Com a devida vénia do site, odiário.info e ao autor do artigo, publico o texto em anexo.
NÃO DEIXEM DE LER, POIS É MUITO ESCLARECEDOR
Guilherme Alves Coelho - 07.Jan.12
Um comentário amargo, e frequente após os períodos eleitorais, é o de que “cada povo tem o governo que merece”. Trata-se de uma crítica errónea, que pode levar ao conformismo e à inércia e castiga os menos culpados. Não existem maus povos. Existem povos iletrados, mal informados, enganados, manipulados, iludidos por máquinas de propaganda que os atemorizam e lhes condicionam o pensamento. Todos os povos merecem sempre governos melhores.
A mentira e a manipulação são hoje armas de opressão e destruição maciça, tão eficazes e importantes como as armas de guerra tradicionais. Em muitas ocasiões são complementares destas. Tanto servem para ganhar eleições como para invadir e destruir países insubmissos.
São muitos e variados os tipos e meios de manipulação em que a ideologia capitalista se foi alicerçando ao longo do tempo. Um dos tipos mais importantes são os mitos. Trata-se de um conjunto de falsas verdades, mera propaganda que, repetidas à exaustão, acriticamente, ao longo de gerações, se tornam verdades insofismáveis aos olhos de muitos. Foram criadas para apresentar o capitalismo de forma credível perante as massas e obter o seu apoio ou passividade. Os seus veículos mais importantes são a informação mediática, a educação escolar, as tradições familiares, a doutrina das igrejas, etc. (*)
Apresentam-se neste texto, sucintamente, alguns dos mitos mais comuns da mitologia capitalista.
>| No capitalismo qualquer pessoa pode enriquecer à custa do seu trabalho.
Pretende-se fazer crer que o regime capitalista conduz automaticamente qualquer pessoa a ser rica desde que se esforce muito.
O objectivo oculto é obter o apoio acrítico dos trabalhadores no sistema e a sua submissão, na esperança ilusória e culpabilizante em caso de fracasso, de um dia virem a ser também, patrões de sucesso.
Na verdade, a probabilidade de sucesso no sistema capitalista para o cidadão comum é igual à de lhe sair a lotaria. O “sucesso capitalista” é, com raras excepções, fruto da manipulação e falta de escrúpulos dos que dispõem de mais poder e influência. As fortunas em geral derivam directamente de formas fraudulentas de actuação.
Este mito de que o sucesso é fruto de uma mistura de trabalho afincado, alguma sorte, uma boa dose de fé e depende apenas da capacidade empreendedora e competitiva de cada um, é um dos mitos que tem levado mais gente a acreditar no sistema e a apoiá-lo.
Mas também, após as tentativas falhadas, a resignarem-se pelo aparente falhanço pessoal e a esconderem a sua credulidade na indiferença. Trata-se dos tão apregoados empreendedorismo e competitividade.
>| O capitalismo gera riqueza e bem-estar para todos
Pretende-se fazer crer que a fórmula capitalista de acumulação de riqueza por uma minoria dará lugar, mais tarde ou mais cedo, à redistribuição da mesma.
O objectivo é permitir que os patrões acumulem indefinidamente sem serem questionados sobre a forma como o fizeram, nomeadamente sobre a exploração dos trabalhadores. Ao mesmo tempo mantêm nestes a esperança de mais tarde serem recompensados pelo seu esforço e dedicação.
Na verdade, já Marx tinha concluído nos seus estudos que o objectivo final do capitalismo não é a distribuição da riqueza mas a sua acumulação e concentração. O agravamento das diferenças entre ricos e pobres nas últimas décadas, nomeadamente após o neo-liberalismo, provou isso claramente.
Este mito foi um dos mais difundidos durante a fase de “bem-estar social” pós guerra, para superar os estados socialistas. Com a queda do émulo soviético, o capitalismo deixou também cair a máscara e perdeu credibilidade.
>| Estamos todos no mesmo barco.
Pretende-se fazer crer que não há classes na sociedade, pelo que as responsabilidades pelos fracassos e crises são igualmente atribuídas a todos e portanto pagas por todos.
