O silêncio não o surpreende. Nem o surpreende que quando algo de bom se inicia, logo tenha que acabar. Abraça a vida como se fosse uma rosa. tem tanta beleza e aroma, como espinhos que magoam.
Esvai-se a vontade de resistir. Dentro de si nada existe que o motive, é inexorável o caminho que tudo está a tomar. Tempo e saúde faltam-lhe para que se perca a tentar descortinar, as razões que levam as pessoas a terem certos comportamentos, menos correctos e põem em causa os seus valores e dignidade.
Por muito que queira há-de haver sempre gente que depois de nos conhecer, sempre duvidam da nossa palavra. É cada vez mais comum nunca se conhecerem bem as pessoas com quem nos ligamos ao longo da vida, o que é mau porque nos tornamos desconfiados, e dificilmente franqueamos as portas.
Um dia um amigo disse-lhe, “desconfia até teres provas em contrário”, nunca ligou muito a isso. Hoje não sabe se ele é que tinha razão. Continua com a esperança que erros de pequena monta, com que algumas pessoas o brindam, não o impeçam de continuar a acreditar no Ser Humano. mesmo sabendo que muitos dos seus defeitos são resultado de serem seres sociais, com familiares e amigos que lhos colam ao corpo, desde que ainda crianças de mente tenra, até ser mais velhos.
domingo, 27 de maio de 2012
O SILÊNCIO NÃO O SURPREENDE
Etiquetas:
Foto: Diamantino Carvalho
quinta-feira, 24 de maio de 2012
será que PODEMOS FALAR DE AMOR??
Nos tempos conturbados que se passam neste país à “beira mar plantado”, com a crise económica, da qual só uma grande parte é vítima e um minoria ainda enriquece mais, e quando a saúde não é prioritária, mas o tratamento da doença, e se tratam os doentes a metro, ou ao quilo, porque tudo tem de ser visto do ponto de vista economicista. então é que está o caldo entornado e é difícil escrever sobre alegria, amor, felicidade e sobre todas aquelas coisas bonitas que gostamos de usufruir e que são um aconchego para a alma.
Neste país, nem entidades patronais, nem governos, apelam à nossa auto-estima como cidadãos e patriotas, antes pelo contrário, passamos todos por sermos uns bons malandros, incultos, e sem formação profissional. Os reformados são tratados como excedentes, a descartar, os que tem uma idade a rondar os cinquenta também já são descartáveis do emprego, e os mais jovens, se quiserem trabalhar, têm de esperar anos, isto é, se tiverem emprego. E entretanto vão vivendo à custa das reformas dos pais, ou dos subsídios do desemprego. Então fica aqui uma espécie de limbo, de gente que vive sem saber o que fazer para viver. Somos presos por ter cão e por não ter.
Se, como cidadãos com voz devemos, ao contrário do que nos tentam convencer, participar, informarmo-nos, saber melhor os nossos direitos e exigir que nos respeitem em todos os lugares. Por vezes, tendo razão, não temos a coragem sequer de pedir o livro de reclamações, numa repartição pública, num banco, ou num restaurante, porque quase temos vergonha de exigir respeito e dignidade. Não devemos entrar nessa de dizer que não temos nada a ver com a politica, porque tudo o que se passa à nossa volta tem a ver com politica e temos, como cidadãos, que ser participantes, discutir e combater pelos nossos deveres e direitos. Manifestando-nos publicamente, votando, falando com os nossos amigos e conhecidos, procurando respostas, que passem para além da informação formatada que nos chega atraves dos media, em especial jornais e televisão, para tomarmos as posições mais próximas do interesse colectivo, e não aquelas que servem somente o nosso umbigo, e por vezes de curta duração. Devemos deixar de ser somente alguém de quem o Estado e as entidades económicas se servem para os seus objectivos, em vez de servirem os nossos, pois para isso é que as estruturas sociais existem.
Temos de participar e ser activos na defesa dos nossos interesses, para que a nossa alegria e bem estar sejam cada vez mais próximos daquilo a que todos devem ter direito, ou seja, mais momentos de amor e felicidade, do que azar de vivermos.
Etiquetas:
Foto: Diamantino Carvalho
terça-feira, 22 de maio de 2012
PERDERA A RESPIRAÇÃO DENTRO DE SI
Via a pele aveludada desenhando o seu corpo deitado de lado, feito espiral, em cima da cama. Seu rosto, também de lado, tinha a serenidade estampada e a doçura do amor feito sem urgência. Os braços envolviam o seu corpo como que protegendo uma flor que dentro dela brotasse. Estava só, mas preenchida, deliciada tentava guardar junto do peito toda a sua presença. Mexia a boca ainda brilhante, parecia sentir o calor dos lábios dele, dos quais procurava reter o seu sabor. No ar ficava um rasto de odores que os uniam. E agora que fazer, pensava ele, olhando-a, absorvendo a sua imagem para que devidamente registada na sua mente, permanecesse infinita.
