Na partilha das dúvidas, das dores, das incompreensões. O dizer presente, quando sós. o empurrão que se precisa na hesitação. o calor que nos aquece a alma gélida pelo infortúnio, ou dilemas da vida. É ouvir a tua voz atravessando os ares sempre que necessário.
A sociedade com os seus valores ancestrais, nem sempre adequados, ao evoluir dos tempos, paralisam decisões, não te deixam voar, tiram-te a liberdade de seres. se assim não fosse, o teu riso seria mais solto, teu caminhar dançado, e o teu coração liberto.
Não é justo que te manietem o gesto, que te tirem a alma e não possas atravessar os ares para veres esse tal lugar, que em tua memória tem registo, pelo quanto foste ouvindo nas minhas histórias.
Não poderás dividir comigo, esse outro mar, esse outro estar, em amena cavaqueira, a desoras, sem dia nem noite. No entanto eu espero-te com a convicção que um dia voarás, ao encontro deste outro lugar, quanto mais não seja, porque será uma noite ao luar.
terça-feira, 3 de abril de 2012
NA PARTILHA DAS DÚVIDAS
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Foto: Diamantino Carvalho
segunda-feira, 2 de abril de 2012
FLORBELA NO DIA DE ENGANOS
Não foi por engano. Foi mesmo propositado, no dia 1 de Abril de 2012 fui ver o filme “Florbela”. Fi-lo, como bom cidadão, isto é, não pensar que por ser um filme português, tinha de ser mau, e também por teimosia, porque nem todos vemos do mesmo modo ou gostamos das mesmas coisas; nunca liguei muito às criticas que por aí aparecem, nos vários medias sobre os filmes; na maioria dos casos, as criticas são feitas sem que se tenha a preocupação de motivar as pessoas a verem o filme, independentemente da opinião do autor.
Embora tivesse ouvido críticas das pessoas, desde longa data, apontando como defeito número um, aos filmes portugueses o de, "serem muito parados”, por as cenas se desenrolarem de forma lenta, com diálogos chatos e pouco esclarecedores, e como número dois, o som não ter grande qualidade. não sendo eu um espectador muito habitual dos filmes portugueses, quis saber se essa forma de classificar os nossos filmes tinha alguma razão especial.
Para o efeito, questionei alguém muito sabedor nesta área do conhecimento, que nessa altura me apresentou como justificação, para essa sensação, a ausência das legendas. Habituados a estas, que apareciam no rodapé, não as tendo, tínhamos mais tempo e estávamos mais atentos a tudo o que se passava no desenrolar do filme. Desde os diálogos aos planos, e de que modo como as imagens correspondiam ao que se pretendia transmitir, a banda sonora etc.
A justificação tem alguma razão de ser porque, de facto, não tendo de ler as legendas, podemos reparar melhor na qualidade da linguagem cinematográfica e essencialmente na imagem que é o elemento número um da leitura de um filme.
Por quê toda esta explicação??? Porque, se não fosse estar em boa companhia, morreria de tédio ao ver o filme, ou passaria pelas brasas. De facto, o filme tem uma boa imagem, técnica e artística, com uma cor a condizer. Por vezes as imagens, pela sua qualidade, sobrepõem-se de forma individualizada, fazendo-nos esquecer o filme, e o que pretendem comunicar dentro deste. Quanto ao resto, infelizmente tenho de dar razão ao que não queria. Os diálogos são monótonos, parados, e tudo dá a sensação de chatice. As cenas “eróticas” são fracas, muito “dejá vu”, e pouco integradas na leitura do filme. Sobre o elenco, não me devia atrever a falar porque não sou conhecedor, mas achei-os demasiado “teatreiros”. Sobre a história, ou apontamento, sobre a vida de Florbela, fica a ideia de uma mulher mundana, paranóica, com uma relação incestuosa com o seu irmão, sobre a poetisa ...???.
Como sempre entendi que a critica deve ser feita para chamar a atenção de determinados elementos, mais ou menos conseguidos do filme, e motivar a que este seja visto independentemente de quem faz opinião.
Daí, não ficando pela minha opinião, coloco aqui três criticas que são interessantes.
http://ipsilon.publico.pt/cinema/filme.aspx?id=299794
http://pedroroloduarte.blogs.sapo.pt/257826.html
https://www.facebook.com/notes/francisco-lou%C3%A7%C3%A3/florbela/10150603813263214
domingo, 1 de abril de 2012
AMOR versus ÓDIO. E esta heim?