O objectivo é criar um complexo de culpa junto dos trabalhadores que permita aos capitalistas arrecadar os lucros enquanto distribui as despesas por todo o povo.
Na verdade, o pequeno numero de multimilionários, porque detém o poder, é sempre auto-beneficiado em relação à imensa maioria do povo, quer em impostos, quer em tráfico de influências, quer na especulação financeira, quer em off-shores, quer na corrupção e nepotismo, etc. Esse núcleo, que constitui a classe dominante, pretende assim escamotear que é o único e exclusivo responsável para situação de penúria dos povos e que deve pagar por isso.
Este é um dos mitos mais ideológicos do capitalismo ao negar a existência de classes.
>| Liberdade é igual a capitalismo.
Pretende-se fazer crer que a verdadeira liberdade só se atinge com o capitalismo, através da chamada auto-regulação proporcionada pelo mercado.
O objectivo é tornar o capitalismo uma espécie de religião em que tudo se organiza em seu redor e assim afastar os povos das grandes decisões macro-económicas, indiscutíveis.
A liberdade de negociar sem peias seria o máximo da liberdade.
Na verdade, sabe-se que as estratégias político económicas, muitas delas planeadas com grande antecipação, são quase sempre tomadas por um pequeno número de pessoas poderosas, à revelia dos povos e dos poderes instituídos, a quem ditam as suas orientações. Nessas reuniões, em cimeiras restritas e mesmo secretas, são definidas as grandes decisões financeiras e económicas conjunturais ou estratégicas de longo prazo.
Todas, ou quase todas essas resoluções, são fruto de negociações e acordos mais ou menos secretos entre os maiores empresas e multinacionais mundiais. O mercado é pois manipulado e não auto-regulado. A liberdade plena no capitalismo existe de facto, mas apenas para os ricos e poderosos.
Este mito tem sido utilizado pelos dirigentes capitalistas para justificar, por exemplo, intervenções em outros países não submissos ao capitalismo, argumentando não haver neles liberdade, porque há regras.
>| Capitalismo igual a democracia.
Pretende-se fazer crer que apenas no capitalismo há democracia.
O objectivo deste mito, que é complementar do anterior, é impedir a discussão de outros modelos de sociedade, afirmando não haver alternativas a esse modelo e todos os outros serem ditaduras. Trata-se mais uma vez da apropriação pelo capitalismo, falseando-lhes o sentido, de conceitos caros aos povos, tais como liberdade e democracia.
Na realidade, estando a sociedade dividida em classes, a classe mais rica, embora seja ultra minoritária, domina sobre todas as outras. Trata-se da negação da democracia que, por definição, é o governo do povo, logo da maioria. Esta “democracia” não passa pois de uma ditadura disfarçada. As “reformas democráticas” não são mais que retrocessos, reacções ao progresso. Daí deriva o termo reaccionário, o que anda para trás.
Tal como o anterior este mito também serve de pretexto para criticar e atacar os regimes de países não capitalistas.
>| Eleições igual a Democracia.
Pretende-se fazer crer que o acto eleitoral é o sinonimo da democracia e esta se esgota nele.
O objectivo é denegrir ou diabolizar e impedir a discussão de outros sistemas politico-eleitorais em que os dirigentes são estabelecidos por formas diversas das eleições burguesas, como por exemplo pela idade, experiencia, aceitação popular, etc.
Na verdade é no sistema capitalista, que tudo manipula e corrompe, que o voto é condicionado e as eleições são actos meramente formais. O simples facto da classe burguesa minoritária vencer sempre as eleições demonstra o seu carácter não representativo.
O mito de que, onde há eleições há democracia, é um dos mais enraizados, mesmo em algumas forças de esquerda.
>| Partidos alternantes igual a alternativos.
Pretende-se fazer crer que os partidos burgueses que se alternam periodicamente no poder têm políticas alternativas.
O objectivo deste mito é perpetuar o sistema dentro dos limites da classe dominante, alimentando o mito de que a democracia está reduzida ao acto eleitoral.
