segunda-feira, 30 de abril de 2012

DESFAZENDO O VAZIO

Por vezes, bancos esperando serem ocupados, uma pomba observando, um sol forte poderoso desenhando o espaço. Tudo isto cheio de cor, mas vivo, mesmo vivo, só a pomba e as plantas que só comunicam de forma abstracta. A realidade...ou na realidade, é um espaço esperando ser preenchido por alguém que interaja, recebendo descanso, bebendo calor, vibrando com a cor, desfazendo o vazio.

Dizem, os espaços verdes, serem uma espécie de pulmão da cidade, seria bom que todos tivéssemos a consciência disso, especialmente para bem da pomba, do jardineiro e suas plantas, do banco e da sua conservação e de todos nós e a nossa saúde. Mais reflexão, ou meditação, aproximação com a natureza, menos stress, mais qualidade de vida.

domingo, 29 de abril de 2012

Akzhana Abdalieva

É um prazer especial ver a sua pintura, com as linhas que desenham as formas arredondadas em contínuo, com o domínio da figura humana em posturas que fascinam o nosso olhar. A riqueza de cor talvez reflexo da sua pátria, é rica e harmoniosa. Em alguns quadros os panejamentos levam-nos à pintura de Gustav Klimt, e em reminiscências num ou outro quadro a Picasso.

Não encontrando grande informação sobre a artista consegui obter alguns dados de curriculum que dizem da sua importância.

Akzhana

Almaty Art School 1984-1988
1989-1994 Almaty College of Applied Arts
1994-1999 KazNAI (cazaque Academia Nacional de Artes)
2000-2004 Master of Universidade Mimar Sinan em Istambul
2004-2009 Doutorada na Universidade Mimar Sinan em Istambul
Hoje Akzhan grau de doutorado em Artes Plásticas. Suas obras estão em coleções particulares na Suíça, Cazaquistão, Alemanha, EUA e outros países.

sábado, 28 de abril de 2012

O FIGURÃO, VIROU FIGURINHA


Estou tão farto deste senhor, que ao ver este texto num blog não resisti a publicá-lo.DC



Soares, por J. Rentes de Carvalho


«Seria longo detalhar as razões da minha antipatia por Mário Soares como figura política. Datam de Paris, no começo dos anos 60, e permanecem. Tenho também pouco apreço pelos que, ingénuos ou ignorantes da História, e dizendo-se eternamente gratos, se lhe referem como "o homem que nos trouxe a Democracia." Não trouxe. As peripécias são outras e menos simples.
 Mário Soares desagrada-me ainda como pessoa, pois simboliza aquilo que detesto e de que desdenho na burguesia portuguesa: a falsa pachorra, a jovialidade de pechisbeque, o modo paternal, o sorriso pronto, a mãozada, os Ora viva!, a festinha aos humildes; por detrás de tudo isso a ganância, o cálculo frio, o desprezo do semelhante, a presunção, o sentimento bacoco de casta, os rapapés, a mediocridade.
 O senhor Mário Soares sabe o que dele penso. Isso, contudo, parece não obstar, pois tenho recebido os seus livros, autografados, e surpreendeu-me um Natal, enviando um retrato seu, dedicado "Ao meu caro amigo J. Rentes de Carvalho".
Surpresa tive-a também um dia em 1998, quando o competente e muito amável João Rosa Lã, então nosso embaixador em Haia, me telefonou anunciando:
 - O Mário Soares vem cá almoçar e pediu que o convidasse, pois quer muito falar consigo.
 Lá fui. Seríamos cinco ou seis, mas o cordial ex-presidente como que se apoderou de mim e, esquecendo os outros, esmiuçou longamente, miudamente, a sua visão da política portuguesa.
 Fui ouvindo, e em determinado momento, para rebater o que ele afirmava disse-lhe:
- Mas isso, senhor presidente…
 - Já não sou presidente! Chame-me Mário.
 Agradeci, recusei, disse-lhe que da minha parte acharia indecorosa a familiaridade, se bem que...
 - Se bem que?
- Dá-se o caso que o senhor presidente e eu já dormimos na mesma cama.
 Contei-lhe depois a história, resumindo os detalhes e escondendo o remate.

