terça-feira, 17 de setembro de 2013

NÃO RARO...



....só o tempo e a distância nos fazem compreender até que ponto estamos errados, na análise das situações que nos envolvem. Por vezes forçamos o nosso próprio modo de estar e de sentir, com medo que se parta algo, que de algum modo julgávamos construir. Na verdade, não devemos recear dizer o que pensamos, nem aquilo que nos leva a agir. Em cada momento existe uma acção - reacção, que tem que ver, com a forma como cada um vê e sente as envolvências ou incidências do tema em si, e que envolve as partes. Como tal não se devem deixar iludir e procurar evoluir, não se acomodando.

Não se pode de facto querer que de um momento para outro, a mediocridade, e o raciocínio banal que nos enforma diariamente se altere, e passemos a fazê-lo de diferente modo. É necessário, antes de mais, predisposição e sentimento de necessidade em nós próprios, de o fazer. E de seguida fazer as escolhas de modo a que a nossa opção tenha desenvolvimento. Não é porque os afazeres, ou dificuldades económicas, ou outras, que nos demitimos de crescer e de evoluir intelectualmente, formando-nos e informando-nos daquilo que é mais importante, para obtermos conhecimento da sociedade.

Resumindo não basta, termos uma fisiologia atraente, tentarmos mostrar conteúdos conhecimentos, se não os alicerçamos em escolhas, que correspondem a uma evolução continua, da nossa forma de estar social e do nosso entendimento com o quotidiano que se nos deparara. No entanto, sabe-se que por comodismo e facilitismo as pessoas tendem a não se questionar quanto ao que fazem e o que valem. Deixam-se arrastar pelo laxismo desintelectualizado, alinhando na verborreia que impera nos media e nas conversas ocasionais que estes originam com o seu discurso.


DC
Quando a boca não consegue dizer o que o coração sente o melhor é deixar a boca sentir o que o coração diz.
-William Shakespeare


domingo, 15 de setembro de 2013

ACONSELHARAM-NO...




Aconselharam-no a levantar o "dito" do sofá e ir à luta – que luta? —e deitar fora os fantasmas, os lemas e teoremas e fazer-se à vida.

É giro como anda tanta gente feliz, que quando começam ler algumas notícias dos “jornais formatados”, ao sabor da corrente dominante, logo dão conselhos.

Afinal essa história das estatísticas é tudo mentira, os suicídios não aumentaram no primeiro trimestre deste ano e os homicídios também não. As pessoas não sentem o aumento do custo de vida, estamos num mar de rosas. Há que sermos positivos saltando e rindo, e não nos preocupemos com manifestações e reivindicações, porque a rir a gente lá vai... Sim talvez a gente lá vá sendo “comida de cebolada” com um sorriso de orelha a orelha e acreditando que na sociedade portuguesa tudo o que se passa é um mar de rosas, talvez sem cheiro mas que importa, sim que importa? Fiquemos só assim... como se estivéssemos numa das muitas alas psiquiátricas de um qualquer Magalhães Lemos deste pais.

Sim, acreditem nos “iguais” de sempre, que nos tiraram da segurança social, mais de 4000 milhões euros e suspenderam subsídios para os quais contribuímos uma vida inteira, e para quê? Para salvar o BPN com 7000 milhões de euros, que foi vendido por 40 mil milhões. Sim acreditem que os tais “iguais” têm feito tudo para salvar o país e no entanto a dívida aumentou, porque quem eles ajudam efectivamente, são os seus “iguais”. Agora chega o desplante, o estado assume a dívida de um clube de futebol de 3,5 milhões de euros, e quem paga...claro os reformados...

Claro, não se preocupem, não se zanguem, encarem de forma positiva tudo o que nos últimos tempos tem acontecido com os vossos direitos, com o desprezo com que são tratados e metam a cabeça na areia, para aprenderem a ser menos pessimistas. Pelo contrário, sejam optimistas e façam como o governo, pensando, "pimenta no ...dos outros é refresco" e riam-se, pelo menos até que vos aconteça a vós o que acontece aos outros.

E para que eles se riam ainda mais, nas autárquicas votem nos mesmos, os “iguais” os do costume, para poderem dizer mais tarde, como sempre, “já não acredito nos políticos, são todos iguais”, e riam-se, já agora... porque não, não são todos iguais? 
Xiça...por favor tirem-me deste filme de terror.

Tinha de escrever assim, estava farto de que lhe digam, ao fim de dezenas de anos de trabalho e sem ter tido tempo para ser criança, que tinha de apertar o cinto e que tinha de se sacrificar, para pagar a banqueiros e encher os bolsos a alguns.

D

sábado, 14 de setembro de 2013

FALAR GESTUAL




O texto, é curto como não podia deixar de ser, quando a mente está vazia - lugar comum, físico em mau estado e emoções neutras, Melhor, melhor, foi deixar a imagem falar, com linguagem gestual, que desconheço, e alguém deixou depositada na parede da cidade.

DC

sexta-feira, 13 de setembro de 2013

Um MUNDO de CORES Diferentes...



