sábado, 10 de agosto de 2013

Como seria bom poder viajar...





...numa estrada sem fim, com um horizonte sucessivamente renovado, sem rota, saboreando cada bocado de vida que se proporcionasse, enriquecendo de saberes, de sabores, e múltiplos prazeres. Sem destino, e muitos lugares para andarilhar. Aproveitar os momentos de caminhar sentindo as águas da chuva escorrendo pelo corpo e cortina sobre o rosto modificando o olhar, O calor morenando a pele, a brisa do fim de tarde, O pôr do sol, O amor acompanhando os fins de tarde, numa esplanada perdida algures num qualquer lugar.

Mas vão-nos cortando as asas, para que nos resignemos à missão de trabalhar e fiquemos pelas imagens das paisagens, das casas, dos mares, dos campos, das cidades, dos diferentes povos que desfilam perante os olhos, através do cinema, televisão, ou internet, Como é injusta, a sociedade em que vivemos.

Nada é definitivo só a morte, tudo mais é transitório e dura o que tem de durar não mais do que isso. Gostamos e desgostamos, começamos e recomeçamos, fazemos e desfazemos, sempre ambicionando mais e melhor, como é natural, por isso só nos resta lutar, sem desfalecimentos para obter a tal sociedade mais humana mais igualitária, que nos aproxime da realização dos nossos sonhos.


DC

sexta-feira, 9 de agosto de 2013

RESPIRO-TE na noite ACORDADO



De que sei eu falar se vivo a arengar
que espero momento a momento
a brisa da voz que desapareceu no ar
deixando-me sem alento.

A alma já se dilui na negra noite da dúvida
indo fundo penetrando na terra da incerteza
entre razões e emoções na mente a vogar
no turbilhão da tristeza

Na memória dos dedos o orvalho
da pele de veludo do teu corpo
ficam esperando o reencontro.

Respiro-te na noite acordado
até ao chegar da madrugada
Esperando-te flor em amor transformado 

DC



quinta-feira, 8 de agosto de 2013

Deu-me uma “branca”...







...ou seja de repente perdi o “fio à meada”, fiquei olhando sem saber como continuar a conversa, Como num filme, todo o mundo mexia, só eu parado suspenso no ar. Algum factor exterior a nós próprios, deve despoletar este estado físico e mental.

Do mesmo modo nos últimos tempos fico em branco quando leio, As palavras desfilam pelos olhos, separadamente, sem as conseguir juntar e tirar o sentido das frases, perco-me sucessivamente, voltando atrás procurando encontrar o fio condutor, A repetição não resolve, continuo a fazer intervalos e brancas sucessivas que me projectam para longe do que leio, Fico sem saber se é a força da palavra em si, ou a minha branca, que me faz distanciar e perder a ligação das palavras em frases coerentes sustentando conteúdo do que leio. Não digo que seja desagradável de todo o vazio que se instala, é como uma garrafa sem conteúdo interior, só a forma a desenha, perde-se da função, assim sou eu, uma cabeça perdida sem conteúdo substantivo. O invólucro está cá, mas o resto....

Como posso escrever este texto se tenho “brancas”? De facto, ao escrever estas linhas, das quais me desculpo desde já, não é mais de que um pretexto para explicar o inexplicável, as minhas “brancas”, que me impedem a regularidade do acto de escrever.

DC

domingo, 4 de agosto de 2013

Como, Quando resulta perfeito




Como eu respiro teu hálito
           Quando nos beijamos
Como eu sinto teu cheiro
           Quando encostas no meu peito
Como admiro ser eu teu hábito
           Quando nos amamos
Como te quero de corpo inteiro
           Quando te entregas ao teu jeito
Como acontece
           Quando tudo resulta perfeito
                                     dc
        
 


 

sexta-feira, 2 de agosto de 2013

A CASA SUB-NUTRIDA



Numa das muitas caminhadas, em direcção ao Barigui com a máquina fotográfica na mão ia captando imagens que me apareciam e que de algum modo me permitiam fixar, um pouco daquela parte de Curitiba.

Ela estava lá, e já por mais de uma vez tinha reparado nela, causando-me estranheza.