Na verdade este aparente sistema pluri ou bi-partidário é um sistema mono-partidário. Duas ou mais facções da mesma organização política, partilhando políticas capitalistas idênticas e complementares, alternam-se no poder, simulando partidos independentes, com políticas alternativas. O que é dado escolher aos povos não é o sistema que é sempre o capitalismo, mas apenas os agentes partidários que estão de turno como seus guardiões e continuadores.
O mito de que os partidos burgueses têm politicas independentes da classe dominante, chegando até a ser opostas, é um dos mais propagandeados e importantes para manter o sistema a funcionar.
>| O eleito representa o povo e por isso pode decidir tudo por ele.
Pretende-se fazer crer que o político, uma vez eleito, adquire plenos poderes e pode governar como quiser.
O objectivo deste mito é iludir o povo com promessas vãs e escamotear as verdadeiras medidas que serão levadas à prática.
Na verdade, uma vez no poder, o eleito auto-assume novos poderes. Não cumpre o que prometeu e, o que é ainda mais grave, põe em prática medidas não enunciadas antes, muitas vezes em sentido oposto e até inconstitucionais. Frequentemente são eleitos por minorias de votantes. A meio dos mandatos já atingiram índices de popularidade mínimos. Nestes casos de ausência ou perda progressiva de representatividade, o sistema não contempla quaisquer formas constitucionais de destituição. Esta perda de representatividade é uma das razões que impede as “democracias” capitalistas de serem verdadeiras democracias, tornando-se ditaduras disfarçadas.
A prática sistemática deste processo de falsificação da democracia tornou este mito um dos mais desacreditados, sendo uma das causas principais da crescente abstenção eleitoral.
>| Não há alternativas à política capitalista.
Pretende-se fazer crer que o capitalismo, embora não sendo perfeito, é o único regime politico/económico possível e portanto o mais adequado.
O objectivo é impedir que outros sistemas sejam conhecidos e comparados, usando todos os meios, incluindo a força, para afastar a competição.
Na realidade existem outros sistemas politico económicos, sendo o mais conhecido o socialismo cientifico. Mesmo dentro do capitalismo há modalidades que vão desde o actual neo-liberalismo aos reformistas do “socialismo democrático” ou social-democrata.
Este mito faz parte da tentativa de intimidação dos povos de impedir a discussão de alternativas ao capitalismo, a que se convencionou chamar o pensamento único.
>| A austeridade gera riqueza
Pretende-se fazer crer que a culpa das crises económicas é originada pelo excesso de regalias dos trabalhadores. Se estas forem retiradas, o Estado poupa e o país enriquece.
O objectivo é fundamentalmente transferir para o sector publico, para o povo em geral e para os trabalhadores a responsabilidade do pagamento das dividas dos capitalistas. Fazer o povo aceitar a pilhagem dos seus bens na crença de que dias melhores virão mais tarde. Destina-se também a facilitar a privatização dos bens públicos, “emagrecendo” o Estado, logo “poupando”, sem referir que esses sectores eram os mais rentáveis do Estado, cujos lucros futuros se perdem desta forma.
Na verdade, constata-se que estas politicas conduzem, ano após ano, a uma empobrecimento das receitas do Estado e a uma diminuição das regalias, direitos e do nível de vida dos povos, que antes estavam assegurados por elas.
>| Menos Estado, melhor Estado.
Pretende-se fazer crer que o sector privado administra melhor o Estado que o sector público.
O objectivo dos capitalistas é, “dourar a pílula” para facilitar a apropriação do património, das funções e dos bens rentáveis dos estados. É complementar do anterior.
Na verdade o que acontece em geral é o contrário: os serviços públicos privatizados não só se tornam piores, como as tributações e as prestações são agravadas. O balanço dos resultados dos serviços prestados após passarem a privados é quase sempre pior que o anterior. Na óptica capitalista a prestação de serviços públicos não passa de mera oportunidade de negócio. Neste mito é um dos mais “ideológicos” do capitalismo neoliberal. Nele está subjacente a filosofia de que quem deve governar são os privados e o Estado apenas dá apoio.
>| A actual crise é passageira e será resolvida para o bem dos povos.
Pretende-se fazer crer que a actual crise económico-financeira é mais uma crise cíclica habitual do capitalismo e não uma crise sistémica ou final.
