segunda-feira, 22 de outubro de 2018

Entre o sol e a chuva





Entraste pela tarde dentro trazendo o sol por companhia. Foste rainha das falas e encheste o espaço, outrora vazio e indisponível, com o som da tua voz.  A chuva que do outro lado caia, não foi suficiente para apagar a luz que iluminava os teus pensamentos e o calor com definias e defendias tuas razões e as tuas emoções. Foi um navegar à vista, onde a intuição e a sensibilidade foram cumprindo todo o trajecto. Preso ao que dizias, fui lendo nas entrelinhas do teu discurso, teus feitos e vontades e conhecendo um pouco mais da personalidade com exerces o conhecimento. Uma tarde em que a verdade acontecia, o tempo, temporariamente não existiu, nem contou nos ponteiros dos relógios, nem mundo ao nosso redor se sentia. A tua imagem e as tuas falas foram de encontro ao meu espírito abrindo uma porta, ao teu conhecimento.
Há tardes que se tornam inesquecíveis e imperdíveis. Como dizia o Vinicius em outro contexto: “
que seja infinito enquanto dure”.


dc

domingo, 21 de outubro de 2018

De trás da cortina



Existe um sonho, dentro de um o sonho  que alimentamos. Ele cresce e domina a nossa realidade, mesmo quando esta não o realiza de todo. O sonho, desalinhado, incoerente, funciona como “brainstorm”, perspectivando o que a realidade tem dificuldade em desenvolver, ou descobrir. Há sonhos que dominam a noite do sono e morrem no clarear do dia, deixando a semente. Há outros sonhos que sustentam o enfrentar dos dias. Naquele dizer popular, de que temos de assentar os pés no chão e enfrentar a realidade, querem amordaçar-nos o sonho, na verdade se ele morresse dentro de nós, alteraríamos um elemento precioso do adn da vida.


dc




sábado, 20 de outubro de 2018

Pensanoites




Quando as palavras, me acompanhavam pela noite dentro, deixava-as tomar o seu próprio rumo, elas se iam colando umas às outras construindo as frases, sem que tolhessem os sentimentos, debaixo delas vivendo. O eco existia não ao desejo de cada um, mas no reflexo de cada um. Assim eram as noites de dois diferentes quase iguais, até se perderem no próprio sentido das frases, das palavras e só restarem letras soletradas de onde em onde, até que a morte as levasse.

dc

quarta-feira, 17 de outubro de 2018

Escrita nos ombros



Nesses teus ombros frágeis
Onde o mundo por vezes se pousa
Aguardam outros desejos e viagens
Que teu pensamento ousa

Sei pelo que contam meus dedos
Neles tocando ao de leve
Qual o peso dos teus segredos
Mesmo que em carícia breve

E se beijo os teus ombros

Em meus lábios a tua pausa
Com o seu calor te conto nova história
Beijos afastando dores e sua causa
Apagando a tristeza da memória.

dc

quarta-feira, 10 de outubro de 2018

Noites longas




As noites são longas

Entre quatro paredes.
É a ausência da tua voz
O beijo que não dou
A palavra que não digo
Os corpos que se não tocam
O amor feito sem pressa

As noites são longas

Resta o silêncio
O esbracejar da procura
Duma dor que se não cura.
O lado vazio na cama
O sonho que não acalma
As dúvidas que não dormem

As noites são longas

O sonho é algo que persiste
Na sua impossibilidade
É como se não existisse
Torna a realidade amarga dura
Reavivando a saudade
E sentimento que perdura

Longas as noites

Cheias de ausências
De sonhos perdidos
Resta o véu da realidade
Chegando sem clemência
Aumentar a saudade

dc