segunda-feira, 23 de setembro de 2013

UM OUTONO A CHEGAR





A noite se aproximou lentamente do Dia e lhe perguntou: “Queres aparecer hoje, ou não? Está-se a fazer tarde e preciso de aclarar as ideias... O Dia meio incomodado, e de má vontade, entreabriu os olhos no meio da algazarra do despertador e disse-lhe: -“Tem calma e um pouco de paciência, Tenho de falar com o Sol, para saber se vem trabalhar hoje e se a minha amiga tarde tem o horário estabelecido, para quando regressares te entregar o serviço nocturno.
Assim conversam e passam os dias, entretendo o meu tio Setembro, preocupados com o primo Outubro, que no cair da folha de Outono, estará muito atarefado a preparar o irmão Inverno, que se lhe seguirá na gestão, despindo de folhas as árvores e dando banho frio a todo o mundo. Tudo isto, antes que a madrinha Primavera se apresente ao serviço, com todas as suas forças, e comece a trazer há luz dos acontecimentos as novas cores, folhas e frutos nas árvores, que servirão de chapéu para nos proteger do sol, com que o seu afilhado Verão nos gosta de brindar.

Partimos dos milésimos de segundos para os segundos, horas, dias, meses, anos e séculos, entremeados pelas várias estações e os gritos de um mundo que julgamos conhecer.

Outono chega na repetição do ciclo, ainda sem folhas caídas, no entanto preparado para se despedir, com todo o cuidado, de um verão tardio que deixou nosso corpo torrado e terreno bravio de tanto secar.

DC

sábado, 21 de setembro de 2013

NO SEIO DO MEDO


Ter medo antecipado
de algo que não foi dito
é sentir-se enganado
com o ruído do seu grito.


No seio do medo
vive a coragem, a vontade
de derrubar a dúvida
e o segredo da vida.


Do querer dum amor
que não se deixa morrer
pela vida a acontecer.


Amar não tem dor
nem trás o medo de viver,
é a gloriosa singeleza da flor.

DC

terça-feira, 17 de setembro de 2013

NÃO RARO...



....só o tempo e a distância nos fazem compreender até que ponto estamos errados, na análise das situações que nos envolvem. Por vezes forçamos o nosso próprio modo de estar e de sentir, com medo que se parta algo, que de algum modo julgávamos construir. Na verdade, não devemos recear dizer o que pensamos, nem aquilo que nos leva a agir. Em cada momento existe uma acção - reacção, que tem que ver, com a forma como cada um vê e sente as envolvências ou incidências do tema em si, e que envolve as partes. Como tal não se devem deixar iludir e procurar evoluir, não se acomodando.

Não se pode de facto querer que de um momento para outro, a mediocridade, e o raciocínio banal que nos enforma diariamente se altere, e passemos a fazê-lo de diferente modo. É necessário, antes de mais, predisposição e sentimento de necessidade em nós próprios, de o fazer. E de seguida fazer as escolhas de modo a que a nossa opção tenha desenvolvimento. Não é porque os afazeres, ou dificuldades económicas, ou outras, que nos demitimos de crescer e de evoluir intelectualmente, formando-nos e informando-nos daquilo que é mais importante, para obtermos conhecimento da sociedade.

Resumindo não basta, termos uma fisiologia atraente, tentarmos mostrar conteúdos conhecimentos, se não os alicerçamos em escolhas, que correspondem a uma evolução continua, da nossa forma de estar social e do nosso entendimento com o quotidiano que se nos deparara. No entanto, sabe-se que por comodismo e facilitismo as pessoas tendem a não se questionar quanto ao que fazem e o que valem. Deixam-se arrastar pelo laxismo desintelectualizado, alinhando na verborreia que impera nos media e nas conversas ocasionais que estes originam com o seu discurso.


DC
Quando a boca não consegue dizer o que o coração sente o melhor é deixar a boca sentir o que o coração diz.
-William Shakespeare


domingo, 15 de setembro de 2013

ACONSELHARAM-NO...




Aconselharam-no a levantar o "dito" do sofá e ir à luta – que luta? —e deitar fora os fantasmas, os lemas e teoremas e fazer-se à vida.

É giro como anda tanta gente feliz, que quando começam ler algumas notícias dos “jornais formatados”, ao sabor da corrente dominante, logo dão conselhos.

Afinal essa história das estatísticas é tudo mentira, os suicídios não aumentaram no primeiro trimestre deste ano e os homicídios também não. As pessoas não sentem o aumento do custo de vida, estamos num mar de rosas. Há que sermos positivos saltando e rindo, e não nos preocupemos com manifestações e reivindicações, porque a rir a gente lá vai... Sim talvez a gente lá vá sendo “comida de cebolada” com um sorriso de orelha a orelha e acreditando que na sociedade portuguesa tudo o que se passa é um mar de rosas, talvez sem cheiro mas que importa, sim que importa? Fiquemos só assim... como se estivéssemos numa das muitas alas psiquiátricas de um qualquer Magalhães Lemos deste pais.

