A polpa dos dedos percorre os teu lábios, afugentando os meus de desvendarem segredos.
A tua pele possui o cheiro das coisas doces indescritíveis, orientando os meus sentidos ao encontro do teu corpo.
Os meus olhos acariciam-te, ficando cegos pelo brilho do teu desejo.
O pensamento desfaz-se na ignorância, para além de ti.
Resto parado, vendo teu olhar me possuindo, acreditando-me inteiro contigo.
E em meus dedos humedecidos, sinto o calor dos lábios no teu ensejo.
Sei que partirás, como sempre, estragando-me o sonho, deixando boquiaberto de incerteza.
Vejo-te desvanecer nas nuvens de outras tempestades, ficando no limbo das meias verdades.
Embora tão próximo, nunca tão próximo que magoe.
E no silêncio da noite escura, os dedos deslizam nos lençóis e não te encontram.
No entanto a humidade permanece e o teu cheiro não se desvanece.
terça-feira, 21 de fevereiro de 2012
SÓ UM SONHO
segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012
CARNAVAL das CRIANÇAS
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Foto: Diamantino Carvalho-Curitiba
domingo, 19 de fevereiro de 2012
CARNAVAL PARA QUE TE QUERO
sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012
LEITURA DE UMA IMAGEM
Desassombradamente, olho-te nos olhos, sem resposta. Estes claramente abertos. Observo, teu rosto atento olhando o vazio em frente. Tua boca faz um trejeito pretendendo ser um semi-sorriso. Sentada, as pernas dobradas fazem uma perpendicular entre si, as mãos se cruzam à sua frente, aguentando a pose, como uma forma de guarda ao teu interior.
No silêncio harmonioso que compões, difícil é entender o por quê, dessa forma de mostrar. Dessa forma de dizer, “eu estou aqui, mas não estou". Dou-vos o invólucro, não a alma. Dou a resposta à vossa procura, mas não sou a vossa procura. Daquilo que eu sou, só vos resta a captura de um momento, em que fugazmente fui registo.
Depois...depois não existe depois, só o agora de cada momento que tu desse lado de “voyeur” que procuras almas perdidas na lonjura das madrugadas, e te deparas com outras, para ti, menos afortunadas.
Demoradamente penso, fico-te observando, tentando descobrir que parte de ti está amando, ou se estás brincando, com quem te olha chorando porque te procura não te encontrando.
Não sei o que resta depois do momento, em que deveras posando, preencheste um espaço de tempo, sem saberes, que te mostrando, alguém no escuro da noite te foi amando
quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012
VIDA DE DROGA ou DROGA DE VIDA
Sim, já era altura de saber como é. Eles correm em passos miúdos, de mão fechada, olhos fora das órbitas, rostos profundos, indescritíveis. Conforme chegam partem. Na mão que chega fechada, com a míngua das moedas, agora, do mesmo modo fechada, transporta o seu sol momentâneo. Dentro, daquele espaço pequeno, da sua mão fechada, leva a cura para os tremores e os suores frios, que ausência prolongada, provoca.
O caminho até ali, foi feito de pequenos furtos, caseiros inicialmente, agora já fora de portas, ao primeiro incauto que apareça, à mão de semear. Foi-se-lhe a vergonha, ou valores, morais, sociais, se alguma vez os tivera. Não tem família, tem os amigos do vício enquanto eles o ajudarem no prolongamento da agonia, porque se não…até esses desaparecem debaixo do fio da navalha. Já não são os seres humanos tal como os conhecemos, são uns híbridos, que vivem entre o cá e o lá, e é nesse lá que têm de viver, não por vontade própria, ou porque o queiram, mas porque o regresso já não tem horizonte próximo.
A mão continua fechada, e desesperadamente ele olha o chão procurando seringa, ou um pedaço de papel prateado, onde possa preparar o “medicamento” para as ansiedades. No primeiro vão de escada, ou lugar, mais ou menos escondido, serve, e quando não, encostado a uma qualquer porta, perante quem circula. A necessidade é quem mais ordena
Não se consegue apurar na maioria dos casos, como chegaram ao fim da linha. Sabe-se que de repente, eles se tornam agressivos agitados, sebosos no descuido, no vestir, no lavar e no comer, se é que comem, porque papo-seco, limão ou laranja são alimentos privilegiados. São os passos miúdos, os olhos com um brilho zombie, as olheiras profundas o cabelo desgrenhado, a roupa sebenta, o carapuço enfiado na cabeça, qual desportistas, onde parte do rosto se esconde, e o frio que se instala da ressaca, se atenua. Quem circula no espaço próximo da sua existência, já lhe conhece os tiques, os lugares que frequentam, e a pressa que levam nos passos para o caminho de nova toma.
Há quem diga que são razões de ordem psicológica, falta de afectos, no entanto se os afectos foram muitos, morre de excesso. Outros dizem que são os desgostos de amor, mas nunca foram tão amados.
Há quem diga que começou numa brincadeira, numa qualquer festa, num qualquer lugar. Outros dizem começar pelas leves para experimentar e se acaba nas pesadas e no vício.
