segunda-feira, 4 de julho de 2016

JUNTOS






O sol aquece
Trás calor à terra
Como luz trás à lua
Só me minha alma
Arrefece
Não estando perto da tua

dc



domingo, 3 de julho de 2016

REnascer





Hoje ela acordou-o de mansinho, com dedos suaves e lábios quentes, gozou do seu corpo, com o calor e luz brilhante que se exibia neste madrugar do dia.
Tem dias assim, em que algo de especial acontece, recebemos mais do que a rotina, somos a prioridade que entendemos merecer. Foi delicioso sentir o seu toque, que lhe tirou a ruga do sobrolho, o fez caminhar pelas ruas com um sorriso colado nos lábios, tudo observando com alegria e prazer. O céu azul matizado, de onde em onde, de manchas brancas muito leves, surgia ao seu olhar como se fosse a primeira vez que o via, Os edifícios, os diferentes verdes da vegetação dos jardins, as pessoas a sorrir, tudo parecia transmitir uma mensagem de paz, confiança alegria e vontade de existir. Sim, vontade de existir, coisa rara nestes dias conturbados de um crise que nos afasta de um viver mais alegre que todos merecemos.
Caminhar, ginásio, banho tudo feito num ritmo adequado sem pressas nem molezas, o quanto baste, aproximando a hora de almoço que um convite gentil o parabenizava.
Um almoço num ambiente e companhia bem agradável, de ementa simples, a condizer com a mesma simplicidade do estado de graça, com que o dia o começara a premiar.
Um pouco mais tarde, já caminhando no Parque da Cidade, após o repasto prazeroso e amena cavaqueira, continuava a afluir ao seu pensamento, o quanto fora privilegiado por algo que tanta gente gostaria obter. Ter sido beijado e tocado por ela, no alvar do dia, como nunca o fora.  Senhora de nariz levantado, difícil de ceder um pouco de si, dera-lhe a prioridade e lhe fez saber que também tinha direito a que acontecesse. Ela que tantas vezes solicitada, raro correspondia e lhe fizera sentir na pele a sua ausência.
O dia foi-se aproximando do fim, sem que as surpresas simples deixassem de acontecer. O neto e seus pais, fizeram questão de o ter na sua companhia ao jantar, oferecendo-lhe a sobremesa adequada ao momento.
Hoje sentira-se bafejado como nunca, pelo hálito límpido e agradável que nos trás esse sentimento raro, a que se chama Felicidade.

dc.
27JUN2016



sábado, 2 de julho de 2016

O silêncio não me assusta





O silêncio não me assusta, está integrado na necessidade de pensar, de não me deixar subverter pela confusão, pelo barulho das vozes, pelos ruídos colados às palavras, sem interferências no que sou, ou no que represento. Os sentires são só meus, sem que outros avaliem ou julguem.
No silêncio me reencontro, reformulo vezes sem conta, as perguntas, as respostas, ou me deixo esvaziar de pensamentos, apreciando tudo o que me rodeia, sem preocupação. Olho, somente olhando sem mais, o subconsciente fará o resto, ou não, que importa?
No silêncio, fico como se tivesse saído do corpo, apreciando a minha figura sentada no sofá e o volume que ela ocupa no espaço onde se insere. E penso (?). Morri e renasci vezes sem conta, errei e encontrei soluções, deslindei problemas e criei outros, recreei sonhos, matei esperanças, plantei sementes e colhi frutos. Em silêncio deixei que me amassem, me traíssem, torturassem, e em silêncio sorri, chorei, rasguei-me por dentro, reconstruí-me e procurei ir fundo, saber mais sobre mim próprio, afinal nunca é tarde para se aprender.
Este é o silêncio que me humaniza. Mais conceito do que realidade, porque afinal, nela é impossível o silêncio. 

dc


sexta-feira, 24 de junho de 2016

Beijo de chuva




Beijo sôfrego
Boca na boca
Língua na língua
Oh, vontade louca.

O corpo endurece
Trôpego
Espesso.

Será  da ausência
Da chuva
Da vida que se tece
Da memória
Que persiste
Ou de um alguém
Que não desiste?

Na sua estória
Tudo o que importa
É que acabou a revolta
Se amam e desejam
E por isso...celebrando
À chuva.. se beijam.

dc



domingo, 19 de junho de 2016

Quando nada se tem..




Sentas-te  pensativa
Olhando sem ver
Sem conseguir descobrir
A razão do coração doer.
Não penses meu bem
Nada se perde
Quando nada se tem.
Para quê tanta tristeza
Se não querias de verdade
Que esse outro alguém
Te deixasse saudade.

dc




sábado, 11 de junho de 2016

Peregrinação




Foge-se, tornam-se curvas as rectas, escrevem-se palavras e frases compridas, algumas bem vazias de emoção, bate-se com os pés, No entanto, o inevitável é que os dias são intermináveis e continua por explicar as razões da fuga, Qual a razão, de perante o precipício, dar um passo em frente? Se amar exige paciência, independência, não ter medo de dizer não, de criticar e assumir que se não gosta de tudo do mesmo modo, amar não implica a existência de almas gémeas...
Para quê usar frases de grande dimensão inócuas, ou ficar no silêncio por falta de coragem para assumir o risco, se não acreditas no que sentes desilude-te, fecha a porta, parte sem destino, mas não te enganes para disfarçar as tuas próprias fraquezas. Quem te disse que amar é fácil? Amar é um caminho de peregrinação, cujo o objectivo final se encontra no próprio caminho. Se não te preparares de armas e bagagens para a viagem e todas as suas vicissitudes, os caminhos tornar-se-ão tortuosos e a viagem será feita, dolorosamente, sem objectivo. Se queres ter um amor, se o queres alimentar, “talvez” seja necessário, ter como premissa; como fazer o caminho; esperar que a viagem tenha alguns percalços; e paciência para com o tempo que é necessário para o levar a bom porto.


dc

sexta-feira, 10 de junho de 2016

Deixa-me dizer: “gosto de ti”




É difícil compreender por que não entendes a palavra, gostar, se ela entre nós tem a mesma força de lei, da palavra “amor” e que ao contrário desta se enrola menos na boca. Deixa-me antes dizer: “gosto de ti”, porque amar será talvez um pouco para mais tarde, quando o romance tomar conta de nós, efectivamente sem volta, entendes-me? Quando já soubermos manter firme a razão de ser, de estarmos. Não desgastemos rapidamente a palavra “amor”, sendo ela já de si tão pequena, melhor será não apequena-la tirando a riqueza do que expressa, sem termos tempo de lhe dar o seu valor, aquele tal valor que incorpora a frase: Para toda a vida!


dc