segunda-feira, 6 de julho de 2015

Poema humanista..



Imagino-te nesse outro lugar, do qual as palavras me referenciam o espaço e o volume. Vejo-te "anjo" na brancura da vestimenta, como se paz chegasse contigo, à dor dos que ansiosos te procuram na cura. As perguntas assustadas caem no regaço da tua escuta, os olhos brilham e se fixam no mover dos teus lábios, que debruam o sorriso da tua boca, sorvendo cada palavra, e embora temendo da explicação sabedora, dela procuram a serenidade para acreditarem que vale a pena. A tua escolha não é profissional é um poema humanista ao bem estar dos outros, é um regalo permanente ao teu espírito e corpo, é servir um interesse maior. Derretes energias cumprindo, vivendo e ajudando a viver, os que por temerem a morte mais cedo, a querem longe bem depressa. Como poucos, podes entrar no teu retiro, com o ego repleto e distribuir amor, compreensão, alegria, mesmo que na pele ainda tragas o último arrepio da morte próxima de mais. Mereces o direito ao silêncio, mesmo quando tens de sustentar e alimentar o ruído dos que te rodeia, essas gentes desejosas da tua presença.
Ainda te restam forças nas palavras, que usadas com mestria declaram sentimentos, enriquecem espíritos e são uma catarse que trás à superfície os sonhos e desejos.


dc

domingo, 5 de julho de 2015

TÃO VAZIO


Amanheci
tão vazio
por dentro
que escrevi
para saber
que não morri.

dc

quinta-feira, 2 de julho de 2015

Escolhemos o Silêncio....




Olhava o céu onde as nuvens, faziam e desfaziam formas, como imagens sucessivas de um filme. Procurava encontrar a resposta adequada a esse silêncio, que escolhemos como cama das nossa incertezas. As respostas não chegavam, entretanto as pausas sem nuvens e as gaivotas voando em acrobacias deliciosas, faziam-no planar sem rede, perdendo-se, de forma abstracta, dos raciocínios. Sem se aperceber ia baixando lentamente os olhos, até encontrar a linha do horizonte, como que a sugerir que era a hora de aterrar, agarrando-se novamente à terra firme. A serenidade se apossara dele, o silêncio tinha agora um outro efeito, menos vazio, como se aquele tempo, ali passado, sentado no banco da marginal face ao mar, tivesse funcionado como uma espécie de Prozac, medicado pela natureza. Agora, sentia dentro de si a energia, necessária, para não se deixar corromper, pela modernidade bacoca, A natureza o acordara mais uma vez, para o que mais imprescindível existe no humano, a liberdade de decidir, contra ventos e marés.
O silêncio e o isolamento são uma opção, nada de mau existe nisso, fazem-lhe acreditar cada vez mais naquela frase que diz: importante não é quantos os bens materiais que possuímos, mas termos os bens que necessitamos. Ele não prescindia da sua vida, para assumir uma outra, castrada por uma vontade estranha, importante, importante é ter a mente livre e deixá-la voar.

dc

quarta-feira, 1 de julho de 2015

APEGO...



o meu corpo
é prisioneiro
do teu corpo.
meus olhos
se perdem
dentro dos teus,
meu desejo
do teu desejo,
meus lábios
são do teu beijo,
até os sonhos
já não são meus.


dc

segunda-feira, 29 de junho de 2015

Num só dia, 365



Os aniversários passam marcando a mudança, e esta será tanto mais curta, quanto dentro de nós, ainda exista algo de criança. 
São datas passando pela vida, são momentos do caminho na construção de projectos, importante é termos a família e amigos por perto, porque com eles sabemos, que não nos deixam perdidos, a pregar no deserto. 
Num só dia, somamos trezentos e sessenta e muitos, e se alguns foram menos bons, na hora do balanço ficamos pelas coisas boas que aconteceram, apagando as velas de uma idade que não fixamos, “encharcamos a esponja” do champanhe de alegria e brindando aos novos dias que virão. 
Agradeço a todos os que se lembraram e a todos os que se esqueceram, porque uns e outros são humanos, sentem, vivem e esquecem por motivos, ou razões diferentes.   
Junho 2015 

dc

Geometria D'um espaço



pontas de setas
       raios de sol
ou veias abertas
       indicando um destino
talvez um girassol
       alegrando a terra
dum homem sozinho.
       dc 

terça-feira, 23 de junho de 2015

QUERIAS...



Querias
Que eu fosse
Como tu és.

Se eu fosse
Como tu és
Que diferença
Haveria
Se o espelho
A mesma imagem
Reflectiria?

Nem eu
seria quem sou
Nem tu
Serias quem és.
Então para que serviria
Que eu fosse
Como tu és
Se foi aquilo
Que nos diferencia
Nos aproximou
Um dia?

Sê tu como queres
E eu serei como sou.
Nas diferenças
Nos completamos
E talvez por isso
Nos gostamos
Sabendo ambos
Ao que vamos.

dc