O beijo era uma marca registada no seu amor. A frescura da sua boca, realçava-se na humidade da sua língua, nos seus lábios carnudos e no macio da pele que os debruava de milhares de pequenos relevos que os formavam. Era como se tratasse de um fruto que não sabia explicar a sua nascença, mas de modo definitivo, o atingia com a riqueza do sabor emoção, que fazia estremecer todo o corpo. A sua boca era o lugar de reconhecimento do sentimento que dentro brotava de forma intensa, onde gostava de prolongar, a sua presença. Nunca pensou que seria assim, algo tão físico, ao mesmo tempo, tão pouco carnal, ali sentia-se desvanecer, perdia as forças e o pensamento borboleteava, num voo sem fim, como se a vida fosse uma primavera constante debruada por aquele encontro dos seus lábios. Nada tinha a doçura, saudável, daquele beijo que eternizava a força daquele amor que nunca explicaria por palavras. Horas passadas ainda restava, nos seus lábios, o calor e o sabor, daquela boca que de modo egoísta e quase possessivo chamava de, sua. Neste momento pensava, que após tantas bocas, persistentemente beijadas, as situações de decepção tornaram-se um hábito, sem perceber da importância e significado da troca de um beijo.
dc