quinta-feira, 15 de março de 2018

Bater a Porta e Voar



Será que devemos viver em função do mundo que nos rodeia, ou em função de nós próprios, para com esse mundo?
O tempo é limitado, e tantas vezes não temos a coragem de viver o que está à nossa frente. Isto acontece em várias áreas da nossa vida. Medo de mudar de emprego, de dizer do seu desagrado de más atitudes, ou as injustiças, que nos fazem. Medo do que pensam, ou como agem os outros, medo de perder o pouco, ou nada, que se tem. E no amor? Trocamos o amor que encontramos em alguém, por aquilo que entendemos ser o melhor para viver com os outros, para os outros e dos outros. Não arriscamos, mesmo sabendo do prazer de estarmos com quem amamos. Se arriscamos pelos outros, porque não, pelo que é nosso e queremos? Não sei a que se deve esta cobardia que vamos sentindo instalar-se dentro de nós, que nos impede de dar o salto, de dizermos o que pensamos, de viver verdadeiramente o que sentimos, passarmos à acção e realização do nosso conforto interior, perante o que nos rodeia.
Admiro quem parte, bate com a porta e, sem olhar para trás, vai ao encontro do futuro, sem medo do que ele representa, encarando a vida como ela é, um dia atrás do outro, e assim sucessivamente. Pessoas que actuam de acordo com as suas próprias ideias e perspectivas, sem esperar demasiado do que pode obter dos outros, nem dar de mais de si próprio anulando-se.

dc

terça-feira, 13 de março de 2018

Dá mais um passo



Se me amas
neste estar difícil
Se me amas
tens de o dizer
Não há mais espaço
para esperar
A oportunidade finda.

A chuva falta,
o sol esquenta
O amor cultiva-se
de forma lenta.

Se queres recomeçar
dá mais um passo
Podemos nos encontrar
afinal só estamos separados
Por assinatura e um traço



dc

sábado, 10 de março de 2018

SOmos quem Somos



Diz-me, sim diz-me, porque não hei-de ser quem sou, porque modificar-me ao teu gosto, para que tu te sintas bem? Eu sei que devemos partilhar, afinar consensos, sermos sérios, um com o outro, mas não temos de ser iguais, talvez o mais próximo será... nos completarmos. Não somos nem sósias nem gémeos, somos dois seres humanos que se amam, e isso é o melhor que nos acontece, se avançarmos para o controlo, por cada um, do que somos, o que resta daquilo que nos uniu à partida.

dc

quarta-feira, 7 de março de 2018

Se ela falasse





Deixaste-me suspensa, gozando do meu ambiente, Eu sabendo-me presa, mesmo assim gozava a liberdade de ser quem sou. Não tinha tudo o que ansiava, mas continuava a ser atracção de muitos olhares, a manter o meu cheiro, que me fazia ser admirada. Acompanhada com quem gostava de estar e com o gosto nas cores do vestir. Os requebros da forma, mantinham-se vivos e procurava respirar intensamente para que me mantivesse viva o mais tempo possível. Quando pela primeira vez me observaste, senti-me um pouco inibida e não fui capaz de chegar mais perto, embora reparasse no teu interesse. O Vento ajudou a chamar a atenção sobre mim, possivelmente terá sido ele que te levou a que me descobrisses, por isso estou-lhe grata. Foste alguém que preferiu a manutenção da minha liberdade e vida, a ser colocada na água fria de uma relação de duração duvidosa. Apreciei, e embora sejamos só nós dois a viver o momento, no silêncio que sempre me rodeia, sei que todos acabarão por ficar gratos por não me ter afastado.  

dc.

domingo, 4 de março de 2018

Droga "dura" este amar




Sabes, tenho de confessar, não sei o que hei-de fazer quanto a nós, ou melhor dizendo, quanto a mim. Li imenso sobre autoestima, pedi conselhos, falei com psicólogo e li muito tentando perceber. Os meus amigos mais chegados, estarão certamente cansados de serem ombro das minhas angústias, das minhas queixas dolorosas, dos meus choros pela tua falta, de manifestar-lhes o meu desejo de que  fosses o pai dos meus filhos, se os viesse a ter. Eles próprios, meus amigos, sem saberem muito bem o que fariam em caso semelhante.
Fiz um levantamento das incompatibilidades, das coisas comuns, do que nos une e desune, dos afectos, da razão que me liga a ti. Procurava descobrir as razões porque te afastavas, pois tenho a sensação de que te aproximas conforme as tuas necessidades físicas, ou quando te sentes perdido e isolado dos demais, ou ainda quando tens tempo livre. Por vezes penso, que avaliando tudo, com a distância necessária, não deveria sentir-me assim. Na realidade nada explica este registo de ti, que não sai dentro de mim. Chamam-lhe apego, dependência, uma série de termos justificados, dos quais não consigo encontrar, no meio de tudo, o passo certo para que mude e possa reformular tudo aquilo que são os meus afectos, a minha própria personalidade, que se recente, como toda a minha actividade social profissional e familiar. Imensas vezes estaciono o carro em lugar sossegado e dou largas ao choro atenuando a dor que me consome. Dizem que o amor não se explica e surge de forma inesperada, que não se deve formular opinião racional sobre ele. No entanto tenho para mim – e não sigo o conselho – que o amor não pode trazer para dentro de nós esta dor que nos transtorna e anula a capacidade de raciocínio inteligente e adequado. És como uma droga dura que lentamente se foi introduzindo no sangue, alimentando ilusões e dependência, que sem ti, sinto-me com ressaca, sem ter encontrado a metadona psicológica, ou o centro de recuperação apego-dependente capaz de me tirar-te do sangue.
Tento imaginar o meu mundo sem ti, reformular a vida seguindo outros passos. Procuro incessantemente, nesse mesmo espírito, de que o amor é inesperado, preparar-me para estar aberta ao surgir de uma nova oportunidade, de eu partir para algo melhor e superior  que não este abuso sentimental, mental, físico e irracional que ainda está presente em mim. Terei de recuperar o meu eu.

dc