O objectivo dos capitalistas, com destaque para os financeiros, é continuarem a pilhagem dos Estados e a exploração dos povos enquanto puderem. Tem servido ainda para alguns políticos se manterem no poder, alimentando a esperança junto dos povos de que melhores dias virão se continuarem a votar neles.
Na verdade, tal como previu Marx, do que se trata é da crise final do sistema capitalista, com o crescente aumento da contradição entre o carácter social da produção e o lucro privado até se tornar insolúvel.
Alguns, entre os quais os “socialistas” e sociais-democratas, que afirmam poder manter o capitalismo, embora de forma mitigada, afirmam que a crise deriva apenas de erros dos políticos, da ganância dos banqueiros e especuladores ou da falta de ideias dos dirigentes ou mecanismos que ainda falta resolver. No entanto, aquilo a que assistimos é ao agravamento permanente do nível de vida dos povos sem que esteja à vista qualquer esperança de melhoria. Dentro do sistema capitalista já nada mais há a esperar de bom.
Nota final:
O capitalismo há-de acabar, mas só por si tal decorrerá muito lentamente e com imensos sacrifícios dos povos. Terá que ser empurrado. Devem ser combatidas as ilusões, quer daqueles que julgam o capitalismo reformável, quer daqueles que acham que quanto pior melhor, para o capitalismo cairá de podre, O capitalismo tudo fará para vender cara a derrota. Por isso quanto mais rápido os povos se libertarem desse sistema injusto e cruel mais sacrifícios inúteis se poderão evitar.
Hoje, mais do que nunca, é necessário criar barreiras ao assalto final da barbárie capitalista, e inverter a situação, quer apresentando claramente outras soluções politicas, quer combatendo o obscurantismo pelo esclarecimento, quer mobilizando e organizando os povos.
(*) Os mitos criados pelas religiões cristãs têm muito peso no pensamento único capitalista e são avidamente apropriados por ele para facilitar a aceitação do sistema pelos mais crédulos. Exemplos: “A pobreza é uma situação passageira da vida terrena”. “Sempre houve ricos e pobres”. “O rico será castigado no juízo final”. “Deve-se aguentar o sofrimento sem revolta para mais tarde ser recompensado.”
sexta-feira, 13 de janeiro de 2012
12 MITOS DO CAPITALISMO
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Foto: Diamantino Carvalho
quarta-feira, 11 de janeiro de 2012
A QUE DISTÂNCIA ESTÁS DO MEU MAR...
A que distância estás do meu mar, para que eu tema que te percas na ilha deserta onde te refugias.
O teu falar é mais pesado que o silêncio. Saem as frases divididas por paragens prolongadas. Escutas o vazio. Divagas, sem ênfase.
Em que lugar, geográfico de ti, sou presente e qual a dimensão?
Tornas-te um sonho difícil de alcançar, semeias distância, maior que o espaço entre as cidades, vais gelando o amor com o silêncio. Não há regras, sendo a regra não as haver. Oscilas, entre o nada e o coisa nenhuma, como se tivesses receio de evidenciar a tua verdadeira pele.
Não ter medo de perder, talvez, seja reflexo de nunca teres tido... tempo... vontade... amor...
Somos surpresa, para quem nos quer, por espanto de existir, pela diferença entre os comuns. No entanto a diferença pode ser fracasso, pode ser um presente, sem futuro, talvez.... sim talvez... necessária a serenidade...
O teu falar é mais pesado que o silêncio. Saem as frases divididas por paragens prolongadas. Escutas o vazio. Divagas, sem ênfase.
Em que lugar, geográfico de ti, sou presente e qual a dimensão?
Tornas-te um sonho difícil de alcançar, semeias distância, maior que o espaço entre as cidades, vais gelando o amor com o silêncio. Não há regras, sendo a regra não as haver. Oscilas, entre o nada e o coisa nenhuma, como se tivesses receio de evidenciar a tua verdadeira pele.
Não ter medo de perder, talvez, seja reflexo de nunca teres tido... tempo... vontade... amor...
