quinta-feira, 3 de outubro de 2013

O LIBERTADOR



Nos dias de hoje a América Latina, procura sair do jugo das potencias colonialistas que atrasaram a sua evolução durante séculos, escravizando os povos e usurpando todos os seus bens naturais. Muitos países, latinos americanos, estão fazendo uma mudança de paradigmas e evoluindo na melhoria da situação económica, cultural e social para todos e não em beneficio das classes dominantes. São exemplo Brasil, Cuba, Venezuela, Equador, Bolívia, Nicarágua, Uruguai, Argentina, Chile. "Hoje a América Latina já não é o pátio traseiro do império". É neste contexto que o Grammy Latino para a música, possa ser interpretado como acto que procura prender ao sucesso e desmobilizar a acção deste grupo musical, que fez ponto de honra defender e apoiar as mudanças que ocorrem naquele lugar do mundo. dc
Surpresa ao saber da nomeação Grammy Latino do grupo SKA-P 
"Ao ouvir a notícia a banda teve uma resposta de acordo com sua visão política : "Nomearam-nos para os Grammy , hehehehe . Ironias da vida , que se fodam, dêem-no ao Obama, que o ponha junto ao Prêmio Nobel da Paz ", referindo-se ao prémio que foi dado ao presidente dos Estados Unidos, que ao invés de promover a paz no mundo se dedica a continuar a política intervencionista americana. " Pela a indicação ao Grammy como disse Groucho Marx, nunca pertenceria a um clube onde eles dão prémios para caras como .... Alejandro Sanz ha ha ha ", disse a banda em seguida . A resposta da banda espanhola foi contundente, rejeitando a nomeação foi concedida pela associação multinacional do disco, um espaço que como definiu o escritor e jornalista cubano , Lisandro Otero, é o monopólio que dirige a indústria da música . "Determinam os gostos , as tendências, os artistas que devem ser promovidas e correntes do gosto do público, que devem ser atendidas ", disse o cubano que morreu em 2008. SKA- P negou-se a intenção de ser domesticado pelos Grammy Latinos, demonstrando a sua independência e coerência com as mensagens que defendem em suas canções."

retirado do texto publicado: 
Cubanos: Amigos de Todo el Mundo!

quarta-feira, 2 de outubro de 2013

PENSAR À CHUVA





Caminhando a horas incertas pelas ruas desertas, os olhos parados, e o corpo se agitando a cada passo, Não tem destino, A chuva cai torrencialmente e cria um cortina na sua frente, como se um papel vegetal colocado perante os olhos. Também não importa caminha de forma intuitiva, um passo a seguir a outro passo, em cadência metódica, como se mentalmente contasse, o número de vezes que o faz.


Os faróis dos carros parecem estrelas multicores deslizando e cruzando-se, como se comandadas por mãos fantasmas, Tremeluzem como a inconstância dos pensamentos que o trouxeram à rua, em pleno temporal. Perto, ouve-se o estrondo das ondas que batem fortes contra os limites da estrada, e o ruído de fundo de um mar fortemente mexido, Os passos incertos, levam-no naquela direcção, atraído pelo cheiro do mar e aquela música fascinante que ele produz, No mar vêem-se também pequenas luzes tremeluzindo que aparecem e desaparecem no meio da ondulação, Barcos que esperam a melhor altura para entrar e atracarem no Porto. Tudo se vai desenrolando por trás daquelas linhas que desenham chuva, como as dúvidas, e problemas que o perturbam.


Tremendo e temendo aproxima-se do molhe onde as ondas gigantes ameaçam, desenhando arabescos de espuma branca no ar, com reflexos da luz dos candeeiros do paredão, como se fossem raios laser. Fica naquele limbo, entre o fugir de medo e o desafiar as ondas como se as quisesse combater com toda a sua fúria, Sente como que um arrepio, no corpo todo, cada vez que uma bate mais forte e se aproxima mais de si. Tantas vezes repetirá, até que o medo e a vontade de viver seja mais forte e o faça regressar ao caminho que começara.


Será ali naquele caminhar a sós, no meio do temporal, naquele caminhar um passo atrás de outro passo, Com o mar próximo, o seu cheiro e o barulho da ondulação forte, Com chuva intensa molhando-o, como se quisesse lavar-se de tudo o que de mau sentia naquela momento, Que ele passará as próximas horas deambulando até as energias se esgotarem e uma calma letárgica lhe indique que está pronto para regressar e decidir que rumo a tomar.

Alguns vão ao psicólogo, outros bebem uns copos, outros ainda, como ele, procuram desta forma reorganizarem-se física e mentalmente, preparando-se para os desafios e desventuras que acto de viver, neste mundo em desacerto, trás consigo.

