sexta-feira, 3 de janeiro de 2014

Para onde vais, minha cidade?



O que foi feito ao Bom Sucesso?
Só posso pedir que boicotem o mais possível as visitas áquele lugar. Já não cheira a mercado, cheira a Chanel 21, charutos Cohiba, a roupas Armani, a automóveis de luxo... Que prazer ver o “people” na maior, a frequentar o lugar enquanto é moda.

Mataram os talhos, eliminaram as vendedeiras que tinham os seus espaços de comércio e que abordavam as pessoas “ Oh querida, tenho aqui tudo muito fresquinhooo..”, “ Olha a pescadinha e a marmota vivinhaaaa”, as padarias, caixas de frutas e legumes, e o cheiro, sim o cheiro típico do mercado.

Agora é lugar de fedúncia comercial, gourmet(???), "velas de barco" no meio do espaço; o cheiro é de merdice, peneirice, e de falta de bom gosto.
Como tem um Hotel, não era possível que o cheiro a mercado tresandasse porque o turista não gosta, dirão certamente os promotores.

O que vemos nós neste Porto?
O turista está cansado de ser turista, de tentarem sacar-lhe dinheiro em lugares para turistas; comida para turistas - que está a quilómetros da comida local; lugares públicos para turistas com esplanadas de turistas; lojas de artesanato nacional para turistas; ruas para turistas. Destroem espaços públicos em nome do progresso como a Av. dos Aliados, O jardim da Cordoaria, A praça dos Leões....E o povo pá? O povo que se lixe e pague preços de turista, e veja a sua cidade modificada, não em função das suas necessidades de habitabilidade e conforto, mas de acordo com o que os turistas pagam e dizem que precisam. E quando os turistas não estão, são os pacóvios dos portuenses a pagar a factura da falta de turistas.
O que vemos actualmente? Os turistas que chegam procurarem lugares “de não turistas”, para tentarem perceber que gente é esta que habita a cidade e a quem chamam portuenses. Será difícil de perceber, que os turistas não querem ver o mesmo que têm nos seus países, que é comum, universal, ou imitação, mas simplesmente o que é típico e natural de cada cidade e cada povo?


Não é preocupante que não tenham tido solução para melhorar e transformar o mercado, modernizando-o e preparando-o para as necessidades de quem nele trabalha e que o utiliza, tornando-o mais apetecível, para que as pessoas - como se faz em vários países -, e fizessem daquele espaço um lugar de ritual e compras, atraindo mais gente da terra para comprar produtos frescos e de qualidade, com estacionamento gratuito para não terem de perder horas à procura de local e poderem transportar os produtos sem dificuldades, Não seria bem melhor?

Não é preocupante que tenham retirado os wc públicos? agora “mija-se” nos cafés, e sendo obrigados a fazer despesa, ou, a pedir, quando deixam, usar a “privada”? Não é preocupante que os cafés da cidade fechem todos cedo ficando abertos só os dos “copos”? Não é preocupante que na zona central da cidade os transportes não sejam eficientes e que não haja parques de estacionamento, mais económicos em sítios estratégicos, com autocarros de acesso fácil ao Centro? Não é preocupante, que as garagens dos prédios estejam ocupadas com estabelecimentos e armazéns tendo os moradores os carros na rua, durante uma semana inteira, dificultando o trânsito? Não é preocupante, os veículos a par nas ruas, para fazerem cargas e descargas, não cumprindo a lei porque os donos dos estabelecimentos usam os lugares reservados para uso pessoal? Não é preocupante que os cinemas da cidade tenham desaparecido para os shopings e que não haja lugares para as pessoas fazerem uma ceia, ou comerem um simples prego no pão, sem terem que pagar couro e cabelo? Não é preocupante que se deixem degradar edifícios antigos para que se destruam e se transformem em arranha-céus? Não é preocupante que algumas pessoas que ainda vivem na cidade, a partir das vintes horas tenham receio de andar em certas ruas da sua cidade, porque esta é um deserto? Não é preocupante que os Bancos tenham tomado conta da baixa portuense? Não é preocupante que tenham destruído o mercado que existia ao cimo nos Clérigos, e o tenham transformado em centro comercial “modernaço” (?) completamente a contra gosto com o ambiente morfológico da cidade, mesmo ali ao lado da Torre dos Clérigos; Entretanto criam-se mercadinhos sazonais nas ruas, perto dos mesmos locais para vender roupa em segunda mão e artesanato de origem duvidosa?