...todos os dias,
de paleta na mão,
em pinceladas de cor,
fazemos um mundo
de cores diferentes,...


senti no vermelho,
a raiva que emprestei;
a vontade de querer
mudar o mundo

    no vermelho vi sangue
brotado dos inocentes
e senti calor
daqueles que lutam
todos os dias
cobrindo com sangue a vida,
   vi vermelho,
naquele puto traquina,
de camisola vermelha,
    vi vermelho
na fotografia de uma guerra,
    vi vermelho nas unhas
daquela senhora,
que do café,
vomitava um ar pouco
convincente,
de mulher fatal,

pintei o céu,
numa pincelada de azul,
acalmei as ondas
quando lhes falei
baixinho,

e, lhes emprestei um pouco
de azul,
acalmei os ânimos
da guerra
num esforço desmedido,
quando
esgotei o último
tubo de azul,


acordei,
vontade forte de acordar
o mundo,
vesti umas calças amarelas,
adornei-me com um lenço amarelo
e ri todo o dia!
fingi esquecer
as incertezas do dia,
colhi o amarelo
dos campos,
preveni-me nos semáforos,
espicacei sentimentos,
feri sensibilidades, ...

na noite,
no preto da noite,
abafam-se as vozes roucas,
no preto da noite
falam os amantes
as vozes caladas pelo dia,

preto
       é o silêncio
                calado,

de muitas cores
juntamos o mundo,
de verde os campos,
de azul o céu e o mar (às vezes),
de vermelho a dor,
a raiva,
de castanho a terra
que é forte,
de branco, o vazio,
de preto a intriga,
de violeta a paixão
de.....,


    no branco
escrevemos as palavras bonitas
    no branco
escrevemos poemas calados,
porque ninguém nos ouve...

RMT

quinta-feira, 12 de setembro de 2013

LIBERTAM-SE SIM




Libertam-se fogem lentamente através das grades, não se retém pelo que delas querem fazer, Querem ser mais do que o jardim de um qualquer personagem, Elas sabem que todo o mundo tem direito a vê-las e observá-las, sem que se percam daquilo que são, O seu mundo não se confina ao ser e existir vão mais além, das questões terrenas, Elas transportam emoções cor e luz para com as outras almas que circulam, nesse seu outro espaço de vida. Elas sabem que lhes tentaram determinaram o destino ao longo de séculos, submetendo-as, Hoje isso já não tem razão de existir, e, muito menos, aceitar que as violentem, naquilo que chamam intimidade, Já soltaram as grilhetas, e não chega o branco com que as embrulham, nem a evocação aos deuses num aro metálico de ouro coberto.

Flor não é macho, é uma desígnio de mulher.

DC


terça-feira, 10 de setembro de 2013

Horas consecutivas...





..... de imagens, vozes, alegrias, angústias, ilusões, Arrepio-me com o mar a crescer em ondas desmesuradas, de repente tudo muda, Estou boiando no mar calmo, olhos no areal onde me bronzeio, mulheres bonitas que se exibem... Acontece o desastre com os corpos e os feridos espalhados pelo asfalto... Altera-se o tempo e o espaço.. viajo de carro, de avião, de comboio, voo com asas que não possuo... O carro dispara..vai em grande velocidade, os travões não funcionam, carrego no pedal do travão e nada, faço ultrapassagens loucas, umas atrás das outras... O carro pára e tudo muda é a marcha atrás que entra e não me deixa parar, recuando abruptamente passando no meio dos carros, sinto suores frios, medo, terror, uma angústia a entrar nos ossos.. O precipício surge, caio num espiral sem fim, vou descendo e tudo se vai tornando indefinido, o coração e os pulmões ficam perto da boca, a pele cola-se nos ossos, os cabelos ficam espetados de horror... É um beijo de uma boca sem rosto, é um corpo sem desenho, uma emoção forte, sinto-me esvair num prazer intenso... A espada pesada em mãos que esbracejam cortando corpos, todos no castelo defendendo nas muralhas e invasão, pessoas fogem em todas as direcções... Na corrida que participo vou descalço, inesperadamente descalço, o que faço eu descalço numa maratona, 42km sempre a correr, descalço..não pode ser, os pés ficam em carne viva...ouço ruídos.., agito-me quero urinar, todos os locais, têm gente, os WCs ocupados, na rua passa gente, a bexiga aperta, todo eu em pânico, agito-me, Uma cotovelada forte nas costelas afasta o barulho, de um resfolgar intenso, fica-se pela serena respiração. As imagens regressam agora mais difusas, com sons à mistura, vozes, gritos, música vibrante, som alto...nevoeiro um apitar de sirene do barco forte, permanente, ensurdecedor... não quer parar..entre o nevoeiro distingo uns números, um relógio dou-lhe um palmada e o som desaparece...mergulho letárgico...

De alguns lembramos o princípio e o fim, outros não. Tem momentos bons em que gostaríamos que a realidade fosse aquela, Tem alturas que num abrir de olhos se perdem as referências do acontecido...


Boca a saber a papel de música, lavados os dentes com a água do comprimido a tomar em jejum, Sentado na sanita o pensamento voa para os confins da existência e para o recomeço das tarefas do dia.


Mais uma noite de sono agitado de sonhos e pesadelos, tinha terminado, começava o dia, outro pesadelo, O corre, corre da manhã, o banho, preparar as crianças, os transportes, levar as crianças, o beijo fugidio na boca franzida da mulher, O trabalho no emprego, cheio de momentos enrugados de sarilhos, salário apertado, contas a pagar no intervalo do parco almoço, e o fim de tarde a mesma rotina da manhã agora ao contrário....


Continuava sentado na sanita, momento sagrado de reflexão.. “ que merda, a felicidade é um pequeno arroto, no meio de dois pesadelos... “

DC

segunda-feira, 9 de setembro de 2013

...UMA PORTA SEM NOME




Dói expressar o que se sente
se não pensamos racionalmente


Dói a falta de coragem de falar
do muito que queremos partilhar


Somos uma porta sem nome
Somos uma casa sem janelas


Somos uns poetas perdidos
Sem metáforas e escondidos


Neste mar de incerteza
entre a alegria e a tristeza


Somos pássaros feridos
Perdidos do seu voar

DC