Olha as mãos como se
nunca as tivesse visto,
vê-lhe os dedos compridos, grossos, firmes,
as veias salientes, as cicatrizes, os calos, as rugas...
Dedos que pela força deixam ferida,
puxam gatilhos tiram a vida.
Dedos firmes precisos, abrindo sulcos
como o lavrador rasgando a terra.
Dedos que deixam marcas onde tocam,
digitais que os Homens descobrem.
Dedos quando apertam outras mãos,
deixam os sentimentos chãos.
Dedos moldando o barro da vida,
afagos do oleiro na peça erigida.
Dedos que fizeram
mapas no seu corpo,
registos na pele em tatuagem,
Dedos dum amor em longa viagem,
sem paragem até chegar a bom porto.
dc