Gosta de tocar o seu cabelo com os dedos levemente como se afastasse a sombra, Um toque nos seus cabelos, depois... os dedos descem percorrendo a face, devagar como um cego querendo ver, sentir os contornos, trazendo-lhe a beleza à superfície dos dedos, Ele gosta de lhe tocar os lábios, sentir a respiração entrecortada, entre os lábios, ora num, ora noutro, enquanto a olha nos olhos, fundo nos olhos, lendo para além da cor, para além do brilho, olhos que mudam e respondem aos seus dedos, Ele deixa os dedos pousados nos lábios, sentido, Sentindo através deles o calor dos beijos por dar, Ele beija-lhe os lábios por entre os dedos, sentindo o sabor da sua boca, o seu hálito, o seu calor, Ele sente os lábios, como os seus dedos, desenhando a boca que beija, Sente a humidade da sua língua na ligeireza da abertura dos seus lábios e fica absorvendo o sabor, intenso a fruto maduro que são os seus lábios.
Os seus dedos, nos seus lábios, no seu cabelo, são o prelúdio, um astro’lábio’ de navegação, na certeza de encontrar destino, de encontrar o sentido da vida, Amantes que não se deixam morrer, alimentando os seus próprios silêncios com o ruído das vozes na memória, sempre presentes, mesmo quando distantes, mesmo quando perdidos pelo desconhecido que se lhes atravessa.
Amam-se por inteiro, com os dedos da mão no sabor dos lábios, no forte enlace de seus braços agarrando os seus corpos, Amam-se construindo-se, no olhar profundo em que se revêem, Unidos, amantes, conhecedores desse sentimento que se entranha sem julgamentos, sem dúvidas, mantendo-os intactos. Sentem-se através dos olhos, aqueles seus olhos, que são mais do que olhos, que brilham, que iluminam, o firmamento das emoções, Olhos que mudam com a cor do amor, cor que assumem quando toca os seus cabelos e desliza a sua mão pelo seu rosto. Sente-a na espuma dos dias. Não é uma amor inventado de um romance, nem a história de um filme de namorados na matiné de um domingo. São dois viventes de emoções, emoções no toque da pele, na pele com pele, na carne, na moldura do corpo.
Tocar seus lábios na vibração do soletrar palavras, enriquecidas do calor da sua voz, indo mais fundo, gravando, palavras que se gravam dentro dele, ouvir o seu adoro-te o seu amo-te, e os dedos sentindo, quando a sua voz é urgência, é resposta recíproca de um sentimento de um outro amo-te pronunciado, Como se de um eco se tratasse, como se um grito se soltasse, e batesse na montanha do seu peito, Pousar os dedos no lábio inferior carnudo, saboroso onde gosta de roçar seus dentes e beijar o seu interior, sentindo-a todinha naquele pedacinho da sua boca.
Não interessa o que os outros sentem, ou pensam, importa o que ele sente quando a tem por perto e pode simplesmente acariciar seu cabelo, seus lábios e beija-la como sentindo-se derreter todo, por dentro, como um glaciar sobre o calor escaldante.
Olho-a pela última vez dentro de mim, em mim, sentindo-a em cada cabelo seu, em cada carícia dos meus dedos, Dedos que trazem o seu sabor, e ficam com a perenidade dos nossos sentimentos.
DC
sábado, 6 de julho de 2013
MEUS DEDOS EM SEU CABELO ..
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foto: A&M arts
sexta-feira, 5 de julho de 2013
A DIFERENÇA NÃO ESTÁ NA PEDRA
O distraído tropeçou nela.
O violento usou-a como um projéctil.
O empreendedor construiu com ela.
O agricultor cansado usou-a como assento.
Para as crianças era um brinquedo.
David matou Golias e
Michelangelo fez dela a mais bela escultura.
Em todos os casos,
A diferença não estava na pedra,
Mas no homem.
Não há nenhuma pedra em seu Caminho que não possa trazer para o seu próprio crescimento.
(Anônimo)
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O PIOR, ..PIOR,,,PIOR,,,
... a temer é parecer o que nunca foi, só porque os outros ao fazerem o teu retrato, apagam as linhas da alma, no seu contorno.
