domingo, 9 de abril de 2017

FIOS




Se as palavras ditas na doçura do instante, se perderem das memórias futuras, talvez os fios, que pretendiam como construção da seda do seus existir, fossem somente um imaginário, ou se partiram na tecitura do seu enlace.


dc

na verdade..




Brisas
leves
levam
pensamentos
pesados

Ficam
vazios
silêncios
instantes
desapegados

Insensível
parte
novos
sonhos
nascem

Real
a verdade
torna
a mentira
morta


dc

quinta-feira, 6 de abril de 2017

Será a estória real...


Deixai-me agora senhores contar
Uma estória de pasmar...



Deixou a máquina a lavar
Roupa com detergente e a girar
E a máquina trabalhando,
Umas vezes depressa, outras devagar
Toda ela tremia nas suas voltas
Com a água que expulsava
E com a água que entrava.
Vendo-a em ritmo de kizomba
Deixou-a e foi passear.
A máquina a solo tudo fez,
Lavou roupa partiu o chão,
Partiu a mármore do balcão,
Foi pelo ar e na rua caiu
E em mil peças se partiu.
A roupa por todo o lado se espalhou
Cuecas, camisas, camisolas, calções,
Calças, calcinhas e toalhões
Nem uma peça, por perto restou
Ainda estou para saber
Afinal o que se passou.
Será a estória real,
Ou meu cérebro a inventou?


dc


quarta-feira, 5 de abril de 2017

As palavras pesam




Beijei os lábios molhados das lágrimas, que em seu rosto corriam. Eu sei, é pena termos de partir quando queremos ficar. No entanto, não dá para acreditar que tudo se emenda com diálogo, sabendo nós, que foram as palavras que nos afastaram. Não as palavras propriamente, mas aquilo que elas significaram. Palavras ditas pela mesma boca que nos beija, escondendo a verdade, magoam-nos tão fundo que não há lágrimas que as apaguem. As palavras só revelaram aquilo que se encontrava submerso à largo tempo, a ilusão de que tudo estava certo, misturado com a necessidade de passar ao outro a responsabilidade das atitudes menos correctas que assumiu, e assim justificar o seu próprio comportamento. Numa espiral de enganos e de mentiras fica difícil saber em que lugar no meio de tudo, algum dia a palavra amor teve algum sentido. É inevitável partir, não faz sentido ficar, o beijo não tem o salgado das lágrimas da alegria, da felicidade, é molhado pela tristeza da perda de saber que será uma partida sem retorno.



dc

domingo, 2 de abril de 2017

Passo de dança




Sinuoso
o corpo se move,
ao som que o agita,
à música que toca
à alma que grita

É do amor que fala,
do amor que não cala
que dentro de si cresce
e a face enrubesce,

Nos seus passos
segue num louco rodar
presa aos seus braços
se deixa levar

Dança o corpo
e a alma com seu amor
dança de encantamento
no desabrochar da flor

Voam no raso chão
como quem levita
na força da emoção
que em seu peito habita

Uma perna se cruza
outra que se avança
ela não se recusa
e vai mais uma dança

Três passos dados
termina a dança e seu rodar
restam os olhares trocados
para a mente guardar

A respiração é ofegante
no pulsar dos corações
vivendo o instante
e as suas emoções.

Se o relógio parasse
congelando o momento
era como se fixasse
uma imagem no tempo.



dc