"Embora possa parecer paradoxal, mesmo assim é verdade que, se não existe ódio suficiente, não existe amor bastante. Se não existe ódio suficiente, ele deve ser evocado para estimular a cooperação. "
"Evocar o ódio para estimular o amor é truque que os políticos contemporâneos e os psicoterapeutas conhecem e usam com frequência"
O Lado Obscuro do Amor - Jane G. Goldberg.
Estes dois nacos de texto, extraídos de livro, do capitulo 2. Amando o Amor Odiando o Ódio. São suficientes para assustar qualquer um. Já tinha ouvido falar que o "amor estava a um passo do ódio e vice versa", mas ler vinte e seis páginas a justificá-lo, como sendo parte do dia à dia da nossa existência, deixou-me perplexo. Quase todos nós, os que já amamos, encontramos situações em que odiamos a pessoa amada, pelo que exige de nós, pelo que nos tira de sossego, pelos ciúmes e uma infinita quantidade de coisas, mas entender, que isso faz parte da manutenção do amor é que faz confusão.
O sentimento de ódio sempre foi analisado pelo cidadão comum, como algo que não deve acontecer. ódio é um sentimento condenável, pensava eu, mas afinal não é verdade. De facto já alguém dizia" a úlcera não é o resultado do que comemos, mas daquilo que nos come", ou seja os alinhadinhos, os certinhos, estão tramados, porque não defendendo a sua integridade emocional, reprimindo sentimentos de raiva, competitividade, ciúme, se tornam seres miseráveis, como indivíduos.
Ao ler estas ideias começo a ficar confuso. Parece aquela história, de lermos algures, que a cerveja engorda e não se deve beber, e uns dias depois, dão-nos um folheto qualquer a dizer que os investigadores da universidade XPTO, chegaram à conclusão de que beber dois copos ( não se sabe o tamanho) de cerveja, por dia, até faz bem à saúde.
Por isso, a partir de hoje, vou odiar muito para ver se governo me trata com amor, e se o verdadeiro amor me corresponde às carradas.
Dito isto bom domingo.
sábado, 31 de março de 2012
PUXADOR
Olhei o puxador e fiquei fascinado. o “focinho” de lobisomem que apresenta, está adequado ao nível da instituição, que a sua porta encerrada protege. domínio e firmeza na decisão. atemorizar quem se atreva a invadir tal espaço, lugar preservado ao saber. O preto, não cor, trevas, mente negra. o vermelho da porta, calor, fogo, besta sanguinária, sinal de perigo, despertar de paixões. cor de fúria próxima do vulcão.
Aquele puxador trás consigo, a mesma decisão, com que por vezes é preciso para “dar com a porta na cara” a algumas pessoas, que se pretendem, ser mais importantes, sobretudo egocêntricas, que se lembram de nós quando precisam de um carinho, de um favor, ou de atenção. que se servem dos amigos e de todos aqueles que as amam, como no “usa deita fora” de um chiclete, como diz a canção. que acham os outros uns “moles”, porque prodigalizam atenção, carinho, ajuda, amor.
Na razão da sua fúria, ou na fúria da sua razão. “Dar com a porta na cara”, a gente que nos magoa alma. é no mínimo salutar, descarregamos o lixo da mente, e adquirimos a calma. É como se disséssemos milhares da palavrões num simples gesto. limpássemos com uma borracha de alta precisão a sujidade de quem resvalou por nós. É dizermos a essas pessoas, que só nos incomoda quem nós entendemos. E daí, partir para o novo. com um puxador de porta, acabado de polir com o brilho dourado de futuros promissores, franqueando as portas a um sentimento limpo, esterilizado de coisas menos bonitas, ou coisas menos sérias. é ser suporte de porta franca e aberta.
Há puxadores de saco e puxadores de portas. Prefiro estes últimos pelo menos são mais claros nas funções que lhe estão destinadas.
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Foto: Diamantino Carvalho
quinta-feira, 29 de março de 2012
PERDI O RITMO DAS PALAVRAS
Perdi o ritmo das palavras.
Não lhe encontro o mesmo sentido de outrora.
A confusão instalou-se, quando o silêncio me tirou as ideias, me esvaziou das emoções que me motivavam em cada dia, falar de amor e de sonhos. a pensar que o mundo estava ali ao dobrar da esquina e que era possível perceber a sua riqueza.
O ar deixou de me alimentar pelo gozo de respirar, e transformou-se num remédio para sobreviver.