Somos surpresa, para quem nos quer, por espanto de existir, pela diferença entre os comuns. No entanto a diferença pode ser fracasso, pode ser um presente, sem futuro, talvez.... sim talvez... necessária a serenidade...
Vem, serenidade!
Vem cobrir a longa
fadiga dos homens,
este antigo desejo de nunca ser feliz
a não ser pela dupla humidade das bocas.
Vem, serenidade!
faz com que os beijos cheguem à altura dos ombros
e com que os ombros subam à altura dos lábios,
faz com que os lábios cheguem à altura dos beijos.
Raul de Carvalho
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Foto:Diamantino Carvalho- S.Jacinto
terça-feira, 10 de janeiro de 2012
História de uma morte anunciada
Texto escrito a 31/12/11 - Matosinhos
Rui Huet Viana Jorge
A MORTE DO EURO
Numa sexta-feira qualquer do ano de 2012, o Sr. Primeiro Ministro virá á hora do telejornal, anunciar a saída do euro.
A partir desse momento, estarão encerrados todos os bancos, e ATM(s). O Nosso 1º Ministro anunciará para os próximos dias o valor de conversão do euro em escudos; Ninguém julgue que vai receber 200$ por cada euro; o cambio será o que o governo e o Banco de Portugal entenderem mais favorável para pagar a dívida soberana.
Um número que me assalta, é 1€ = 100$. Vai ser mais fácil para os portugueses fazerem as contas, e 50% da dívida ficará logo saldada.
Passará a ser proibido atravessar a fronteira com euros. Possivelmente as fronteiras serão fechadas alguns dias para melhor controlo, muito embora os amiguinhos do costume (banqueiros governantes e seus próximos) sejam avisados com a devida antecedência.
O sistema financeiro será todo nacionalizado, para melhor controlo. A taxa de cambio entre euros e escudos, terá a responsabilidade política do governo, e a responsabilidade monetarista do Banco de Portugal. Como de costume a responsabilidade partilhada vai servir para acusações mútuas, e fuga ás responsabilidades.
Voltarão as quotas/tarifas ás importações.
O banco de Portugal passa a ter o poder de emitir moeda, jogando com a inflação e a desvalorização da moeda conforme as conveniências.
Depois do Banco de Portugal carimbar(marcar) todas as notas de euros, para poderem circular novamente, o que no mínimo demorará uns dias largos, embora possa ir libertando dinheiro marcado ao fim de 2 a 3 dias, todos os portugueses sentirão verdadeiramente o que se está a passar;
Façam as contas: ou ganham metade ou todos os produtos custam o dobro;
Em termos e economia caseira é igual.
Um pequeno exemplo: pegar no automóvel e atravessar a fronteira para ir a um simples almoço, passa a ser uma operação delicada a pedir orçamento prévio.
Quanto tempo iremos demorar a recuperar????
Se imaginarmos o país tal como ele é, se continuar a ser, teremos uma economia atrasada, débil, e seremos eternamente assim.....
Uma das saídas mais provável para a sobrevivência de muitos de nós, será a agricultura, que por falta de meios financeiros irá ser na maioria dos casos, uma agricultura de sobrevivência.
Possivelmente por isso é que o fado passou a ser património imaterial da humanidade.
segunda-feira, 9 de janeiro de 2012
POR ESTE MUNDO ACIMA
“Por este mundo acima”, atirou-me do meu mundo abaixo. Tal e qual o Eduardo, também eu choro por tudo e por nada, e ao ler o livro, não raras vezes aconteceu.
Choro pelas muitas Sofias deste pais; por faltarem mais Eduardos no mundo presente; por haver poucas Patrícias e Sebastiões, mas muitos canastrões da literatura a vender “uma espécie de livros” e porque afinal, é preciso estarmos na eminência de desaparecer, ou de desaparecer este nosso mundo, para nos apercebermos quanto é importante dizer, eu amo-te, gosto de ti, adoro-te.
Li o livro e senti o vazio de uma cidade, de um mundo, sem que precisasse de uma descrição exaustiva, as palavras e os protagonistas colocaram-me lá.
