Há outras mãos com outras estórias de que um dia escreverei, Hoje são estas, as mãos que falam tão alto no seu silêncio e denunciam em cada pormenor a sua diferença, Mãos que deslizam uma sobre a outra, que formam um todo e no seu desenho, um corpo em dança de amor, Mãos da saudade, da timidez, mãos que se namoram em pequenos toques superficiais, São mãos de apaixonados em que a minúscula distância que as separa impede que o fogo da paixão os consuma, Mãos em sugestão do bailado, mãos em "pontas", que não são dedos dedos pés, e que vão fazendo agitar todo o suporte que as sustém.
Estas são mãos com memória e reconhecimento digital, que permite a abertura do cofre da vida de cada um perante o outro.
DC
sexta-feira, 14 de junho de 2013
HÁ MÃOS E MÃOS
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(...) a vida ri-se das previsões
(…) a vida ri-se das previsões e põe palavras onde imaginámos silêncios, e súbitos regressos quando pensámos que não voltaríamos a encontrar-nos.
José Saramago - A viagem do Elefante
quinta-feira, 13 de junho de 2013
MÃO SOBRE A MÃO
A mão sobre a mão. Mãos, Nelas o palpitar das emoções, a ternura fluindo na polpa dos dedos, Mãos electrizando os sentidos, acasalando desejos e vontades, Mãos agarrando forte, ou suavemente, escrevendo sem palavras, sem ruído, mil promessas, Mãos cinco sentidos e cinco dedos, que falam segredos, que se confiam e afastam os medos. Mãos, extremidades de um corpo com via directa ao coração.
DC
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quarta-feira, 12 de junho de 2013
Da POETISA...Ana Paula Lavado
Como o amor
Vivo em mim, no espaço, no tempo e na vida.
Contrária ao ocaso, renasço os dias plantando
raízes sãs, para que floresçam todas as primaveras.
As flores iluminam a existência. Como o amor.
Em toda a parte te encontro. Nas rosas, nos jasmins, nos lírios,
nas papoilas,
nas gotas de orvalho que vagueiam pela manhã.
E quando as flores fenecerem, as raízes
subsistirão firmes no infinito. Como o amor!
ana paula lavado ©
segunda-feira, 10 de junho de 2013
NO MEU 10 SÓ quero o POETA
No dia de Camões só quero lembrar o poeta, esquecer-me dos que na pátria tão mal tratam os seus. Hoje prefiro ler um poema, ou até um romance, que tenha palavras bonitas e nos traga novamente a capacidade de sonhar, mesmo que a realidade por vezes seja dura, Quero aquelas palavras tão mentirosas que nos falam de amores impossíveis, ou de paraísos improváveis."Vê que aqueles que devem à pobreza
Amor divino, e ao povo, caridade,
Amam somente mandos e riqueza,
Simulando justiça e integridade.
Da feia tirania e de aspereza
Fazem direito e vã severidade.
Leis em favor do Rei se estabelecem;
As em favor do povo só perecem."
Luís Vaz de Camões (1524-1589)
Não quero, hoje em especial, servir o discurso politico, onde alguns farçolas, discursam falando povo, em voz de barítonos, onde escondem a miserabilidade dos seus desígnios.
Hoje preciso de sentir que sou humano e sentir um abraço dos que me gostam, dos que eu gosto. E sentir-me ronronando como o gato, no colo da esperança, de que os que dominam o mundo, não serão sempre os mesmos filhos de puta, que nos envolvem com a graciosidade de um embrulho de arame farpado.
Sim hoje. dez mais seis, e igual a dezasseis, noves fora sete, mais dois nove, noves fora nada, um mais três igual a quatro, noves fora quatro. Quatro é um número possível, de abraços de encontros a viver.
Estou no lugar de sempre, na esquina do tempo mesmo sabendo que...
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A VIDA É CANALHA
Perdemo-nos no significado das palavras e desejos, não atendendo aos sinais e só damos conta do logro, quando é tarde de mais. Deixamos passar as informações dadas pelo corpo e seus gestos, Fechamos os olhos às frases ditas fora de tempo e imprecisas, às justificações esfarrapadas que trazem coladas a si, Não ouvimos a entoação, a adequação ao momento, não ligamos às ausências, aos silêncios que escondem outras verdades e pensamentos.
Adentrando a noite, no tempo da espera, acumulam-se juízos, fazem-se censuras, especula-se sobre o que devia ter sido feito e não se fez, e o que foi feito e não se devia fazer, Nota-se que a voz se proclamou no silêncio, Que a mensagem não passou de forma eficiente, ou não fora ouvida, no tempo nem hora certas. Um deve e haver que não se dimensiona, mas existe e é argumento na dor da partida, quando submetido ao escrutínio das emoções.
É mais fácil controlar as vontades e os desejos no sonho em que nos revemos, do que a verdade que não se controla.
DC"A vida é canalha, às vezes, lhe dá a ilusão de um sonho e você se preocupa com a realidade."
Silvana Stremiz
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domingo, 9 de junho de 2013
SONHO, esse LUGAR ÚNICO de realização.
Nunca se alheou do que via, percorria sempre atento o sinuoso desenho que a evidenciava, Nunca se perdia em fantasmas que desconhecia, agarrava a realidade, que de quando em quando, até ele chegava. Atentava, por natureza própria, mais na forma, Mais no aroma e no sabor a frutos maduros, do que no perfume da rosa.
Vivia o presente com a intensidade de quem vai partir, sem saber quanto o tempo, ou quanto a distância, o deixaria sem esses passeios ao longo das linhas onduladas onde seus dedos a procuravam, Ficava preso no sabor da sua boca, que beijava no espaço entre as palavras, curtas e expressivas, ditas na intimidade de sentidos.
Tentava tudo reter na memória, para não flutuar no vazio da sua ausência, Ausência esse mar inóspito que nos deixa a vogar ao sabor da saudade.
Não havia prisão, nem espaço de engano, somente acontecia, como num sonho, Sonho, esse lugar único de realização.
Uma noite, a realidade matara o sonho, e este apareceu atrás das grades.
DC
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