DC
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Foto: Diamantino Carvalho
segunda-feira, 1 de julho de 2013
CHOVER NO MOLHADO
Silenciei a alma, não exprimindo a sua dor. Calei bem fundo, fugindo às palavras que magoam, fui andando, aceitando, olhando para o lado das coisas que não gostava, fui sussurrando baixinho, para mim própria, que estaria enganada.
Tudo o que negamos de nós próprios, não descansa a nossa consciência nem nos deixa libertos, fica latente, e quando menos se espera surge à superfície.
Deixando arrastar demasiado tempo as decisões, morre o impulso que as motiva, ou pelo menos instala-se a dúvida. É no impulso ponderado, não exagerando, que as coisas acontecem, se não temermos o erro, na maioria das vezes resulta. Pensar demasiado no óbvio é perda de tempo, E muito menos quando as nossas preocupações se centram fora de nós próprios. Como diz a frase “Desfrutem da vossa vida. Vão estar mortos muito tempo.”
Para se ser feliz e cumprir os sonhos é preciso estabelecer metas, e uma data para as realizar, caso contrário nada mudará nas nossas vidas, será como "chover no molhado".
A*DC*
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UM VASO E UMA FLOR
Eu tenho um vaso com uma flor, que rego todos os dias ao madrugar. Afago as suas folhas uma a uma, e converso com ela, mesmo sabendo que não me responde, não vá ela definhar. Ao correr do dia procuro protegê-la, de alguém que a possa pisar, ou do vento que as pétalas pode arrancar.
A Minha Flor tem um perfume que enlouquece, que nos resta na pele e adentra em nós fazendo perene a sua presença.
Quando no seu crescimento, lentamente vai despindo as folhas que a vestem, não deixo que se percam, guardo-as no meio dos livros que gosto de ler, São memórias que não quero perder da sua presença no meu viver.
A Minha Flor é a única, nasce e renasce, num ciclo que se repete, com as mesmas cores e o perfume que enlouquece, Escrevo-lhe poemas e frases serenas, para que se mantenha viva e a possa admirar.
No dia, em que no seu envelhecer, seja inevitável partir, não sei o que fazer sem ter a Minha flor a florir.
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sexta-feira, 28 de junho de 2013
HOJE MEDI O TEMPO
No topo da estrutura, engrenagens de neurónios, suporte de filosofia, de palavras em leituras, de discussões em politica, dum olhar sobre a arte, do amor, Lá, no topo de tudo, onde tudo se transforma em tudo, ou nada, É lá, bem em cima, que se alimentam as dúvidas, ou sustentam certezas, É lá que a imaginação se alimenta, se enriquece para não se fenecer ignorante.
Sinto-o cada dia que passa, Sinto-o na pele, nos ossos na carne, dentro de mim. Desde que nasci me acompanham, acrescentando todos os dias mais um dia, a todos aqueles que vivo. Começaram somente sendo simplesmente dias que passam, agora são dias que matam, carregados de pontos cinzentos, com o decorrer do tempo se vão tornando mais escuros. Como se da cor falasse, no evoluir da idade vão-se verificando mudanças na nossa capacidade de discernir e as opções de cor se alteram.
Durante muito tempo me escondi da passagem do tempo, disfarcei a duração do meu tempo, contrariando a natureza, ajustando os diferentes parafusos da estrutura, mudando as formas de energia, enriquecendo a utilização dos órgãos e todos os adjacentes necessários ao “bom funcionamento” e visitando o “mecânico”, sempre que a engrenagem paralisava. Não se pode enganar a vida, ela vai avançando e tira-nos o espaço de errar, para podermos evoluir.
Não sinto mudança na cor, sinto mudanças no viver, as coisas vão perdendo entusiasmo, vamos cometendo erros e não corremos atrás para corrigir, disparamos para um qualquer lado perdendo o norte.
Conversa perdida num dia como de hoje, deveria sorrir cantar e celebrar.. felizmente a televisão deu-me uma prenda para finalizar a noite, A Casa da Lagoa deliciei-me talvez pela trigésima (?) vez, aqui sim perdi definitivamente o norte.
Porto 27/JUN72013
quinta-feira, 27 de junho de 2013
NOTA DE UM ANÓNIMO
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