Sim, acreditem nos “iguais” de sempre, que nos tiraram da segurança social, mais de 4000 milhões euros e suspenderam subsídios para os quais contribuímos uma vida inteira, e para quê? Para salvar o BPN com 7000 milhões de euros, que foi vendido por 40 mil milhões. Sim acreditem que os tais “iguais” têm feito tudo para salvar o país e no entanto a dívida aumentou, porque quem eles ajudam efectivamente, são os seus “iguais”. Agora chega o desplante, o estado assume a dívida de um clube de futebol de 3,5 milhões de euros, e quem paga...claro os reformados...

Claro, não se preocupem, não se zanguem, encarem de forma positiva tudo o que nos últimos tempos tem acontecido com os vossos direitos, com o desprezo com que são tratados e metam a cabeça na areia, para aprenderem a ser menos pessimistas. Pelo contrário, sejam optimistas e façam como o governo, pensando, "pimenta no ...dos outros é refresco" e riam-se, pelo menos até que vos aconteça a vós o que acontece aos outros.

E para que eles se riam ainda mais, nas autárquicas votem nos mesmos, os “iguais” os do costume, para poderem dizer mais tarde, como sempre, “já não acredito nos políticos, são todos iguais”, e riam-se, já agora... porque não, não são todos iguais? 
Xiça...por favor tirem-me deste filme de terror.

Tinha de escrever assim, estava farto de que lhe digam, ao fim de dezenas de anos de trabalho e sem ter tido tempo para ser criança, que tinha de apertar o cinto e que tinha de se sacrificar, para pagar a banqueiros e encher os bolsos a alguns.

D

sábado, 14 de setembro de 2013

FALAR GESTUAL




O texto, é curto como não podia deixar de ser, quando a mente está vazia - lugar comum, físico em mau estado e emoções neutras, Melhor, melhor, foi deixar a imagem falar, com linguagem gestual, que desconheço, e alguém deixou depositada na parede da cidade.

DC

sexta-feira, 13 de setembro de 2013

Um MUNDO de CORES Diferentes...



...todos os dias,
de paleta na mão,
em pinceladas de cor,
fazemos um mundo
de cores diferentes,...


senti no vermelho,
a raiva que emprestei;
a vontade de querer
mudar o mundo

    no vermelho vi sangue
brotado dos inocentes
e senti calor
daqueles que lutam
todos os dias
cobrindo com sangue a vida,
   vi vermelho,
naquele puto traquina,
de camisola vermelha,
    vi vermelho
na fotografia de uma guerra,
    vi vermelho nas unhas
daquela senhora,
que do café,
vomitava um ar pouco
convincente,
de mulher fatal,

pintei o céu,
numa pincelada de azul,
acalmei as ondas
quando lhes falei
baixinho,

e, lhes emprestei um pouco
de azul,
acalmei os ânimos
da guerra
num esforço desmedido,
quando
esgotei o último
tubo de azul,


acordei,
vontade forte de acordar
o mundo,
vesti umas calças amarelas,
adornei-me com um lenço amarelo
e ri todo o dia!
fingi esquecer
as incertezas do dia,
colhi o amarelo
dos campos,
preveni-me nos semáforos,
espicacei sentimentos,
feri sensibilidades, ...

na noite,
no preto da noite,
abafam-se as vozes roucas,
no preto da noite
falam os amantes
as vozes caladas pelo dia,

preto
       é o silêncio
                calado,

de muitas cores
juntamos o mundo,
de verde os campos,
de azul o céu e o mar (às vezes),
de vermelho a dor,
a raiva,
de castanho a terra
que é forte,
de branco, o vazio,
de preto a intriga,
de violeta a paixão
de.....,


    no branco
escrevemos as palavras bonitas
    no branco
escrevemos poemas calados,
porque ninguém nos ouve...

RMT

quinta-feira, 12 de setembro de 2013

LIBERTAM-SE SIM




Libertam-se fogem lentamente através das grades, não se retém pelo que delas querem fazer, Querem ser mais do que o jardim de um qualquer personagem, Elas sabem que todo o mundo tem direito a vê-las e observá-las, sem que se percam daquilo que são, O seu mundo não se confina ao ser e existir vão mais além, das questões terrenas, Elas transportam emoções cor e luz para com as outras almas que circulam, nesse seu outro espaço de vida. Elas sabem que lhes tentaram determinaram o destino ao longo de séculos, submetendo-as, Hoje isso já não tem razão de existir, e, muito menos, aceitar que as violentem, naquilo que chamam intimidade, Já soltaram as grilhetas, e não chega o branco com que as embrulham, nem a evocação aos deuses num aro metálico de ouro coberto.

Flor não é macho, é uma desígnio de mulher.

DC