quinta-feira, 26 de novembro de 2015

TANGO...no salão





Eu dancei
tu dançaste
ela dançou
eu pensei
tu pensaste
como eu sou.

No tango
bem agarrados
corpos lançados
são um casal
e o sentimento
de atracção fatal

Vermelho
veste ela
ele de preto
em sua farpela
ela de ombro
a descoberto

Roda e volta
volta e rodar
e solta
levanta o braço
fixa-se ao chão
ela sente seu coração

De passo em passo
de roda em roda
fazem o compasso
desta dança
que a moda
já não alcança

Sucesso
vira a alma
do avesso
dois que dançam
como se fosse
um destino

E se enlaçam
em desatino
em posse
até findar
o rodopio
é um desafio

Amantes
da dança
dançam
e por fim
depois da festança
.....terminou a dança.  


dc

segunda-feira, 23 de novembro de 2015

Sem blá blá ...é assim...e só



Todos os dias, as estórias entram-me pelos olhos pintadas de diferentes cores, para que as veja e delas fale. Cada uma com a sua especificidade, importância, ou motivação, cada uma mais marcante do que outra, todas despertando a minha curiosidade e inspiração. Em algumas me revelo, em outras me escondo. Nelas gosto de “ouvir” os gestos, colher as emoções e especular tentando encontrar as perguntas, sem me preocupar muito com respostas. Elas se me põe bem na frente sem que possa desviar o olhar, vão saltando para as palavras como pequenos pirilampos tremeluzindo desenhando prosas da sua revelação. Moro-me nas areias movediças das suas vidas, tento dizer de si, mesmo quando parecem vulgares, como se nelas eu também estivesse colado pelas experiências sentidas, como se eu próprio fosse a estória, deixando-me agarrar à massa que modela quem as vive, até que seja parte delas. Eu caminho quando caminham, choro quando choram, amo quando amam, elas são a pele da minha pele, elas desenrolam-se como um pergaminho com os segredos de toda uma vida.
As estórias com a sua emoção são a força motivadora, a que não resisto, levando-me mais longe. Trazem-me os arrepios, o frio ou calor ao corpo, dão-me o arreganho e vitalidade para as transformar, São elas que trazem até a mim o humano jeito das pessoas, São elas que me tiram do vazio trazendo-me capacidade de realizar para superar o correr dos dias. Em contradição com tudo isso, é no entanto alguma racionalidade que nelas se encontra que me trava para que não me destruam e me levem a alma já de si abalada na minha experiência humana.
 
cd


 

domingo, 22 de novembro de 2015

Queria-Te


Queria-te sempre
Como te quero agora
Nos meus braços
Sem demora  
Queria-te agora
No meu regaço
Sem hora
Nem cansaço 
Queria o teu beijo
Como sempre quis
Molhado pelo desejo
Do amor que contigo fiz  
Queria-te  
Queria-te tanto
Como ainda te quero
E escondo o meu pranto
No silêncio em que te espero

dc

SAIR DO ESCURO



Amolecida a vontade de se erguer do chão, não havia razão para que não ficasse, olhando o céu breu que por cima o observava. O cinzento estava tão fora como dentro, sem alternativas para encontrar o arco-íris, que fizesse aflorar na boca um sorriso, que o aconchegasse na palavra, que fosse abraço demorado no conforto da ausência e da espera.    
De repente o inesperado, a música foi enchendo o ar e lentamente foi adentrando na sua mente e no seu corpo, aquecendo-lhe a alma, trazendo-o a um navegar de ondas sonoras, escorreitas, deixando-o ir pelos sons e extasiando-se...levando-o por um caminho sem fim..deixou-se ir onde a música o quisesse levar...e assim se perdeu da dimensão do espaço e tempo...volatilizando o cinzento e as cores surgiam enriquecendo-o...misturando nostalgia e prazer. 
Sabia que ele não estava ali vivendo e partilhando, com o seu sorriso, com suas mãos apertando as suas, com o seu calor, mas a tristeza desse facto, esmorecia suavizada pelas sonoridades do que ouvia. 
dc 

sábado, 21 de novembro de 2015

ETERNIZEM



Ainda restam no ar os cheiros que emanam dos seus corpos, a pele ainda quente das carícias e as bocas ainda húmidas de se amarem. Resta da noite o cansaço alegre, prazeroso da presença de um perante o outro. Após a posse do corpo, a aproximação das mentes, Mesmo quando, por vezes, pareçam opostos, há sempre pedaços que se envolvem, se tornam comuns, no alimentar dos dias. 
Nada é eterno, dizem, mas se eternizam os momentos nas nossas memórias, aquele amor pelo outro, mais importante do que por si próprio e em alguns casos efectivamente até que “ a morte nos separe”. 
Tenham bom dia e porque hoje é Sábado e o tempo é mais vosso, eternizem! 
dc  
Nota: e·ter·no |é|  
Que teve princípio mas não terá fim. Que durará sempre. Muito duradouro. Inalterável; constante; enorme, desmedido.


quarta-feira, 18 de novembro de 2015

Partilhar um Chá



Gostaria de partilhar contigo o meu chá. Chá, iniciado com toda a cerimónia e ritual da sua exigente preparação, numa quase meditação, como prelúdio de um degustar lento, deliciado, sem que o tempo conte nem as suas angústias.
Um chá sem ser condicionado à escolha, se é preto, se é verde, se de frutos, ou de outra qualquer diversidade gustativa e salutar. Importante é partilhar o chá fazendo disso uma forma de comunicação, um palestrar silencioso onde só falam os gestos e os olhares.
Fazê-lo num lugar especial, talvez como viajantes solitários sentados no pico dum monte, olhando o infinito horizonte marcado pelo fim da tarde. Cada um envolvendo com as mãos a sua respectiva chávena e sentindo as arestas frias do vento penetrando os olhos, enquanto o calor da bebida nos vai reconfortando, numa saudação de mente livre, sem mais nada que a grandiosidade do próprio momento e todo o envolvimento que nos fez chegar a esse lugar de estar. 
Manso o dia, este, que não te tenho se não no sonho possível de um chá imaginário. 
dc

terça-feira, 17 de novembro de 2015

Uma Gata no Colo do Gato




Um gato
Um colo
Um sorriso
Um falar

São frases
São palavras
São olhares
São encontros

É um gato
Entre sorrisos
É um falar
Entre os olhares

Ronronar
Passar a mão
Sentir mornar
Bater o coração

Tudo certo
O gato não fala
É no concreto
"Mio" que embala
Ver uma gata 
No colo do gato
Num mundo abstracto
Pode ser um facto.

Se é normal...
(Falamos de felinos..?)

dc