Vivi intensamente um Eduardo, uma Sofia com um passado pesado e um Pedro, que nem sabe porque razão por vezes é mau, mas que se não encontrasse um “Eduardo”, talvez fosse vitima das circunstâncias.
É um livro de fé e confiança no ser humano, de que é possível de entre os escombros de uma sociedade, encontrar formas de vida, até por vezes mais solidária.
É assim que eu vejo o livro, certamente diferente de muitos outros e ainda bem, mas paciência eu sou como Eduardo, também as lágrimas por vezes me correm no rosto sem saber o por quê?
Choro pelas muitas Sofias deste pais; por faltarem mais Eduardos no mundo presente; por haver poucas Patrícias e Sebastiões, mas muitos canastrões da literatura a vender “uma espécie de livros” e porque afinal, é preciso estarmos na eminência de desaparecer, ou de desaparecer este nosso mundo, para nos apercebermos quanto é importante dizer, eu amo-te, gosto de ti, adoro-te.
Li o livro e senti o vazio de uma cidade, de um mundo, sem que precisasse de uma descrição exaustiva, as palavras e os protagonistas colocaram-me lá.
Vivi intensamente um Eduardo, uma Sofia com um passado pesado e um Pedro, que nem sabe porque razão por vezes é mau, mas que se não encontrasse um “Eduardo”, talvez fosse vitima das circunstâncias.
É um livro de fé e confiança no ser humano, de que é possível de entre os escombros de uma sociedade, encontrar formas de vida, até por vezes mais solidária.
É assim que eu vejo o livro, certamente diferente de muitos outros e ainda bem, mas paciência eu sou como Eduardo, também as lágrimas por vezes me correm no rosto sem saber o por quê?
PRIVATIZE-SE A PUTA QUE OS PARIU
JOSÉ SARAMAGO, sempre atento produziu este texto que está mesmo, mas mesmo adequado, aos tempos que correm ...em especial em Portugal.Privatize-se Manchu Picchu,
Privatize-se Chan Chan,
Privatize-se a Capela Sistina,
Privatize-se o Partenon,
Privatize-se o Nuno Gonçalves,
Privatize-se a Catedral de Chartres,
Privatize-se o "Descimento da Cruz" de António da Crestalcore,
Privatize-se o Pórtico da Glória de Santiago de Compostela,
Privatize-se a Cordilheira dos Andes, z
Privatize-se tudo,
Privatize-se o mar e o céu,
Privatize-se a água e o ar,
Privatize-se a justiça e a lei,
Privatize-se a nuvem que passa,
Privatize-se o sonho, sobretudo se for diurno e de olhos abertos.
E finalmente, para florão e remate de tanto privatizar,
Privatizem-se os Estados, entregue-se por uma vez a exploração deles a empresas privadas, mediante concurso internacional.
Aí se encontra a salvaçãodo mundo... e, já agora, privatize-se também a puta que os pariu a todos.
[José Saramago - Cadernos de Lanzarote, Diário III, p. 148]
SURGINDO DA NOITE ESCURA
Surgira da noite escura, partilhando um espaço de vida, outrora morto, afagando seu ego, elevando a espiral do seu sorriso e deixando no ar um mar de sonhos e esperanças.
Todos os dias, são salpicados por histórias várias de apelo à resistência e à confiança, de que o caminho, embora difícil, não impedirá que cheguem ao objectivo. Não ficara claro se foram talhados um para outro, mas uma coisa é certa, se se encontram nesta etapa da vida, no cruzamento inóspito, das estradas percorridas ao longos dos anos, é porque teriam de fazer um percurso juntos, não sabiam quanto nem em que direcção, mas teria que acontecer.
Vivenciaram-se. Agora restam, trocando lágrimas de alegria, porque se sentem gratos, no chegar ao fim do dia.
Todos os dias, são salpicados por histórias várias de apelo à resistência e à confiança, de que o caminho, embora difícil, não impedirá que cheguem ao objectivo. Não ficara claro se foram talhados um para outro, mas uma coisa é certa, se se encontram nesta etapa da vida, no cruzamento inóspito, das estradas percorridas ao longos dos anos, é porque teriam de fazer um percurso juntos, não sabiam quanto nem em que direcção, mas teria que acontecer.
