Ela estava ali desafiadora,
provocando-o, pondo à prova as suas capacidades. O silêncio em volta era
tentador para avançar. Aparentemente estávamos sós, podia estar à vontade e
aceitar o desafio sem rodeios. Ele sentia-se meio temeroso. Se em tempos o fez
com duas e sem hesitações, porque não agora só com uma? A idade, um pouco de
peso a mais, faziam-no temer o seu desempenho. É certo que cuidava do seu corpo
diariamente e sentia-se bem. Não parecia haver, razões, para que objectivo não
fosse atingido com sucesso. Hesitava na necessidade de preliminares, para fazer
o sangue afluir às partes do corpo que seriam submetidas à tensão. Aproximou-se
devagar, encarou-a de frente, depois, olhando bem para cima, avaliou de si,
avançou de mãos estendidas até sentir o seu contacto nas palmas da mão.
Agarrou-a à bruta, com as mãos bem firmes, começando a envolvê-la fortemente,
enquanto ouvia na sua mente os incentivos: tu és capaz,
solta a cinta, eleva as pernas, ginga o corpo com vontade, força, vai, vai. Era
como se uma força interior enorme o comandasse, enquanto ela se deixava
submeter. De repente sem quase se aperceber o clímax aconteceu. Sentia-se no
topo do mundo. Não sabe como, de repente libertou-se, soltou-a e sentiu-se a
aterrar, mãos quentes como nunca, o corpo esparramado, ofegante com o sabor a
vitória. A vida. A vida, tem de ser subida a pulso, nada nos é dado, pelo menos
para todos aqueles que não nascem num berço de ouro. Ele, ali naquele ginásio,
subindo aquela corda, sentira-se um campeão vencendo o desafio a que
submetera o seu corpo e vontade.dc