quarta-feira, 6 de abril de 2016

Porque corres José...?





Sentia a sua distração nas palavras que não dizia, nas vontades esmorecidas, na voz arrefecida. Tudo tivera seu tempo, agora nada avivava o seu querer, procurava outros olhos para se mover, para encontrar nova direcção. Escondia-se, na artificialidade, da circunstância, omitia quanto podia, o facto, é que já nada restava, a indiferença soava num eco repetitivo e desinteressante.
Não basta sugerir, não basta dizer, não basta dar, porque tudo cai por esse abismo, repetitivo, de tudo se justificar para que nada se permita acontecer. “Porque corres José?”

dc



segunda-feira, 4 de abril de 2016

Ai Primavera..onde andas





Foi-se o dia das mentiras, tudo volta ao caminho, todos, sem engano, verificamos uma Primavera destemperada, aloucada que nos deixa a todos tristes; pelo frio, que ainda se mantém, pelo sol sempre se ausentando, pelas árvores que não florescem preparando cama para dar seus frutos; porque nos deixa a todos humanos e os outros seres “chamados irracionais”,  confundidos e agitados.

Tudo vai mudando para além de nós próprios, ficamos na dúvida (ficamos?) se é assim que o mundo naturalmente evolui, ou se somos nós, humanos que o estragamos pela nossa falta de sensibilidade ao que devemos preservar.

Interferimos na existência natural das coisas para satisfazer o prazer de uns quantos. Há “Um Poder” que ”alimenta” as guerras, destruindo e pondo tudo a ferro e fogo, faz experiências com explosões subterrâneas destruindo a natureza; Há gananciosos sem a preocupação com os resíduos tóxicos, que se vão introduzindo na atmosfera e nos solos, desde que as sua empresas laborem. Há uns quantos, que produzem lixos toda a espécie e feitio. Os poços de petróleo que ardem, as minas, a destruição das florestas, poluição dos rios. Um nunca mais acabar de malfeitorias para com a Mãe Terra. E há muitos que chamam a isto progresso.

Depois disto tudo como é possível que a Primavera não se transforme,  assim como o outono, o verão ou o inverno?

dc





domingo, 3 de abril de 2016

Talvez quem sabe...




Como dizia Pessoa: “o poeta é um fingidor”, assim penso, nem tudo o que é dito é real, nem tudo é sonho, é mais o querer, que seja o dizer das palavras, a chegar a algum lugar. É pensar alto, murmurando baixinho, esperando que elas encontrem onde pousar. Talvez quem sabe, um silêncio sem solidão.


dc



sexta-feira, 1 de abril de 2016

CASEI-ME


 

Sim casei 
Endoidei
Com a que sempre amei.

E porque não haveria de ser,
Embora renegue o acto
Algum dia teria de acontecer.

Ela é linda como o sol
Tem curva e contra-curva
Rosto belo bem desenhado
Assenta como uma luva
Neste homem apaixonado.

Ela pôs meu coração em desacato
E avancei sem temer
Já foi lavrado o acto
Agora nada mais há a fazer.

Está tudo escrito no papel
Com a minha assinatura
Só daqui a uns meses vou saber
Se foi um momento precipitado
Ou um momento de loucura.
>
..
..
....
......
Acreditam os incautos
Nesta minha poesia
Se não fosse dia de enganos
O que mais aconteceria...

dc





quinta-feira, 31 de março de 2016

31'MARÇO'16




Sempre que sentia a distância procurava fazer-se mais perto, procurava atenuar a voz seca que magoa. Temia que todos os momentos de alegria se perdessem na confusão das afirmativas, de cada um, na necessidade de se imporem. Tinha momentos que sentia objecto de uma solidão que não a sua. Talvez por ausência dum projecto, de um estar onde a pele se cola na pele dos sentimentos e necessidades, sem a primazia para qualquer um, onde a palavra sacrifício não faz parte do rol do seu sentir, antes uma palavra vinda de fora que obriga a criar resistência e sobreviver. Na sua forma de gostar o sacrifício não tinha lugar, Pelo contrário, muito mais, mas mesmo muito mais, seria o prazer duns braços que fossem mais comprimidos e o abraçassem para além do corpo penetrassem em espiral dentro de si, e chegassem ao seu coração alimentando seu bater, com calor do seu amor.


dc