Vivenciaram-se. Agora restam, trocando lágrimas de alegria, porque se sentem gratos, no chegar ao fim do dia.
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sábado, 7 de janeiro de 2012
FUNERÁRIAS AO PODER
Quando estamos doentes as defesas físicas e mentais estão abaixo de zero. Sentimos que não somos ninguém, o nosso corpo não nos obedece. Tomamos os remédios recomendados, mas o mal demora a desaparecer e em alguns casos, não há solução. Por muito que os médicos, familiares e amigos dêem conselhos, ou nos animem, nada é suficiente.
Um simples gripe acompanhada de febre, deixa-nos como se fossemos moribundos, suados, mal cheirosos e a delirar. Ficamos sem apetite e dormimos como se não o fizéssemos, como se existisse uma cortina de ferro sobre os olhos, os ouvidos com sons de um exército a marchar e acompanhado do martelar das batidas do coração. São vinte quatro a quarenta oito horas de loucura, que mal sentimos melhoras quase nos apetece dançar de alegria.
Pior, pior é quando não é gripe, porque aí tudo se torna mais estranho e ficamos ensimesmados, no que poderá ser, ou não ser, e embora não tenhamos febre, as preocupações aumentam.
Em tudo isto, se formos mal acompanhados pelos médicos, ainda mais descaímos e a doença parece tomar conta de nós.
Muitas vezes a doença é acompanhada de solidão, ausência de amigos e família, aí então, sentimo-nos a maior merda do mundo. Somos derrotados pela doença e pelas condições psicológicas que acentuam todos os contornos que a envolvem.
Este retrato mal amanhado, do modo como muitos vivemos quando doentes, for vivido e sentido, dentro das novas medidas assumidas pelo governo, considerar-nos-emos, abaixo de zero ao quadrado e desesperados. Com medicamentos não comparticipados, taxas moderadoras mais elevadas, centros saúde fechados nos feriado, ou fim de semana, consultas externas com meses de atraso, cirurgias para o dia de “São Nunca”, que mais irá acontecer? Só podemos ficar mais doentes.
Aconselho o governo a promover as agências funerárias, dando-lhes condições de implementação rápida, se possível à porta dos hospitais, e com apoios financeiros, para que os utentes comecem cedo a pensar na partida para o outro lado, porque neste já os senhores do governo nos fizeram a folha.
Um simples gripe acompanhada de febre, deixa-nos como se fossemos moribundos, suados, mal cheirosos e a delirar. Ficamos sem apetite e dormimos como se não o fizéssemos, como se existisse uma cortina de ferro sobre os olhos, os ouvidos com sons de um exército a marchar e acompanhado do martelar das batidas do coração. São vinte quatro a quarenta oito horas de loucura, que mal sentimos melhoras quase nos apetece dançar de alegria.
Pior, pior é quando não é gripe, porque aí tudo se torna mais estranho e ficamos ensimesmados, no que poderá ser, ou não ser, e embora não tenhamos febre, as preocupações aumentam.
Em tudo isto, se formos mal acompanhados pelos médicos, ainda mais descaímos e a doença parece tomar conta de nós.
Muitas vezes a doença é acompanhada de solidão, ausência de amigos e família, aí então, sentimo-nos a maior merda do mundo. Somos derrotados pela doença e pelas condições psicológicas que acentuam todos os contornos que a envolvem.
Este retrato mal amanhado, do modo como muitos vivemos quando doentes, for vivido e sentido, dentro das novas medidas assumidas pelo governo, considerar-nos-emos, abaixo de zero ao quadrado e desesperados. Com medicamentos não comparticipados, taxas moderadoras mais elevadas, centros saúde fechados nos feriado, ou fim de semana, consultas externas com meses de atraso, cirurgias para o dia de “São Nunca”, que mais irá acontecer? Só podemos ficar mais doentes.
Aconselho o governo a promover as agências funerárias, dando-lhes condições de implementação rápida, se possível à porta dos hospitais, e com apoios financeiros, para que os utentes comecem cedo a pensar na partida para o outro lado, porque neste já os senhores do governo nos fizeram a folha.
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