Tenho tanto para dizer
E nada sai da garganta
Sei que diga o que disser
Se a tristeza é tanta
Nada vai resolver.
É o riso que não se repete
O abraço que desaparece
A ternura que não acontece
Toda uma perda que surgia
Da noite para o dia.
Como marca do tempo
Ficam as suas imagens
Contando toda a sua história
De laços que não se apagam
No registo da nossa memória.
DC
terça-feira, 21 de outubro de 2014
TENHO TANTO PARA DIZER
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Foto. Diamantino Carvalho - Viana do Castelo
segunda-feira, 20 de outubro de 2014
SErá uma TRETA
A conversa que surge desprovida de imagem, tem voz, como os livros tem letras que constroem palavras e estas frases, Se despida da emoção é um conjunto de ruídos, que se constroem. Em termos abstractos, não existo, sou uma voz perdida algures numa das estradas da comunicação. Existo como componente para justificar a existência dos aparelhos de comunicação e para servir de justificação à sua aplicação. Sirvo para provar que quando se quer podemos acrescentar conhecimento, quando não, somos elemento de prova.
DC
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Foto. Diamantino Carvalho
quinta-feira, 16 de outubro de 2014
Um retrato "à la minuta", cheio de saudade
Só, tombado no chão na hora de ir. Só, cansado e já sem sorrir, mas sereno como se partisse, com o dever cumprido. Só, por fatalidade aconteceu, não como muitos da sua idade macerados pela vida dura que lhes foi imposta e se perderam na solidão.
Foste, irmão, sem que te tivesse dado o último abraço, sem que voltasse a sorrir, com as tuas falas de convicção e afirmações revolucionárias, na defesa intransigente da justiça de uma sociedade para com o seu povo.
Partes deixando esta Pátria que tanto amavas e o seu povo pelo qual sempre guerreavas. Foste sempre vermelho de sangue, de alma, de partido, “Ninguém me muda”, dizias tu para quem quisesse, "não cederias!" A luta dentro da tua Pátria já te dera um 25 de Abril, porque não um futuro onde se não morresse só, mesmo que por mero infortúnio.
A tua infância foi dura, como era naquele tempo em que a viveste. Cedo aprendeste a profissão de fotógrafo, que te acompanhou ao longo da vida e com ela foste fixando nesse suporte visual toda uma história da luta política, e de todas os momentos em que dentro da família estavas presente.
Milhares de fotografias arrumadas e arquivadas contam histórias deste Portugal que sentias novamente amordaçado. Das suas manifes, das suas lutas nos sindicatos, nas ruas, no antes e depois de Abril. Todas elas contando a história de defesa das conquistas democráticas, nas lutas nas empresas, com greves, paralisações e suas duras incertezas.
Tua vida derradeira, teve a luta como bandeira por um mundo mais justo em favor dos mais desfavorecidos. Querias um país com maior igualdade entre o seu povo, no acesso à qualidade de vida, ao ensino, à saúde e à justiça social.
No teu caixão, SÓ podia estar a foice dos ceifeiros e o martelo do operário, sobre o pano vermelho símbolo da luta que servias sem jornas ou salário.
Toda essa tua dedicação, mais extremada, nos últimos anos da tua vida, de participação activa com o teu trabalho sindical e partidário, não impediu fosses arranjando algum espaço para a família e mostrares o teu carinho, aos irmãos, aos sobrinhos, à tua companheira de longa data e a todos os parentes mais chegados, aos companheiros e amigos. Gostavas de participar e conviver, em especial nas nossas festas de família, com a tua gula simpática apreciando todos os sabores, e com tua disponibilidade, para ajudares, nas tarefas que te solicitavam. Convivemos toda uma vida partilhando dificuldades e estórias algumas bem divertidas. Como quando brincávamos com os banhos de água de colónia, que sempre davas na roupa que vestias e que funcionava como tua imagem de marca.
Ficamos presos aos momentos que se ligam pelo fio do passado e que irão restar como presença, nas datas mais significativas, desta revolução de Abril adiada, e nas datas festivas da família onde a tua presença se fazia sentir. Esta foi a última viagem que não te acompanhei, com aquela nossa lengalenga, sobre a política e família, a caminho de Viana Castelo, para mais um Natal, uma Páscoa, ou para o festejo dum qualquer dia.