A sua estrutura não correspondia ao comum das outras que por ali existiam. Toda em madeira contrastando com o betão da modernidade e os condomínios fechados. Aquela era uma casa, dizia eu para comigo, estava sub-nutrida, sem vitaminas. Falta-lha a vitamina da cor, a da estrutura que agarra os diferentes materiais e a do calor humano. Certamente abandonada há muito, mas com uma personalidade invulgar. A arquitectura era simples, comum, mas tinha uma traça que a tornava familiar, como sempre fizesse parte do meu imaginário. Prendeu-me e captei.

Durante alguns dias, em que por ali passei, na minha memória fui fixando a imagem da casa como um se na minha mente estivesse um fantasma falando.

Com o terreno envolvente a pedir que o cuidassem, talvez, se reconstruída, a sua exuberância voltasse, tornando-a mais atraente, motivando a que voltasse a ser habitada por gente que continuasse fazendo história.

DC

O Parque Barigui (ü) está situado na cidade de Curitiba, capital do estado brasileiro do Paraná.
O parque recebe o nome do Rio Barigui que foi represado para formar um grande lago em seu interior. Está entre os maiores da cidade, sendo, também, um dos mais antigos. Diversas espécies de animais vivem livres no parque, como aves, capivaras e pequenos roedores. Um rebanho de carneiros também pode ser visto diariamente nos gramados, sob os cuidados de funcionários.

quinta-feira, 1 de agosto de 2013

COISAS DA NATUREZA



Vagueei sobre a suavidade da sua superfície embriagando-me no seu perfume, debicando pequenos nadas da sua natureza, sustentando-me da sua seiva procurando na sua doçura, o que precisava para a vida. Suguei o teu saboroso néctar, sem destruir a tua beleza, sem te deixar exangue e ajudando-te a polinizar, para que possas continuar a enriquecer as cores da natureza com a tua presença, e acalmar as mentes humanas a quem irradias de alegria.

Eu continuarei pela minha parte, entre portas, no lar que construi, produzindo o alimento e remédio para muitas das maleitas que a vossa natureza por vezes fragilizada necessita, mesmo sabendo que em muitos casos me temem.


Eu, Maria Abelha – Produtora de mel e Geleia Real



quarta-feira, 31 de julho de 2013

OS IMPREVISTOS...



.... acontecem, neste caso foi o meu computador que teve de parar para recuperar os “músculos”e fazer uma pequena reciclagem. Espero que não volte a apanhar-me na curva e me deixe desprevenido sem poder fazer aquilo a que me propus, quando criei este blog, escrifalar.

Nestes dias de paragem senti a falta de escrever aqui neste meu cantinho, de ver os mails, de ir ao Facebook, de ler as notícias e muitas outras coisas, No entanto neste interregno, lentamente fui-me apercebendo do muito que tinha perdido ao afastar-me de outras formas de ocupação, não tão virtuais, mais terrenas e humanas.

Dei mais tempo às ruas, caminhando e observando o que me rodeava espantado, por só agora, parecer existir aos meu olhos, Fotografei muito, captando e procurando fixar o que via, desde grafites, pedaços de rua, flores que num ou noutro lugar iam surgindo e muitos outros pormenores, Algumas vezes fiquei sentado olhando sem ver e pensando sem dimensionar o correr das horas, Dediquei-me mais às leituras, sentindo o tacto e cheiro do papel. Apercebi-me que os programas televisivos são uma chachada e a luz que o aparelho emana nos atrai como aos mosquitos, Dominando pela imagem, “o que se vê é realidade”, é um elemento de comunicação rápida, mas também manipulador, o que para um povo com grande dose de iliteracia é sobejamente perigoso, Tomei mais atenção à leitura dos media escritos, com as suas contradições e falsidades, tentando o povão, para que os compre, vendendo-lhes notícias e informações, pouco sérias e viradas para a defesa dos exploradores desse mesmo povão. Enfim, na realidade foi benéfica esta paragem sem computador e internet, para me aperceber e atentar melhor, no modo como as notícias e as informações, nos chegam no mundo virtual e no mundo real, e acima de tudo, fugindo da “central de comunicação” formatada, que visa instalar os poderes instituídos, sejam eles governo, ou as grandes forças detentoras da economia financeira.

O computador é uma ferramenta de trabalho, que nos ajuda a ir mais longe e mais depressa, mas não podemos perder o horizonte, “o fazer com o prazer”, a experiência do contacto com as coisas materiais da vida e as emoções que se nos deparam nas suas diferentes dimensões, E, acima de tudo percepcionarmos o quanto nos afastamos da espécie humana quando nos deixamos dominar pelas novas tecnologias.

DC