olhando de relance e verificamos que ela parava, ao mesmo tempo do que nós, como se estivesse cheirando as flores, tal qual um detective disfarçando.
A certa altura, distraímo-nos e reparamos que ela entrou para determinado espaço do jardim, frondoso e pleno de arbustos, como se de repente deixasse de estar interessada em nós. Ele olhou-me com ar maroto e devagar pé ante pé dirigimo-nos por onde ela tinha ido, Se tivéssemos combinado, não seriamos tão prontos a reagir, Eu na frente para não haver nenhuma surpresa complicada e ele ligeiramente atrás, com a mão agarrado ás minhas calças. Ao entrar na clareira, a seguir aos arbustos de onde ela tinha entrado, vimo-la lá estava ela.
Para nosso espanto, agora olhava-nos com um ar desafiador e quase irónico, abanando a cabeça, Olhei o miúdo que estava espantado com o olhar fixo.
A nossa querida amiga, tinha entre os dentes não as contas de um colar, ou uma flor, E embora soubéssemos ser natural na espécie animal, tal facto, já não tivemos vontade de a trazer connosco, a visão do pássaro na sua boca tirou-nos o prazer de toda a experiência vivida e de comungar o mesmo espaço.
É gato, está na sua natureza.
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domingo, 2 de junho de 2013
DIZ ELE porque SABE
de Mia Couto
PARA TI
Foi para ti
que desfolhei a chuva
para ti soltei o perfume da terra
toquei no nada
e para ti foi tudo
Para ti criei todas as palavras
e todas me faltaram
no minuto em que falhei
o sabor do sempre
Para ti dei voz
às minhas mãos
abri os gomos do tempo
assaltei o mundo
e pensei que tudo estava em nós
nesse doce engano
de tudo sermos donos
sem nada termos
simplesmente porque era de noite
e não dormíamos
eu descia em teu peito
para me procurar
e antes que a escuridão
nos cingisse a cintura
ficávamos nos olhos
vivendo de um só olhar
amando de uma só vida
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Escultura: Gaylord Ho
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