Deixas a mágoa da partida, como sempre nesta hora difícil de perda, ficamos com a sensação de que não fizemos tudo para vivermos as nossas lutas comuns e os momentos de lazer.
Ainda agora partiste e já a saudade se instalou nas entranhas e restará para todo o sempre como impressão digital na minha vida.
12/OUT2014
DC
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Foto: do Facebook
quinta-feira, 9 de outubro de 2014
Temos direito ao sonho
Temos direito ao sonho,
a realizar os desejos,
a distribuir abraços e beijos,
de ser ombro,
de ser parceiro,
companheiro,
amigo,
de ser humano,
ser alguém em primeiro.
Ser livre nas decisões,
na liberdade,
nas emoções,
sem escolha de tempo e espaço,
aproveitando ao segundo
até os momentos a sós,
como se no mundo,
só existíssemos nós.
É flagrante necessidade
aprender esta realidade,
para fugirmos ao "fado"
e à palavra saudade.
DC
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terça-feira, 7 de outubro de 2014
Oh.. LUAAaa
sobre as ruínas ...renasce a vida |
Oh..surgiste tão depressa como breve desististe, como a lua que repete os seus ciclos, em formatos diferentes, só duras trinta dias?! És a Lua Nova quando te escondes dentro da carapaça; a Lua em Quarto Crescente quando do teu regresso nas tardes e te acompanha na diversão da noite; Adoras a Lua Cheia da fantasia, do lobisomem e dos namorados sem sono, e rejubilas com a Lua em Quarto Minguante, preparando o teu nascer do dia. Em teus ciclos deixas o comum de ti, o cheiro do teu corpo e do teu perfume, o sorriso leve, a alegria do teu sonho, os sons da tua voz e uma nostalgia que se prolonga no desenrolar do dia e a urgência de um novo ciclo.
Todos os dias olho o céu, para saber de que lua te vais vestir, na esperança de que o ciclo se volte a repetir e desta vez não vás desistir.
DC
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segunda-feira, 6 de outubro de 2014
Sem a água da alegria...
Como se já nos tivéssemos envelhecido (?), pela realidade de outros tempos bem atrás, esgotados deixamos correr as rotinas, que nos foram dominando devagar, lentamente, em pezinhos lã. Agora olhamos fazendo o caminho ao contrário e vemos como fomos calcando em cada dia que corria, tudo aquilo que deveria ser importante em cada momento, em benefício das futilidades que iam surgindo. A frontalidade, o debulhar dos pensamentos e fantasmas, entre nós foi escasseando, a materialidade das coisas sobrepôs-se ao espírito, ao prazer das emoções, na realidade deixamo-nos secundar, pela luta de egos e pela censura mútua.
Seria tanto mais belo, que não aplicássemos as palavras certas na hora certa, mas nos deixássemos levar pela a aventura do crescer. Que deixássemos a incerteza do vocabulário, e agarrássemos as emoções, mesmo que intermitentes, mas saídas de dentro como se respirássemos, como a troca de beijos, da pele na pele, das ternuras e os murmúrios entre elas, como se fossem um dicionário de ajuda para construir algo profundo e duradouro.
Sei que vais-me gozar, rir de gargalhada quando leres o que aqui está, porque te parece uma contradição, escrever desta forma dizendo que as palavras nem sempre fazem sentido. Ri sim, mas acredita, que se o faço é precisamente um desabafo de pretensão intelectual, preferia não fazê-lo e apenas sentir e conseguir expressar o que está bem mais fundo dentro de mim e tu pudesse manifestar todos os dias, do acordar ao deitar, por gestos e atitudes, o quanto és importante e saber-me correspondido.
Hoje, num Julho submerso na incerteza do verão, sei que a solidão se instala não de fora para dentro, mas de dentro para fora. Ela seca tudo, como num deserto, perdendo-se o húmus da riqueza da partilha, sem a água da alegria que trazia o brilho nos olhos, agora baços, sem resposta ao estímulo das emoções.
dc
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Foto:Diamantino Carvalho
domingo, 5 de outubro de 2014
INGENUIDADE...talvez
No olhar subtil do gato
Estamos nós reflectidos
Olhamos como presa o seu recato
Até que acabamos comidos
DC
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Foto: Interne
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