Deve ter sido em Setembro de 1948, os dezoito anos feitos, que o Dr. Armando Pimentel , amigo e mentor, me convidou para um jantar em Macedo de Cavaleiros, onde padres ricos e proprietários abastados iam festejar a excepcional colheita de trigo e centeio desse Verão.
 De Estevais a Macedo leva-se uma hora, naquele tempo dava a ideia de se ter feito grande viagem. Amesendámos na então já nomeada Estalagem do Caçador. Éramos muitos, eu o único jovem, sei que se começou com alheiras e chouriças, a seguir perdiz, borrego, leitão. O resto sumiu-se da memória.
Uns trinta anos depois aconteceu-me passar por Macedo, almocei na Estalagem, iniciando uma espécie de ritual, e desde então vezes sem conta lá comemos e pernoitámos, criando boa amizade com a D. Maria Manuela, que com simpatia e perícia dirigia o estabelecimento.
 É ela que nos acolhe uma tarde de muito calor, manda preparar uns refrescos e, enquanto beberricamos e coscuvilhamos, diz que nos reservou um quarto especial.
 Sobe connosco, abre a porta, e anuncia com maliciosa solenidade:
 - O Mário Soares dormiu aqui ontem! 
No fundo achamos desagradável a nova, é como se as exalações do corpo e da personalidade do homem ainda flutuem no aposento, mas sorrimos, dizemos umas palavras de circunstância, a D. Maria Manuela despede-se.
 A empregada, transmontana, retornada de Angola, espera que a patroa desça, encosta a porta, e rosna, truculenta, ao mesmo tempo que nos agarra pelos braços: 
- É verdade! O filho da puta dormiu aqui! Mas estejam descansados, que já desinfectei!»


(Retirado do blogue Tempo Contado, da autoria do escritor)

sexta-feira, 27 de abril de 2012

SOBRE O AMOR

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É tão bonito dizer amor
como triste não o ter
Porque não desabrocha essa flor
Para o meu coração ceder.

Na verdade é muito pretendido
Nem a todos o amor toca
Amor, amar com sentido
É muito mais do que uma troca

Se é algo tão forte que nos toca
Todos deviam possuir e com ele aprender
A dar sem nada receber em troca
Sentindo a alegria de com ele viver


quinta-feira, 26 de abril de 2012

NÃO QUEREMOS "DONOS DE PORTUGAL"

Ouve-se a voz que se vai entranhando em nós, e as lágrimas vêem aos olhos, com as lembranças que nos trazem. As lutas em defesa de uma sociedade melhor, com a ditadura à perna, com o risco de prisão e tortura. As reuniões clandestinas, a propaganda metida debaixo da porta, o 1º de Maio que se levava à pratica, sem paragem ou feriado autorizado, com policia nas ruas e a Pide. As actividade dos estudantes e suas reivindicações, as greves, as pichagens nos muros e nas estradas, a troca de livros proibidos, a censura. Tudo se mistura rapidamente na cabeça.

Hoje, alguns indivíduos ostentam cravos na lapela, escondendo hipocritamente, as atitudes e comportamentos de profundo desrespeito pelo povo e pelo esforço heróico de muitos que lhes deram de bandeja a liberdade. Alguns, que hoje nos governam, nunca viveram na pele a ditadura e gozaram em pleno os benefícios e apoios num país livre. No entanto, hoje, vivendo em plena democracia que nada fizeram para a conquistar, vem dizer ao povo, que temos de fazer sacrifícios, e passar uma esponja sobre tudo aquilo que são direitos trazidos à luz do dia pelo 25 de Abril.

Como se pode ver no vídeo os "Donos de Portugal", não é o Povo o "Dono" do país nem responsável pela crise que se vive e é criminoso que a ele lhe seja atribuída, obriguando-o a pagar com sacrifícios enormes.