DC

sábado, 28 de setembro de 2013

"Não EspeRavA TANTO






Acordas abraçada
Com desejo de calma
Sem apelo de chama
Por aquele corpo sem alma

O Hábito permanece
Num corpo ausente
Que por vezes esquece
Daquilo que sente

Os dias passam
O riso disfarça
E loas se cantam
À vida que passa

Alguém de longe que observa
Com palavras alerta
Para que não sejas cega
À nova descoberta

Um dia rirás
Com novo encanto
E a todos dirás
“Não esperava tanto”

dc

OUVINDO BACH



Elevo o som, fixo-me suspenso e esparramado no sofá, Deixo as teclas do órgão, soltarem-se debaixo de dedos céleres, Os violinos, os violoncelos com braços e mãos que se mexem agitados, fazendo arcos vogando sobre as cordas se apaixonando, se entrelaçando nas notas, construindo a música.
Não me pergunto sobre o D minor, toccata, fuga ou um Opus qualquer, Não faço ideia do que será uma colcheia, uma semicolcheia um dó menor ou maior, a semifusa ou se confusa..., Sei que elas se conjugam harmoniosamente dançando umas com as outras, Cada instrumento, a sua sonoridade, e cada momento vai decorrendo, no desafio contínuo acelerando, ou diminuindo o ritmo da música, que se propõem chegar até nós.

Nem técnica, nem sabedoria erudita me definem, A música corre, desenvolve-se e entra pelos ouvidos, chega à mente, desta ao coração e à pele que se arrepia... As emoções acontecem de forma irresistível, fazendo-me gostar e permanecer atento, tentando descobrir no silêncio da escuta, as sonoridades abstractas que me abraçam, como se falassem dos diferentes sons da natureza e da humanidade.
Assim me recreei escutando, com medo de parar o encantamento, com medo de que os pássaros fugissem que os riachos desaparecessem, que a vida deixasse de acontecer e ficasse novamente perdido nos ruídos da cidade.

DC


 

sexta-feira, 27 de setembro de 2013

A Mala..





....de uma viagem, que não se sabe acontecida, ou restando ali no vazio perdida somente como sinal de ida sem regresso.

Naquela mala pousada no carril, ficou a angústia de não saber, qual a sorte que escolheste, se mudar de lugar, para me esquecer, ou ir mais longe sem tempo de voltar.

Resta-me agora sacudir o ar do teu perfume, lavar o sabor dos teus lábios com a chuva que se avizinha, e deixar que o vento que ocorre leve dos meus pensamentos as memórias de ti.

Resta-me agora deixar minguar a tua presença no meu corpo, fugir da sombra dos teus passos, e esperar o entardecer que me aproximará novamente desse horizonte longínquo, de um outro mundo por conhecer.

DC

quinta-feira, 26 de setembro de 2013

IDADE DO OUTONO




PINTAMOS O OUTONO
DE CASTANHO,
QUANDO A IDADE
COMEÇA A FICAR”PRETA”,
INVERNAMOS NO SONO
E NA REALIDADE,
COMO QUEM VEGETA.

FUGIMOS RECUANDO
QUANDO DEVÍAMOS
AVANÇAR,
ENCONTRANDO
UMA OUTRA RAZÃO
UM OUTRO LUGAR.

TER PROVECTA IDADE,
NÃO É O FIM DE UNS IDIOTAS,
É UMA OUTRA FORMA
DE ESTAR NO MUNDO
ONDE NO FUNDO, NO FUNDO
SE ABREM OUTRAS PORTAS

DC

terça-feira, 24 de setembro de 2013

AO mergulhar..




.... meu corpo nas águas, fugia da estreiteza da terra, Eu queria lavar, apagar a violência da tua posse, e a mágoa de sentir, ainda em mim, as marcas da tua passagem.

Olho o espelho irregular que me reflecte e não me reconheço, perdi meu rosto, desde que te vivera em mim, Restava a forma, o volume, a aparência de quem fora, Por dentro só a dor correndo no sangue, no ciclo infinito enquanto vida.

Serei mais uma caso de estatística, que não afastará teu cheiro, a pressão dos teus lábios sobre os meus, o peso do teu corpo e as tuas mãos imperiosas explorando e arrancando-me a roupa.

Odiei-te no primeiro momento por descobrires a minha fraqueza, enlouqueci de prazer e desejo quando me tomaste em pleno, tornei-me submissa, e acabei envergonhada pela cedência.

Lavo-me agora despindo-te da minha pele, liberto-me de ti, e afundo-me lentamente na água fria onde me deixo escorregar bem fundo na procura da paz que me roubaste.

DC