Escrevi-lhe uma carta, apaixonada,
romântica, possivelmente cheia de lugares-comuns, como se escreve, em amores
tão simples, nas pessoas que só amam. Não obtive resposta. Esperei tempos
infinitos, e depois abandonei-me em pensamentos desordenados, sem encontrar um
fio condutor. Desde sempre estranhara, que depois daquela noite, qual o tipo de
dúvidas lhe terão surgido, que a levassem a afastar-se no dia seguinte, sem
qualquer explicação.
Fiquei sem respostas, a carta procurava lembrar, revelar a mágoa que ficara, e
como o orgulho mumificara o gesto
possível, de se questionar. Na minha mente a chave continuava pendurada na porta...
Hoje mesmo acordei pensando na mesma questão. Muitas dúvidas mais surgiram.
Será que eu escrevi mesmo a carta e a cheguei a enviar? Será que o remetente e
o nome estavam certos? Já recomeçou outra vida? Tudo desculpas por temer que a
resposta pudesse chegar, ou na realidade, temia que a razão da ausência de
resposta há muito se encontrava dentro de mim. Recomecei a escrever, uma outra
carta, que se me dirigia, esta agora, como catarse possível de tal apego
dc