Deixando-se ir, surfando a onda, naquela humidade densa que o seduzia e não parava de se agitar, tudo de dentro vinha ao seu encontro, como se todas as coisas novas, fluindo sem cessar, lhe ficavam na ponta da língua, como conhecimentos de memória curta, Chegavam trazendo o prazer da partilha da entrega e de sentir, recebidos em cadência sem quase ter tempo de gozar da aprendizagem.
Ser egoísta, na conquista do saber, libertar os hábitos de submissão adquiridos, usufruir do seu próprio prazer e dele dar conhecimento. Sensibilidades diferentes, perante momentos iguais e sem perda para ambos, na construção mais sólida do legado da vida. O conhecimento não é linear, nem apreendido de igual forma por todos, necessário será que cada um o tome do modo mais coerente consigo próprio e tente a fusão, um par será mais de que a soma de dois.
dc
domingo, 25 de outubro de 2015
USUFRUIR
sexta-feira, 23 de outubro de 2015
a ESPERA
É a espera
É a esfera
É aquela
que desespera.
É redonda
É um sem fim
É uma espera..
ai de mim
Se é redonda
Porque será chata
Essa espera
Sem fato e gravata
A espera nos irrita
Tirando-nos do sério
É a paciência que grita
Perdendo seu critério
(Quem espera
Sempre alcança)
Diz o povo sem razão
Quem espera desespera
Nisso cai em contradição
A espera é um estafermo
Que nos ataca o coração.
dc
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Imagem da escultura de Carol Gold
Uma espécie de sonHo
Se mais cedo me deitava
Mais depressa acontecia
O meu corpo no teu deslizava
E na noite te descobria
Todo um sentir imaginado
Num desejo antes pensado
Ainda estava eu desperto
E na noite tornou-se concreto.
Cada detalhe ou relevo
Assumia a sua importância
E na boca o sabor e enlevo
De cada pequena reentrância
Sem qualquer preconceito
Sôfrego insaciável
Cada descoberta a seu jeito
Num prazer inexplicável
Só o surgir da madrugada
Arrefeceu tudo aquilo que sentia
Tudo reduziu a pó e nada.
E desfez o sonho que acontecia.
dc
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Foto: Internet- Bogdan Bousca
quarta-feira, 21 de outubro de 2015
Um dia menos feliz
Quando às dores do corpo se juntam, às que dentro nos consomem, a vida se inferniza e só queremos que tudo pare num instante. A vontade de resistir se esvai e aproveitamos os intervalos, em que ela se suspende, para ficarmos como aturdidos sem pensar. Por vezes as lágrimas correm não pela dor, mas pela sua ausência, que nos permite segundos de felicidade.
Se acreditássemos que temos o destino traçado, teríamos de descobrir quem foi o “Filho da Mãe” que o fez assim. Com direito ele decidira que teria de ser tão mau...e que a dor deveria estar escrita nos ossos, na pele...e dentro apertando como um torniquete, lentamente, retirando-nos o discernimento e o ar com que respiramos?
Onde está a felicidade? Como a percepcionamos? Porque a desejamos tanto?
Não existirá ela, só no intervalo do infortúnio, da brutalidade da vida, Aí ela se faz sentir, curta, somente intervalo, para a chatice da continuidade, Daí o desejo, daí a sua valorização pelos humanos. Quase me atreveria a dizer, que felicidade e saudade, são parentes próximos, a ausência de uma ou de outra tirariam a percepção real do sentimento que elas representam em nós. Será? Assim penso eu neste dia menos feliz, onde duas dores se misturam, e um momento de paragem poderia ser felicidade.
dc
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Foto: Internet
sábado, 17 de outubro de 2015
Rasos ao chão
Acontecia assim...talvez porque as ausências eram largas, a oportunidade e o tempo eram escassos.... ficávamos rasos ao chão do cansaço do amor, com o cheiro dos corpos misturados como um lastro de nós em cada um, como que garantia de que não nos perderíamos um do outro. Depois, de modo inconsciente, as nossas mãos se procuravam para nos deixarmos esvair na lentidão do tempo.
dc
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Foto: Internet
quinta-feira, 15 de outubro de 2015
DesESCUTEI
Desde que desescutei tua voz, ela vive no meu silêncio, agarra-me a este lugar, parado, com o olhar nesse lugar infinito que limita a terra, deixando que os sonhos borboleteiem nos pensamentos presos por uma realidade que se evaporou.
Estranho o modo, como repentinamente, nos desligamos desse fio condutor que nos mantém, largo tempo, julgando sermos. Faz-se um click estranho no cérebro, que depois percorre toda a nossa estrutura corporal, como uma campainha de alarme, acabando nesse músculo que nos simula a vida, dando ordem para manter um corpo tecnicamente vivo, não emocionalmente vivo, É como estar nu porque despido e não nu por estar limpo de preconceitos, de alma aberta, mostrando-se de “cara lavada”.
Ensurdeci, para os de fora e escuto-te dentro de mim, visto-me para os de fora e estou nu para ti. Minha vida está fechada nesse emocional, que não técnico, onde as aparências não tem lugar, preso nesse infinito onde só a imaginação vive.
dc
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Foto. Diamantino Carvalho
segunda-feira, 12 de outubro de 2015
Hoje..
Hoje
Se me tivesses chamado
Ter-me-ias de dia
No retrato mais acabado
Que algum dia eu te daria
Hoje
Seria licito até, pensar
Num beijo com sabor de morango
Saltar como se quisesse voar
E ir contigo dançar o tango
Hoje
O retrato teria a qualidade de Man Ray,
Na estética do preto e branco
Na ausência de cor o encanto
E da tua boca : amei!!!
dc
Se me tivesses chamado
Ter-me-ias de dia
No retrato mais acabado
Que algum dia eu te daria
Hoje
Seria licito até, pensar
Num beijo com sabor de morango
Saltar como se quisesse voar
E ir contigo dançar o tango
Hoje
O retrato teria a qualidade de Man Ray,
Na estética do preto e branco
Na ausência de cor o encanto
E da tua boca : amei!!!
dc
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