Há quem diga ser luxo de ricos, mas isso, se no passado seria verdade, agora é mentira, porque são os pobres os que mais consomem.
Há quem diga que a falta de trabalho, o desemprego, a miséria vivida os arrasta para esses caminhos.
A verdade é que depois de começar, já nenhum deles quer saber ou se preocupa como começou. A realidade é crua, eles são uma arma que cria assassínios em causa própria e bandidos de causa alheia.
Ninguém fala dos pais distraídos passando ao lado do crescimento dos seus filhos, nem da benevolência excessiva dos adultos, ou outras questões que se prendem com o berço de valores das famílias que com as modernices, cada vez mais se vão perdendo.
Ninguém comenta, uma sociedade com mira no lucro, fazendo dos que trabalham escravos modernos, e tornam os pais ausentes sem tempo para a família, ou para si próprios.
Ninguém comenta as horas intermináveis de telenovelas de conteúdo duvidoso, os filmes agressivos, a passividade perante as injustiças. Ninguém acusa a manipulação do espaço visual em defesa de causa própria e com fins menos sérios. Até há quem defenda o “boom tecnológico” esquecendo que sem cultura, não existe evolução, mas sim conhecimento na base de colagens.
Não sabemos bem das razões, ou das motivações, mas é verdade que nem sempre é por falta de aviso. Sabemos todos, que é uma desgraça completa, aproveitada para se fazerem fortunas fáceis. Consta-se que cerca de 35% do dinheiro, que anda por aí a circular sem controlo é proveniente desse flagelo e que sem ele os governantes não conseguiriam governar.
Sabe-se também, que aqueles zombies, que alguns dizem humanos, andem por aí, tornando difícil a vida de quem trabalha, e estragando a paisagem, já de si deficitária, da nossa sociedade. E alguns recebendo subsídios, que não dão a idosos e reformados.
Ainda há gente defende a liberdade do uso, e que as farmácias funcionem como fornecedoras, ou seja, legalizando o absurdo.
A sociedade do caos organizado, é conveniente, para quem explora. Permite o medo, cria medidas mais repressivas e distraem-nos a todos nós de outros problemas graves. Esta é a sociedade, que dá perspectivas aos pobres de serem ricos, mas como diz o outro " De boas intenções está o mundo cheio"
quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012
NO SILÊNCIO DA NOITE FICOU
Continuava a vaguear perdido na noite.
Circulando à volta da mesa, caminhando madrugada dentro, na dissertação matemática, entre distância e silêncio.
Carregou teclas, deletou, recomeçou, novamente escreveu palavras construindo frases, frases cheias de ideias, de emoções. Distância, silêncio, pausa, tempo. ligadas a emoções e a razões. O espaço da folha tornava-se cada vez mais branco, e mais difícil encontrar as palavras adequadas, para descrever o que sentia.
Perdia-se sem descobrir a razão
Pensava na raiz quadrada, na medição do som, ele não via nada que alterasse a sua emoção. Bebia chá, comia bolachas e a noite decorria, sem a calma chegar, na sua procura matemática não sabia por onde começar. Se na noite ou no dia que estava a chegar.
Continuou a vaguear perdido na noite.
A palavra saudade, surgiu na equação, e tudo mudou, saudade, não é objecto de amor, é medo, perda, sentimento de distância e silêncio. A resolução da incógnita não se encontrou.A explicação não chegou.
No silêncio da noite ficou
terça-feira, 14 de fevereiro de 2012
OS OLHOS TAMBÉM TOCAM
Os meus dedos percorrem o copo grande, de pé alto, bojudo, adequado ao vinho tinto. Enquanto o faço as memórias ocorrem-me. Vejo um boca de lábios cheios, sorvendo e apreciando o vinho, a cabeça inclinando-se, o copo a ser pousado sobre a mesa e de seguida o sabor do vinho na minha boca.
Os dedos desenhando o copo, lembram-me aquela manhã de domingo... os meus olhos moldando o teu rosto, deslizando pelos teus olhos fechados beijando as pálpebras, acariciando o teu nariz, beijando a tua boca levemente saboreando os teus lábios cheios. depois descendo observando o teu peito, percorrendo as curvas do teu corpo, com pequenas paragens, provocadoras, no ventre liso, afagando-te as coxas roliças, sentindo, como se a tu pele estivesse em mim.
O sol, tinha o poder de te realçar sobre os lençóis e a vontade de te beijar foi mais forte. Não queria que acordasses. Queria sentir-te, ternura. queria pousar meus lábios, tão levemente, na tua boca e em teu rosto. como se te embalasse, no sono. que o teu sono me deixasse espaço. sentir o calor da tua pele nos meus lábios. te guardar dentro de mim como um segredo. Quando acordasses. sorrindo com a leveza das borboletas sobrevoando a flor. com os olhos enlevados, maliciosamente doces. em voz suavemente enrouquecida, dir-me-ias do teu sentir. algo tão estranho, tão bom e inexplicável, como se o amor fosse assim explicado.
Eu, no segredo, radiante, saborearia, cada letra cada palavra, e guardaria o meu segredo tão fundo para que nunca se perdesse na realidade crua dos outros dias.
DC
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