É neste lugar que eu me perco, na procura de mim. Aqui encontro o meu silêncio.
Neste espelho de água deixo-me vogar para tudo o que é impossível. Sonho-me num paraíso longe da acidez das gentes, e da sua pequenez. Avalio os meus sentimentos, julgo e me julgo, de erros e omissões, nas controversas decisões, por vezes tomadas a frio, ou no calor das discussões.
Também aqui me deixo levar pela ausência de pensar. Para que o peso das coisas terrenas, se dilua e encontre a paz na minha loucura.
Como eu gostaria de estar observando este espelho de água, pela janela aberta de um qualquer espaço sobre ele pousado, gozando com a brisa delineando nossos corpos na nudez do amanhecer, no arrepio poderoso da emoção.
Sim, como gostaria eu de restar, a teu lado, entre leituras, conversas sem tempo, abraços, beijos e prazeres inesperados. Do acordar sentindo-nos inteiros, entre aromas do mar e dos pinheiros. dos nossos corpos, no ar o seu cheiro, na nossa pele as marcas do prazer e do orvalho.
Venho-te visitar na continuidade dos tempos, nem sempre com a mesma alma, mas sempre de esperança às costas, de encontrar as respostas.
É aqui, que filtro a razão e a emoção, apurando a sua presença no espaço da minha vida.
terça-feira, 10 de abril de 2012
É NESTE LUGAR QUE ME PERCO
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Foto: São Jacinto
segunda-feira, 9 de abril de 2012
PÁSCOA
No dia de Páscoa, não ligo há celebração em si. A religiosidade da época, não me diz nada, mas sim, o que ela permite de atenção dos nossos mais próximos, família e amigos. é bom, estar com aqueles que mais gosto.
Gosto também deste dia, porque permite apreciar, com prazer, todas as delicias gastronómicas da época. Tendo à mesa, mesmo em dias de precariedade, diferentes iguarias, que vão desde de umas entradas variadas, de presunto, bolinhos de bacalhau, espetadas, queijos, ao bom cabrito de chanfana, ao cabrito e vitela assado no forno com os respectivos acompanhamentos, e aos diferentes doces da sobremesa, como o leite creme, arroz doce, o afamado “pão de ló”, e vários tipos de amêndoas.
Este momentos tornam-se divinos e fazem esquecer, que há p’raí uns “coelhos” que andam a dar-nos cabo da vidinha.
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Foto: António Carvalho
sábado, 7 de abril de 2012
FOI TÃO BOM PARA TI COMO....
Saíram. No exterior o sol, agora brilhante, iluminava todo o ambiente realçando as cores das casas e as pinturas floreadas dos barcos no cais. As pessoas sentadas nas esplanadas gozavam o prazer do ar livre, mesmo que frio, mas mais do que agradável, tendo em conta como o dia começara, negro, chuvoso.
O almoço tinha sido bastante interessante, num diálogo preenchido de assuntos banais, mas de conhecimento entre duas almas, dias antes desconfiadas e distantes, que agora se iam mostrando. A ementa sóbria, apontara um “bacalhau à lagareiro”, que deliciosamente foi devorado, enquanto a conversa ia em crescendo. Na mesa ao lado as crianças olhavam com curiosidade o seu cabelo loiro e o seu ar nórdico, ouvindo a sua linguagem carregada de sotaque, aumentando a ideia de “turista”.
Já no carro, caminhando junto ao espelho de água, ela diz-lhe: “ o dia está a decorrer bem, Foi tão bom para ti como para mim?”. O que nos levou, ambos, a romper serenidade e calma que pontificara até aquele momento, em gargalhadas de ir às lágrimas. De facto, o que tinha acontecido até aquele momento, sugeria a necessidade de apurar, tal como os casais no final do amor, quanto o prazer encontrado.
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Foto: Diamantino Carvalho
NÃO SERÁ A ESPONJA DO TEMPO...
Não se perde a sonoridade das palavras e o conteúdo no seu dizer, nem o sabor da textura da pele, nem os cheiros. nada desaparece só porque alguém decidiu, ou porque se estabelece ser a esponja do tempo a fazer-nos esquecer. Mas saber que se ganhou perdendo.
Perdes-te como pessoa, magoando com o rasto de incompreensão, com o comodismo do que entendes ser a vidinha. No entanto aconteceu. partir sem choros nem lágrimas, na explicação fácil, de uma carta, que distante, ficou sem resposta.
A resposta adequada, à banalidade como tratam os sentimentos dos outros, as pessoas, pequeninas, que se deliciam cuidando-se importantes e morrem na ignorância do mundo, quando a beleza exterior desaparece. E no futuro...
Qualquer beijo acontecido
Cada voo alcançado
Será como um pedaço de vidro
do espelho, de um amor despedaçado
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Foto: Diamantino Carvalho
quinta-feira, 5 de abril de 2012
(A)MAR DE ENCANTO
No mar pousas os olhos esperando respostas.