Outrora, fora na areia da praia, que olhando seus olhos se perdera dizendo-lhe as frases mais doces que da sua boca alguma vez tinham sido vertidas. Elas surgiam preenchendo o ar e se iam depositando no calor dos lábios, entrecortadas por beijos, virgulas e parágrafos de um texto poético. Naquele momento, o mar envergonhara-se de não ter a luz dos seus olhos e o areal era demasiado restrito para sentir a emoção que ela revelava. Ao beijá-la a respiração se perdera dentro de si, surgindo horas depois, quando o sol se alaranjara e o céu se avermelhara no finar do dia.
Há momentos únicos que nos governam eternamente, que não se descolam de nós, que respiram pelos nossos poros e envelhecem connosco.
Hoje na sua mente tudo voltara a surgir, como se não houvesse ontem, mas simplesmente paragem no tempo e aqueles dois momentos se tivessem colado num só, restando como memória dum passado, marcando o mapa de seu rosto.
"A morte não é a maior perda da vida. A maior perda da vida é o que morre dentro de nós enquanto vivemos." (autor desconhecido)
Etiquetas:
Foto: Diamantino Carvalho
segunda-feira, 21 de maio de 2012
ACONTECEU...memória
O corpo arrastado pelas mãos dos algozes, e seus gritos ecoam no ar pedindo liberdade, e apelando ao seu amor que a salve. O seu rosto possui a coragem das mulheres resistentes da Praça de Maio, apelando a que se dê conta dos seus filhos desaparecidos. O sangue vai marcando o chão por onde a arrastam, até ser projectada para dentro do carro onde seus gritos são abafados. O carro afasta-se na distância deixando o silêncio no vazio que envolve a casa.
A noite traz as sombras e a dor naquela família que se desmembra, por imposição de quem domina.
Esta é a memória de um filme que vi e revi: "Aconteceu na Argentina", sobre a repressão na naquele país, em 1976. Vi fazendo constante paralelo com algumas situações vividas em Portugal, antes do 25 de Abril, e que me mostrou mais uma vez o modo como agora a alta finança actua. Tratam-nos como crianças que não sabem o que querem. Fazem guerra económica para desarmar a verdadeira democracia, que defende a maioria do povo. E dizem-nos que podemos votar, no entanto o garrote económico será aplicado se não votarmos como eles querem.
De violência em violência, o poder fascista, repressivo, que o capital impõe na sua ditadura, pelo dinheiro, roubando as liberdades fundamentais em toda a parte do mundo, constrói a ditadura “democrática”. Rasga o corpo dos inocentes sugando-lhes o sangue, e depois deixa-os a debater-se com a morte prematura que se avizinha.
Já não somos donos de nós, eles são os nossos donos, criam uma falsa liberdade, fazem temer tudo e todos, convencem-nos que as medidas de carácter económico que tomam são as melhores para todos nós, mesmo quando vemos que cada vez mais os ricos ficam mais ricos e os pobres cada vez mais pobres.
Eles utilizam sempre as mesmas receitas, em todos os países, porque não têm vergonha, não possuem humanidade, são os cães, as bestas, os vampiros, na voz do poeta. E nós os oprimidos, que vemos passar aos nossos olhos toda esta violência moral e social, ficamos impávidos olhando para o lado onde o televisor nos fala do Big Brother, as Tardes da Júlia, ou os Prós & Contras da ignominia, onde se diz falar liberdade, verdade, e encontrar soluções para o país. Fixamos sempre aquilo que dizem de nós os mais desfavorecidos, e criticamos os nossos em detrimento de quem os oprime. Acusamos o nosso vizinho, que foi almoçar fora, em tempo de crise, que o nosso colega tome todos os dias café, que a vizinha de cima ouve música e não quer saber da crise. Não nos preocupamos com os exploradores, nem com os governantes, assobiamos para o lado, até que entre pela casa dentro a desgraça.
Temos de acreditar que podemos construir um Portugal mais solidário, mais humano e com mais e melhores condições de vida, para todos, e que quem tem o poder efectivo nas mãos é o povo.
sexta-feira, 18 de maio de 2012
UM PONTO DE VISTA
É difícil escrever sem que o que sai de dentro de nós não transmita um pouco desse nós. No entanto, nem tudo o que se escreve tem a ver com esse nós de que fazemos parte.
