quinta-feira, 20 de setembro de 2018

ELIPSE





Sempre circulava pelas ruas insinuando um sorriso nos cantos da boca. Os seus olhos enfrentavam, quem por ela se cruzava, como se procurando refúgio dessa noite de breu que a possuía. Talvez nos outros pudesse encontrar as respostas para aquilo que dentro de si questionava, ou lhe trouxessem uma luz que a ajudasse a dar solução ao que procurava. Entendia que um dia, de encontro ao seu olhar, viria algum outro olhar que lhe traria as emoções de outrora e a resposta ao amor, que sabia dentro de si. Enquanto isso, navegava, deixando-se ir na corrente, esperando bom porto ou lugar de se acostar. Assim ia fazendo um compasso de espera, nesse circular permanente que a retirava das quatro paredes da própria casa. Ela tentava saber como tudo o que sentira e sentia, se iria transformar, sem que nada se perdesse, dentro dela própria..

     Lei de Lavoisier:
"Na natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma"

dc




quarta-feira, 19 de setembro de 2018

A vida nem sempre é amor




A vida nem sempre é amor
Nem sempre felicidade
Tem até momentos de estupor
Perante a crua realidade

E com isso..

Uns esgotam-se, outros não
Uns têm pão, outros não
Uns lutam, outros não
Uns correm, outros não
Uns sonham, outros não
Uns amam, outros não
Uns vivem, outros não
Uns trabalham outros não

Uma cacofonia de sins e nãos.

E assim, por isso...

Alguns detestam, as tardes sem sol
Outros as tristezas e o mal
Alguns vivem com alegria
Outros são indiferentes à noite e ao dia
E outros ainda numa vida sem sal.

Assim decorre o tempo
E a isto se chama viver
Neste mundo moderno.
Seja para uns o eterno prazer,
Para outros suportar o inferno.

dc


segunda-feira, 17 de setembro de 2018

Tenho fome de ti





Tenho fome de ti

de sentir tuas mãos
na força com que me apertas
quando dizes em sussurro
as palavras certas

Tenho fome de ti

mal o sol amanhece
e o calor do teu corpo
o meu enlouquece

Tenho fome de ti
A toda a hora e instante
desejo sempre tocar-te
estejas perto ou distante
Tenho sede de ti

De sorver teus lábios
cheios e húmidos de desejo
onde de me perco quando te beijo
Tenho saudade de ti

Ainda não partiste
mas sei pelo teu acenar
que não podes ficar

Tenho esta fome,
sede e saudade de ti

Quando não sinto as tuas mãos
quando não te posso tocar
quando não te posso amar e beijar
quando partes sem mim.
dc





terça-feira, 11 de setembro de 2018

Viagem



Caminhava paredes meias com o presente e os locais de memórias passadas. O cheiro do mar chegava-lhe com o pronuncio das marés, como o perfume do seu corpo e os gestos de sedução quando de perto se envolviam. Olhava a baia e pousava o olhar nesse pequeno movimento que a água do rio faz na sua entrada no mar. Imaginava golfinhos acompanhando-o com os seus “gritos”, trazendo paz e alegria ao seu pensamento.
No lugar de espera, ela colocou o braço sobre o seu, no lamento da partida, adentrando-lhe a alma com esses olhos verdes, que se tornaram o seu a’mar e sua companhia nas centenas de quilómetros do regresso.

dc