A Ribeira transformou-se numa esplanada gigante no Lado do Muro dos Bacalhoeiros; No passeio junto ao rio o mercado antigo foi atirado para um canto, para dar lugar aos “artesãos” que vendem tudo menos o que é típico da cidade. Entretanto as pessoas para ali circularem andam na via pública porque os passeios estão ocupados. O Mercado Ferreira Borges foi pintado; roubaram-lhe as árvores que o envolviam, e temos ali um edifício que só de vez em quando é ocupado. Lá se foi o famoso mercado da fruta, lugar de atracção de tanta gente, em especial a que habitava a zona ribeirinha e turística.

Não acham assustador, que a cidade seja tomada pela necessidade de servir o turismo e os abusos comerciais, em vez de servirem os portuenses? Para quando a recuperação de casas e lugares que não entram na cobiça dos predadores imobiliários e que precisam de conservação? Para quando parar de transformar a cidade esvaziando-a no sentido de favorecer as grandes superfícies em detrimento do pequeno comércio?

Quando surgirá uma força politica ou de cidadãos que faça com que a cidade seja efectivamente dos seus utentes? Esperemos que breve para que os nosso filhos e netos, não se deparem com uma mistificação modernaça de uma cidade de fantasmas.

DC

“Diz quem sabe que o capitalismo, provoca nas cidades uma força centrifuga, que atira para a periferia ao mais fracos, para que o miolo, fique para o que á alta finança mais convier”-RHVJ

terça-feira, 31 de dezembro de 2013

AS ONDAS DO TEU SILÊNCIO




Gostaria de saber como caminhar
sobre as ondas do teu silêncio,
como abrir o mar do teu peito,
e nele, ser viajante nos teus desejos.


Num amor sem preconceito,
ao nosso jeito.


Como a peça que fecha o puzzle
encaixando na roda da vida
que é a minha e a tua.

Amor sem dor, como o amor deve ser
e no passar dos dias a rejuvenescer

DC

domingo, 29 de dezembro de 2013

Em SOnhos ViajAMOS para LONGEs tão remotos,



“O sonho que comanda a vida”, como diz o poeta, não é aquele que nos preenche durante o sono, mas quando na hipótese dos dias, pensamos a possibilidade de realizar algo que gostaríamos, para nossa satisfação como seres humanos. Os sonhos afinal são pensamentos tidos de olhos abertos, imaginando e projectando o que seria a nossa realidade, se a pudéssemos construir de acordo com os nosso desejos e vontades. Sonham-se as coisa materiais como a casa, sua dimensão e recheio, o carro a sua qualidade e aspecto visual, a roupa e a sua adequação à utilização, quantidade e gosto, e muitas outras. Sonham-se estados emocionais, que envolvem as nossas relações de amizade, o parceiro do nosso amor, os filhos que queremos e como serão. Sonhamos a felicidade, com os que julgamos contribuiriam para nos sentirmos de bem connosco próprios, e com o mundo em que vivemos.


Em sonhos viajamos para longes tão remotos, como remota se torna a sua realização, no entanto, quando um deles se realiza, é como se todos se realizassem, por isso continuamos sonhando.

Ao passar da meia noite de dois mil e treze, para dois mil e catorze, todos pensarão em novos sonhos, uns comendo passas, outros uvas, e outros nem uma coisa nem outra, Só o sonho de realizar um novo ano com mais sucesso os liga a todos.