Em cada coisa que se escreve, a parte maior do nós está no que nos mobiliza a escrever, ou seja, a forma como encaramos e vivemos determinados momentos da vida e aquilo que nos rodeia. São as emoções, opiniões, realidades distintas das nossas ou semelhanças à flor da pele. Tudo isto sublinhado pelo empenho de fazer chegar aos outros este "nós", tão comum a todos que os mobiliza a lerem o que se escreve. Escrever é uma mistura de recordações, invenção, fantasia, ficção e realidade. Ter o prazer de saber e comungar opiniões. Esta é a forma como vejo as pequenas coisas que aqui coloco.
Etiquetas:
Foto: Diamantino Carvalho
quinta-feira, 17 de maio de 2012
DE IMPACIÊNCIA
Já não chegam as palavras, a impaciência te consome
No entanto não escutaste os meus dizeres quando de ti tinha fome
Hoje serenamente espero a paz, mesmo que enterrando meu desejo
Só quero que o tempo e a saudade não matem o sabor de teu beijo
Não me interessa a demora, espera, ou outra dimensão
Sei que preciso deste tempo para acalmar meu coração
O sol com seu brilho traz-me o calor e alegria de viver
E no azul do mar espero encontrar tudo o que preciso saber
Tropeçarei no areal imenso, na flor brava de estio
E saberei se és tu que me esperas nesse outro desafio.
Acredito nas leis do universo e nos seus caminhos para a razão
E se na verdade seremos peças que encaixam no puzzle do coração
Etiquetas:
Foto: Diamantino Carvalho
terça-feira, 15 de maio de 2012
UM RAPAZOLA COMANDA O PAÍS
Não podia deixar de publicar este texto, embora curto, bem expressivo.
Temos de facto um primeiro-ministro que leva qualquer um a "perder a cabeça", ao ouvir tais dilates. E se repararmos bem, as figuras públicas que se pronunciam a seu respeito, já são tantas e dos mais variados sectores profissionais, intelectuais e políticos, que se torna um "caso de estudo", o papel que esse senhor ministro representa na cena política. Tanta incompetência seria suspeita, mas sobre tal figura, todos, intimamente, sabemos que está a cumprir um papel no teatro político, para quando sair de cena o país ser entregue aos srs. que comandam o mundo e que têm um só objectivo, obter mais e mais dinheiro e poder.
DANIEL OLIVEIRA: ANTES PELO CONTRÁRIO
Um rapazola a quem calhou ser primeiro-ministro
Daniel Oliveira (www.expresso.pt)
8:00 Segunda feira, 14 de maio de 2012
"Estar desempregado não pode ser um sinal negativo. Despedir-se ou ser despedido não tem de ser um estigma. Tem de representar também uma oportunidade para mudar de vida. Tem de representar uma livre escolha, uma mobilidade da própria sociedade." Pedro Passos Coelho
Há pessoas que tiveram uma vida difícil. Por mérito próprio ou não, ela melhorou. Mas não se esqueceram de onde vieram e por o que passaram. Sabem o que é o sofrimento e não o querem na vida dos outros. São solidárias. Há pessoas que tiveram uma vida difícil. Por mérito próprio ou não, ela melhorou. Mas ficaram para sempre endurecidas na sua incapacidade de sofrer pelos outros. São cruéis. Há pessoas que tiveram uma vida mais fácil. Mas, na educação que receberam, não deixaram de conhecer a vida de quem os rodeia e nunca perderam a consciência de que seus privilégios são isso mesmo: privilégios. São bem formadas. E há pessoas que tiveram a felicidade de viver sem problemas económicos e profissionais de maior e a infelicidade de nada aprender com as dificuldades dos outros. São rapazolas.
Não atribuo às infantis declarações de Passos Coelho sobre o desemprego nenhum sentido político ou ideológico. Apenas a prova de que é possível chegar aos 47 anos com a experiência social de um adolescente, a cargos de responsabilidade com o currículo de jotinha, a líder partidário com a inteligência de uma amiba, a primeiro-ministro com a sofisticação intelectual de um cliente habitual do fórum TSF e a governante sem nunca chegar a perceber que não é para receberem sermões idiotas sobre a forma como vivem que os cidadãos participam em eleições. Serei insultuoso no que escrevo? Não chego aos calcanhares de quem fala com esta leviandade das dificuldades da vida de pessoas que nunca conheceram outra coisa que não fosse o "risco".
Sobre a caracterização que Passos Coelho fez, na sua intervenção, dos portugueses, que não merecia, pela sua indigência, um segundo do tempo de ninguém se fosse feita na mesa de um café, escreverei amanhã. Hoje fico-me pelo espanto que diariamente ainda consigo sentir: como é que este rapaz chegou a primeiro-ministro?
Etiquetas:
Foto: Diamantino Carvalho
Subscrever:
Mensagens (Atom)