As flores perderam suas cores, o sol já não tem o mesmo brilho nem calor. a maioria das vezes vejo tudo em tons de cinza, como uma fotografia a preto e branco, cheia de qualidade, mas sem colorido que me lembre a realidade. Fica o registo estético da imagem e sua mensagem, transformando-se numa outra coisa, que posso chamar de arte, que não aquilo, que seria a memória da minha realidade.
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Foto: Diamantino Carvalho
quarta-feira, 28 de março de 2012
SEM TEMA
Hoje está ser difícil escrever. Todos os dias os noticiários falam do governo e desgoverno da pátria e do modo como nos irão “sacar” mais algum dinheiro, dos nossos, já debilitados bolsos. falam também das desgraças do futebol, e de todo o mundo podre que o envolve, e até lhe chamam estupidamente indústria. As noticias do estrangeiro, também não são as mais felizes para nós. desde os assuntos de ordem politica, que nos são fornecidos de forma enviesada, defendendo sempre o princípio da exploração dos mais desfavorecidos, aos “fait divers” de figuras públicas, como o presidente do FMI, os reis rainhas, damas, e menos damas, e o “gandes malandros do jet set” tudo é de paupérrima importância.
Falar de amor, paixão e coisas do sentimento, também não pegam bem. as pessoas cansam-se, das lamúrias e dos desejos de amor, mesmo quando ele lhes falta na vida.
Também por vezes, porque se escreve de paixões e amores, logo pensam que o pessoa está pelo beicinho e como tal aborrecida e aborrece. Quando muitas vezes, se trata de manifestação de vontade, e prazer de encontrar respostas às suas perguntas.
Eu gosto de falar e de me preocupar com os problemas da sociedade, mas gosto muito mais de falar de amor. Este abrange todos aqueles que são parte da sociedade, sem descriminação de sexo, raça ou classe social. gosto de falar do amor romântico, como desejo realizado, ou a realizar, como sentimento que todos procuramos, ou alguns já encontraram. Esse sentimento que enche o peito, nos alimenta a alma e que nos grita o desejo de viver. esse sentimento que não dá lugar a ambiguidades. que é prazer e usufruto de qualidade. que fala de beijos e abraços, de aconchegos, de passeios fins de tarde de mãos dadas, de escuta atenta, de olhos brilhantes de alegria e orgulho de ser objecto de desejo e amor.
Difícil é, de facto, assumirmos que somos seres sensíveis e que por vezes nos descarnamos, evidenciando fraquezas, mas acima de tudo muito amor.
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terça-feira, 27 de março de 2012
UM DE NÓS TINHA PARTIDO
A tarde chega, com o sol na sua brandura, iluminando as árvores de cores suaves. um arrepio percorre-me o corpo. apetece-me abraça-las e sentir a sua seiva correr, alimentando as folhas nas extremidades. sentindo como teu corpo vivo em meus braços.
Penso em ti. distante, sem palavras, sem o aconchego da tua voz na melodia dos sentidos. sem o teu cheiro, sem o teu cabelo roçando-me as faces, sem os teus lábios saboreando os meus, sem as mãos entrelaçadas, de igual modo sentindo a vida em nós.
Uma espécie de melancolia primaveril se vai instalando, enquanto percorro o caminho, entre as árvores. Os pássaros, no seu chilrear intenso recolhem aos seus ninhos, como se fossemos nós regressando a casa. A mente perde-se em nenhures, como se em cada passo dado, entrasse em transe meditativo, cada vez mais profundo, esquecendo o que me rodeia.
A noite assenhorou-se do dia, e de mim, deixando-me navegar sem rumo. Apercebi-me de repente que tinha chegado a casa. casa onde não queria entrar, porque sabia que faltavas tu. Há muito tinhas partido, com a promessa de voltar, mas nunca mais o fizeras. deixaste espalhadas as lembranças, que marcaram o teu tempo e a tua presença, sem nunca perceber o por quê. A sensação de vazio, fazia-me crer que o meu amor, não era o teu amor.
Entrei, sentei-me no sofá, e fiquei quieto, no lusco-fusco que cobria a sala, deixando que a escuridão me fosse inundando. Não sei como aconteceu, mas de repente vi-te, como suspensa no ar, toda vestida de negro, com corpo de costas para mim, rodando a cabeça em silêncio, olhando-me fixamente e... de repente abro os olhos. tinha adormecido. a minha visão, tinha sido um sonho, que me dizia, que um de nós tinha partido.
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