Ali no voo das gaivotas desfazes cansaços,
Nas ondas que na areia se espraiam
te deixas levar pensando e sonhando a espaços.
Na abstracção que lentamente te vai dominando,
O murmurar do mar é fala de encanto,
O piar das gaivotas música do teu pranto
Tua mente e alma para longe voando.
A realidade foge e outro mundo em ti nasce
E nele outros projectos outros amores
Outras vidas, outros lugares, menos dores.
A brisa do mar trás o cheiro de outras paragens,
E a tua mente e alma se limpam, e o amor cresce
trazendo-te a paz, e à vida uma outra paisagem.
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Foto: Diamantino Carvalho - S.Jacinto
quarta-feira, 4 de abril de 2012
SEM MEDO DE PERDER
Espero ter-te confortado com o som baixo da minha voz, e que as palavras saídas dos meus lábios tenham sido a resposta ao teu pedido. Que te sintas inteira na preferência, na escolha assumida. Que seja o amor que te comande os sentidos, sem ciúme, sem medo de perder.
Quero-te senhora da alegria, vivendo e enfrentando o mundo, determinada pela conquista da tua paz interior, e por teres encontrado o que querias.
Tens duvidas que te assaltam. Sem saberes que opções tomar, se caminhar em frente ou parar. Nem sempre o caminho mais curto é o melhor. Difícil é escolher o caminho. Se o que te norteia é o sentimento, opta por aquele onde te sentes melhor e mais realizada. Contrariar a natureza é impedir a vida. Olhar para trás nada resolve, no presente fazes o teu futuro.
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Foto: Diamantino Carvalho
e o SENHOR é nossa testemunha
Impossível não gostar do seu sorriso, e das marcas da idade no seu rosto, que não disfarça. Gosta-se pela forma como se exprime na suavidade dos gestos, das palavras, das emoções, das vivências. nos olhos, um brilho permanente, onde se não vê arrependimento ou dor. o conjunto do seu rosto sugere uma ternura, quase ingénua. as suas mãos, de dedos longos e desenho suave, são expressivas certamente apetecíveis ao tocar.
A voz é audível perfeitamente calma e equilibrada, entremeando as falas com sorrisos, como um guru em aula de ioga. As tensões na sua presença, se quebram e o discurso flui, como entre dois velhos amigos.
Tinham destinado encontrar-se, aproveitando ambos, para estarem num espaço comum, lendo e acompanhando-se. Não foi possível tudo se foi desenrolando no correr das horas inesperada e agradavelmente. Trocaram-se experiências, risos, pensamentos, gostares e projectos.
De repente as necessidades físicas se impuseram e o almoço aconteceu. Também de forma não prevista. Saíram do lugar onde estavam com destino próximo, que se alterou quando ele, percepcionou a ausência da carteira. Preocupado que pensasse aproveitar-se da sua generosidade, decidiu de imediato, antes de almoçar, procurar onde a deixara, e sim depois irem para o repasto. encontrada a carteira, que por esquecimento deixar no bolso do casaco que na véspera usara, não tardou estarem sentados à mesa do restaurante, mesmo bem perto de onde morava.
O almoço decorreu no mesmo espírito de sorrisos e pequenas frases. Posta mirandesa algum vinho e menos siso.
Tocou-lhe com a mão o pescoço longo, enquanto esperava a conta e ela deliciada sorria com os olhos brilhantes, reflectindo carinho e agradabilidade ao gesto simples da sua mão. Já em plena rua, na hesitação de caminharem de mãos dadas, foram-se encostando lado a lado, evitando o frio.
O carro não tinha sido estacionado muito longe do lugar onde almoçaram. entraram, no seu interior estava um calor reconfortante. já sentados, ele como já fizera no restaurante, massajou-lhe suavemente o pescoço fazendo-a relaxar e encolher os ombros em direcção ao pescoço como se dum bébé crescido se tratasse. ele então, abusador, debruçou-se sobre ela e beijou-a. primeiro os lábios se encostaram levemente, e de seguida, as línguas se entrecruzaram num beijo mais prolongado, saboreando-se sem sofreguidão. Ele afasta-se para o seu lugar e ela diz-lhe com um sorriso: “ E o senhor é nossa testemunha”. Espantado olha-a, e o seu cérebro em décimos de segundo elabora vários pensamentos. “ Não.. uma beata não...era o que me faltava?? “; “Não me digas que ela pertence aos tipos do reino de Deus??”; “será que para ela, isto é compromisso, casamento??? Uahu estou feito. Pergunto: “ O senhor???”. Ela desata a rir às gargalhadas percebendo a sua confusão e diz-lhe: “ Sim o senhor que estava a janela viu-nos a beijar.” Então sim, foi rir a bom rir, quebrando a tensão gerada. e continuaram rindo durante os largos minutos que demorou a leva-la ao seu destino.
Quando na despedida, voltaram a gargalhar sobre o assunto e despedindo-se com aquela sensação agradável, que deixam os bons encontros e com um mistério bem agradável de tentar resolver. “Quem somos, nós nesta etapa do conhecimento?”
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