DC

SOU FOLHA..



Caída,
Perdida,
É o chão
Sua guarida.
Morta
Ganha vida,
Beleza
estética,
Ascética.
Natureza,
Desígnio,
Significado,
Presente
E passado.

DC

segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

Deixei a bicicleta


Deixei a bicicleta
Perdida nas ruas,
Não queria ser da secreta,
Nem tão discreta
Como as palavras cruas.


QuerIa ser eu,
Vogando ao meu prazer,
Pelas ruas da cidade
Que um dia me viu nascer,
E te encontrar de verdade
Num Natal a acontecer.

DC

domingo, 22 de dezembro de 2013

A TUA FACE RAIZ DAS SOMBRAS






A tua face raiz das sombras
A tua face memória de escombros
A tua face resto de uma partida
A tua face agora descolorida
Nela minha noite era dia
E era nela que o meu amor acontecia.
Hoje, tua face é a sombra
Da árvore, que no Outono
Se perdeu ao abandono.
Perdeu-se no correr dos dias,
Como o amor que aconteceu
E que pela dor esmoreceu.
Resta a sombra da árvore
Na parede branca,
Marca das raízes de um sonho meu,
De que na vida tudo o que encanta,
Pode não ser mais do que um sonho,
Que um dia aconteceu.

DC

terça-feira, 17 de dezembro de 2013

A Sério Vô...




Na nossa saída domingueira, lá vamos nós mais uma vez ao shopping, Não sem antes lhe perguntar, se poderíamos ir a Serralves ver se havia uma nova exposição, ao que ele, com ar de criança sabida, me respondeu - É seca avô...

Já sentados numa das mesas na zona dos restaurantes.
- Sabes vô trouxe marcadores na minha bolsa para desenharmos!
- Trouxeste marcadores... e o papel - digo eu?

Ele arrancou de dentro da bolsa um pequeno bloco de folhas brancas,
-Eu trouxe este, é pequenino....deveria ser um grande...

Olha para o caderno da capas pretas que tenho nas mãos com ar matreiro e fica, pacientemente, esperando a minha decisão, enquanto escolhe um dos marcadores em cima da mesa.
Tiro duas folhas de papel quadriculado formato A4 e dou-lhe.
COmo interregno antes de começar, desafia-me a saber quem trás mais canetas, ou marcadores, para desenhar, pois sabe que eu sempre trago várias.
Começa a desenhar linhas e enchendo os espaços vazios com cor, concentra-se no que faz, entretanto vai dizendo para eu também desenhar.

Ficamos desenhando os dois. Umas vezes cada um fazendo o seu desenho, outras vezes colaborando.
Cai um marcador.
- Miúdo apanha o marcador..
- Estás a chamar miúdo a quem vô? Pergunta ele todo empertigado nos seus cinco anitos.

Desenha barras de cor e diz que está a fazer uma bandeira.
Questiono:
- Bandeira e sem símbolo..sem emblema?..
- Está bem – condescende ele – vô.. faz-me então uma daquelas coisas que se usam para estar no campismo..
- Não estou a ver rapaz?
- A sério vô, não estás a ver?
- Uma tenda?
- Sim isso - e ri-se.

A conversa desenvolve-se num trocar de palavras com perguntas e respostas num discurso inesperado, com expressões que me fazem sorrir.
- Oh vô, não brinques comigo, nem pensar – diz ele.

Assim vai decorrendo o nosso encontro... As frases saem-lhe em discurso fluido, entre risos, riscos e cores, O tempo voa...não parece haver ali, duas gerações tão distantes.
Não sei se é, no remate das nossas vidas, o regresso à criança que fomos no passado, ou o prazer de o voltarmos a ser, que torna estes momentos tão deliciosos. Uma coisa é certa, são imperdíveis.

DC