Temos de voltar a congregar vontades, encontrar soluções e pontos comuns de entendimento, entre todos aqueles que acham que o Abril deve permanecer, no sentido de mantermos os direitos conquistados e repor todos aqueles que nos tiraram.


terça-feira, 24 de abril de 2012

VÉSPERAS DE UM OUTRO ABRIL


Hoje é véspera das comemorações do 25 de Abril. Se é um facto que a revolução trouxe aos portugueses um novo acreditar nos homens, na verdade, é que passados estes anos todos ficamos com a ideia de que alguns homens, se aproveitaram a ingenuidade do povo, para assumirem um papel para o qual nunca estiveram talhados e que acabaram por destruir a oportunidade única de Portugal ser um país a sério.

No que se refere aos homens que lideraram o movimento militar, alguns rapidamente abandonaram o processo, de forma quase ingénua, acreditando que a democracia implantada na altura, impediria o retorno ao passado. Os outros, da área política, preocuparam-se mais em servir as suas filosofias pessoais e de grupo, em detrimento do povo que diziam defender. Destes, como se pode hoje observar em retrospectiva, assumiram grande protagonismo, do qual se aproveitaram, para se colocarem nitidamente do lado daqueles que a revolução levara a fugir por estarem envolvidos com o Estado Novo.
Dois desses senhores políticos famosos chegaram a Primeiro Ministro e à Presidência do pais com as consequências que hoje se conhecem. Entrega das expropriações legitimamente feitas, a terras não cultivadas e de empresas que os trabalhadores mantiveram activas, após o abandono dos seus proprietários, premiando-os com indemnizações chorudas, para que tudo viesse a ficar como dantes. Em alguns casos, como nas zonas da reforma agrária, resultou em novo abandono das terras, e a sua venda posterior e com os resultados que se sabem, voltamos a depender, em grande parte, de importações agrícolas. E em outros casos, empresas entregues aos patrões que rapidamente as levaram à falência, com o consequente desemprego onerando as despesas do país.

De um período revolucionário, de grande criatividade, melhor qualidade de vida, maior enriquecimento cultural, maior participação dos cidadãos, estamos hoje reduzidos por um espartilho político ditatorial de um governo que serve os interesses dos capitais e políticas dos senhores do dinheiro, a um povo sem auto estima, submetido novamente ao medo do poder e do grande capital. Com um grande número de desempregados, com condições de vida que atingem os limiares da pobreza em muitos dos portugueses e com um governo que pretende em nome da crise acabar, com todos os direitos que a revolução nos trouxe, tentando impor ao povo, o bafio salazarento de tão má memoria.

É importante que o povo português saiba do seu poder e da sua capacidade para mandar na roda do progresso e da história, para que novamente coloque o carro nos carris do progresso e da democracia. Para tal temos de perder o medo e avançar com todas as formas de luta, legitimadas pela indignação e pelo direito a ter uma sociedade melhor, mais solidária e com benefícios de todos e não só de alguns.

É preciso que o povo, como no período da Revolução de 25 de Abril, reconquiste a liberdade, defendendo os seus direitos nas empresas, nas escolas, universidades, nos seus sindicatos, associações profissionais, culturais, e muitas outras.

Não só devemos dizer que temos de defender a Abril, mas também, que estamos dispostos a fazer uma outra revolução com data a marcar urgentemente.

segunda-feira, 23 de abril de 2012

SE TODAS AS NOITES EU SONHO

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Saberei eu ser quem devo,
deverei saber eu o que sei,
ou se na razão das palavras que escrevo
está aquilo que esperava e sonhei.

Sem a esperança perdida
com a cabeça a latejar
Vejo passar a minha vida
Sem a paz que queria alcançar

Porquê tantas voltas em redor
daquilo que se quer encontrar
Tantas horas de mágoa e dor
E sempre tudo por realizar

Se todas as noites eu sonho
e nem de todos os sonhos me lembro
De alguns eu me envergonho
de outros a todo o momento relembro.

E esses transformo sem perder o pé,
Como objectivo de meu viver
Juntando toda emoção, razão e fé
Para que a realidade possa acontecer.